Lembranças sombrias

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(História contada na visão de Tessera)

O purgatório estava totalmente inquieto com a minha ausência, o caos tomando conta de tudo, as criaturas inquietas e agressivas, as almas se rebelando em busca da maior autoridade, tudo estava se fazendo aos pedaços, ruindo a cada batalha travada, sem alguém para manter o controle de tudo, possivelmente o purgatório deixaria de existir e as sombras vagariam pelo mundo, trazendo a destruição para toda a vida, então eu precisava me apressar ao máximo para evitar maiores catástrofes.

Oguy me guiou até uma área mais afastada de conflitos, um lugar mais escuro e sem vida, era um lugar onde viviam os esquecidos, torturados por uma solidão eterna que aumentava constantemente até que não restasse qualquer resquício de almas. Nos sentamos pelo chão gelado e Oguy começou a me orientar, contou que as sombras dentro de mim sempre tiveram o poder de escolha, elas vinham de forças antigas que existiam desde o começo dos tempos, corrompendo e manipulando seus hospedeiros, então foi preciso forçar um controle mental para fortalecer os hospedeiros, evitando que suas mentes morressem pelo controle sombrio, uma batalha era travada dentro da mente do hospedeiro, onde sua alma e suas sombras entravam em conflito e lutavam para subjugar um ao outro, o vencedor tomava o controle total.

Oguy: Para começar você precisa ter bastante concentração! - falou enquanto se posicionava em uma posição de meditação - Ao entrar em sua própria mente, vai precisar encontrar a fonte da sua sombra e subjugá-la!

Tessera: Falando assim parece fácil! - comentou se posicionando em posição de meditação - Mas deve ter algo por trás!

Oguy: Realmente tem, mas é algo que você vai descobrir sozinho e vai resolver sozinho!

Tessera: Ok, vamos começar, o que preciso fazer?

Oguy: Apenas respire fundo e busque dentro de si uma entrada, quando estiver bem lá no fundo, vai conseguir entrar na sua mente de uma forma que nunca fez antes!

Tessera: E aqui fora, o que vai acontecer!

Oguy: Vai ser como se estivesse dormindo, então vou proteger seu corpo indefeso, agora se concentre!

Respirei fundo e comecei a relaxar o meu corpo, a cada inspiração eu me concentrava mais, a cada expiração meu corpo relaxava e eu ia cada vez mais fundo, meus sentidos começaram a ficar confusos, o ambiente parecia mudar, senti que estava caindo bem devagar, como se afundasse no meio do oceano, estava calmo, muito calmo, abaixo de mim havia uma porta, tentei nadar até ela, fazer qualquer coisa para alcançar, mas nada funcionou, então apenas esperei, descendo lentamente até sentir a maçaneta em minha mão.

Estava tudo escuro, tentei me mover e comecei a me levantar, escutei uma voz falando "boa sorte" e então acordei. Era de manhã, o Sol estava entrando pela janela, estava em uma posição bem confortável em minha cama, meu travesseiro bem macio, estava tudo bem calmo, olhei em volta, meu quarto estava bem arrumado, do jeito que eu me lembrava, olhei pela janela o céu azul, as árvores com suas folhas balançando ao vento e os pássaros cantando, me questionei o porquê estava ali, mas não estava tão preocupado, eu me senti bem depois de tanto tempo.

Comecei a vasculhar minhas coisas, verifiquei se estava tudo como eu deixei, realmente estava, depois de tanto tempo, ainda estava tudo intacto, me arrumei para sair e uma voz familiar me chamou, senti um aperto no peito, aquela voz que me acalmava e que me deixou com muitas saudades, minha mãe me chamava para tomar o café da manhã, torradas, ovos e um café quentinho, eu não poderia querer nada além daquilo, ao abrir a porta eu pude ver seu rosto, ela estava viva e saudável, mal consegui acreditar no que estava vendo.

Tessera: Mãe?!

Mãe: Oi, meu filho! - respondeu arrumando os pratos na mesa - Venha comer antes que esfrie!

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