Julgamento

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(História contada na visão do Tessera)

Depois da morte de um exército inteiro a minha existência causou cada vez mais medo, uma cidade inteira de luto e seu líder preocupado em salvar sua própria cabeça, seu medo o fez procurar ajuda com outros nobres líderes de grandes cidades, espalhando o pânico que eu costumo causar, então vários líderes se reuniram e buscaram uma forma de me aprisionar e me matar, mas como se mata uma sombra? Durante a reunião um dos nobres revelou saber o meu verdadeiro nome, estava em um documento antigo, da época em que trabalhei como herói, o relatório constava o meu nome, o vilarejo de onde vim, meu nome de herói e também o relatório de missões que constava até mesmo a última missão, a qual matei um herói pela primeira vez.

Desta reunião surgiu um plano diabólico para me aprisionar, acreditavam que uma jovem heroína com poderes de luz poderia cuidar desta parte, seus poderes criavam equipamentos de luz como armaduras, armamentos, algemas, correntes e tudo o que puder utilizar, mas a durabilidade dependia da sua capacidade física e mental. Com todas as informações sobre mim e uma forma de me imobilizar só faltava uma isca, essa sendo a parte mais insana e imoral do plano, a parte onde invadem e queimam tudo e todos de um pequeno vilarejo próximo de uma floresta. A notícia se espalhou rapidamente, as pessoas comentavam que o vilarejo lar de demônios foi totalmente destruído, não sobrando ninguém.

Após ver a notícia em um jornal fiquei incrédulo, não era possível tamanha crueldade vinda de nobres contra sua própria população, sabendo como eles são eu não podia duvidar do que mostrava, mas precisava ver com meus olhos. Quando cheguei no vilarejo dava para sentir o clima de morte e sofrimento, talvez eu fosse mais sensível para essas coisas, estava tudo em cinzas, os corpos dos moradores carbonizados, alguns dava para sentir o desespero, suas posições entregavam suas tentativas desesperadas de sobreviver, mas infelizmente não sobrou nada. Saí rapidamente dali e fui procurar um último lugar, talvez não estivesse tudo destruído, alguns lugares são escondidos o bastante, aquela parte da floresta não estava destruída, as chances de terem encontrado era baixa, até que finalmente cheguei em casa.

A minha casa estava lá… em cinzas, não dá para dizer que sobrou alguma coisa, estava tudo aos pedaços, pior do que as casas do vilarejo, corri para dentro dela, talvez ela tenha fugido a tempo, ela passava o dia fora de casa cuidando do terreno, fugir era fácil com a rotina dela, pensei tudo isso em milésimos de segundo enquanto procurava qualquer sinal do corpo dela, as lágrimas em meus olhos estavam me atrapalhando, meu desespero não me deixava concentrar, mas comecei a sentir esperança, ela era uma mulher de sorte, provavelmente ganhou mais uma na sorte, até que entrei no seu quarto e vi um corpo carbonizado no chão, estava segurando um porta retratos, ela estava olhando nossa foto.

Naquele momento o chão tremeu, tudo se escureceu, uma enorme nuvem negra cobriu todo o céu sobre o vilarejo, aquele lugar foi tomado por uma noite eterna de dor e sofrimento, nada ali teria vida novamente, o nascimento da Vila da Noite. Me ajoelhei diante do corpo dela, peguei o porta retrato que ela protegeu com sua vida, eu não sabia o que fazer com tanto ódio, só pensava em acabar com tudo, em descontar tudo, em liberar tudo, então eu fiz, soltei tudo que havia dentro de mim naquele momento, mas foi muita coisa para meu corpo aguentar, apenas consegui gritar: "POR QUÊ?!!! ELA SEQUER LEMBRAVA, ELA NÃO LEMBRAVA DE MIM E AGORA ESTÁ MORTA!!!"... E minha visão se escureceu e fiquei largado ao lado dela.

Quando acordei estava tudo barulhento, eu estava acorrentado, o lugar parecia o salão principal de um castelo, haviam heróis e nobres ao redor, e um nobre bem familiar na frente, junto do líder da cidade, as correntes eram brilhantes e queimavam um pouco, eu poderia quebrá-las naquele momento, mas não estava com a cabeça no lugar, não conseguia pensar em nada além do que vi, nada além da minha casa em ruínas.

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