Fecho a porta do quarto lentamente tentando não fazer nenhum barulho, escuto o silêncio após a televisão da sala ser desligada e os sons dos passos atravessando para o final do corredor.
Solto o ar preso quando percebo que eles tinham ido dormir e coloco um moletom já que estava frio de madrugada. Pego minha mochila e a jogo pela janela, passando também em seguida.
Do lado de fora fecho o vidro e ponho a mochila nas costas, indo direto para casa ao lado. Bato três vezes na janela e minha vizinha de doze anos abre, sorrindo pra mim.
- Trouxe? - ela pergunta sapeca e eu rio baixo, a garota nasceu com espírito capitalista.
- É claro. - respondo sussurrando e entrego a ela uma nota de cinco mil wons. - Lembra que é mensal, né?
- Não esqueceria. - fala olhando a nota pra ver se era real, sério, as crianças de hoje em dia são tão desconfiadas assim mesmo? - Vou buscar, só um minuto.
Junto minhas mãos na boca e sopro, tentando deixá-las mais quente.
- Aqui, - sorrio ao pegar meu equipamento. - é sempre bom fazer negócios com você.
E então a garota fecha a janela e a cortina, sem nem se despedir. Suspiro pesado, até ela me ignora completamente, mas crianças são assim - pelo menos é o que eu acho -.
Dou uma última olhada na casa e resolvo sair quando me convenço que eles não acordaram. O primeiro passo agora era correr, assim já chegaria aquecida e pronta pra começar meu treinamento.
Depois de dez minutos num ritmo consideravelmente rápido, chego na faculdade e retiro minha garrafa d'água da bolsa bebendo bastante. Fico alguns segundos namorando aquele enorme dormitório, queria poder sair daquela casa e ficar aqui junto de outros alunos, mas eles dão prioridade pros que moram longe daqui.
Chacoalho a cabeça tirando esses pensamentos da mente, nunca fui de ficar apenas imaginando e esperando que um milagre aconteça; tudo o que conquistei foi fruto do meu esforço e insistência naquilo que queria.
A faculdade de esportes era enorme, mas eles não permitiam treinamentos fora do horário estipulado. Então minha única solução era treinar escondido num parque que tinha atrás.
Eu tinha que praticar de madrugada já que aqui com meu técnico só podia ficar de manhã até metade da tarde, pois ia trabalhar depois até às onze da noite. Ou seja, eu tinha menos tempo do que os outros alunos que passavam praticamente o dia todo e ainda por cima, moravam aqui.
Chegando no parque deserto coloco minha mochila e meu equipamento num banco, movimento o corpo aquecendo-o e dou atenção principalmente pra minha parte superior que é a mais importante para atiradores com arco.
Abro a grande capa do arco e o pego junto com as flechas, colocando-as dentro da aljava* e passando o cinto pela minha cintura. Decido não colocar o resto dos adereços e me preparo no meio do pequeno parque, pego uma flecha e a encaixo no arco; puxo a corda até estar próxima de minha bochecha e miro numa árvore.
O vento gelado sopra me causando um arrepio e atiro, mas no mesmo segundo algo bate na minha cabeça, fazendo a flecha se perder no meio das árvores.
Passo a mão na cabeça sentindo dor e viro pra trás, vendo uma pequena bola agora no chão. Escuto alguns passos e três garotos se aproximam rindo desconcertados, os encaro irritada.
- Foi mal! - um deles diz.
- Acertou em cheio, hein. - o outro coça a cabeça, dando um sorriso desleixado. - Está bem?
Pego a bola do chão e rio soprado, é claro que seria deles.
- Pode devolver?
Reconheço o último garoto e o encaro de semblante fechado. Era Kim Seungmin, o Ás da equipe de beisebol, apesar de eu não ter nada contra ele, esse acontecimento me deixou muito irritada.
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The Ace of Love | Kim Seungmin |
FanfictionE se um incidente mudasse a sua vida por completo? Poder se juntar ao time de tiro com arco nas Olimpíadas para representar a Coréia do Sul sempre foi o sonho de Hanni. A garota, conhecida por ser um verdadeiro Ás em seu esporte favorito, se dedica...