O milharal

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(História contada na visão de Mulang)

A ausência de uma autoridade deixou o reino sombrio em desordem, todo o purgatório se tornou uma zona de guerra, todas as criaturas que se sentiam confiantes para tomar o poder entravam em batalha. Uma batalha sanguinária para tomar o trono de Tessera. Se essas batalhas se mantivessem apenas no purgatório seria tudo mais fácil, mas as criaturas começaram a escapar, trazendo o caos para o mundo.

A desordem já deixou várias vítimas, várias vilas  foram destruídas, vários inocentes mortos de forma brutal, tudo já passava dos limites. Fui ao mundo dos mortais para verificar como estavam seguindo suas vidas. Cheguei  até uma floresta que estava próxima de uma pequena vila de camponeses, pessoas humildes e inocentes. Estava tudo estranhamente silencioso, quase dava para escutar meus próprios batimentos.

Caminhei lentamente procurando por algo que fosse anormal, mas não achei nada relevante. Apenas uma sensação ruim pairava pelo ar, era um pouco sufocante e apertava o peito, mas algo fácil de lidar. Ao redor escutei passos profundos e pesados, não dava para ver o que estava se aproximando, até uma perna sombria e bastante longa passar bem na minha frente. A criatura passou sem me notar, estava focada em algum objetivo, ou apenas seu tamanho exorbitante que dificultava sua visão. Com sua aparência alta e magra, a criatura se camuflava dentre as árvores, se tornar uma vítima dela era fácil.

Ela tinha apenas um olho onde naturalmente seria o rosto, como um ciclope. Comecei a me aproximar devagar por trás  do monstro, sacando a espada com calma para não fazer barulho. Com seu andar lento ficou fácil se aproximar, pouco a pouco fui chegando mais perto, com uma posição de ataque perfeita eu posicionei a espada, mas no momento em que fui atacar, senti uma pancada, como se uma enorme rocha me acertasse com força. Fui lançado para trás de alguns arbustos, fiquei estonteado, mas rapidamente me recuperei. Ao olhar dentre as folhas, notei que surgiram mais criaturas, dessa vez uma bem musculosa e com vários olhos espalhados pelo corpo. O novo monstro era como uma máquina de luta, defesa e ataque altos, difícil de lidar, mas todos têm uma fraqueza, sempre tem.

Escondido por trás dos arbustos notei uma boa oportunidade para pensar em uma forma de atacar me mantendo fora da visão dos monstros, agora que eles sabiam da minha presença, tudo ficaria mais complicado. Com uma pedra atraí a atenção deles para o lado oposto a mim. A névoa do paraíso que invoquei me rodeava e se espalhava ao redor dos monstros, com a visão prejudicada me surgiu a oportunidade de atacar. Com a katana lancei um ataque de corte luminoso no mais alto. Ele não conseguiu desviar do ataque a tempo, tendo seu corpo cortado ao meio.

O outro monstro me encontrou durante o ataque e investiu com um soco de direita, mas como eu já estava esperando, consegui desviar e contra atacar, cortando o braço fora. O chão sujo com sangue já estava escorregando um pouco. Com um ataque de fúria, o monstro me golpeou com o braço que restou, então utilizei as pétalas douradas do paraíso para me transportar para trás da criatura, desviando do golpe. Naquele curto espaço de tempo encontrei uma abertura, golpeei com um corte diagonal e parti o monstro em duas partes. Finalmente acabou, mas foi apenas o que eu achava.

O ambiente se tornou pesado, uma sensação de perigo constante pairava no ar. Várias criaturas começaram a surgir das sombras, muitos dos ciclopes altos e monstros musculosos como golens de pedra, mas havia um extra, criaturas voadoras como morcegos, se fossem sedentas por sangue seria um problema. Todos os monstros pareciam focados e andavam lentamente para uma mesma direção, era estranho ver eles agindo dessa forma, como se estivessem hipnotizados. Segui pela direção que eles estavam indo, uma tragédia estava para acontecer, pois era a direção que levava a uma vila de camponeses, que nem imaginavam o perigo que estavam correndo.

As criaturas começaram a chegar, ficavam espreitando nas sombras, esperando o momento perfeito para atacar. Provavelmente já era tarde para evacuar a vila, mas não custava tentar. Fui em busca do líder da vila, uma tentativa desesperada de alertá-los do perigo, mas estavam desacreditados, pois nada nunca acontecia naquela vila pacífica.

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