10》Posso ser suas muletas?

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Seungmin percebeu que eu não queria tocar nesse assunto, então saiu da sala me deixando sozinha. Espero que ele não pense que não confio nele, mas me preocupa o jeito que me encarava há alguns segundos.

Brinco com meus próprios dedos de modo desconcertante, mordo minha boca pelo nervosismo e vejo de canto de olho ele se sentando novamente ao meu lado.

— Deixe eu ver. - levanto o rosto e percebo a pequena caixa de primeiros socorros aberta. — Tudo bem não querer falar sobre isso, você nunca me forçou a dizer algo sobre a minha lesão e eu também não te forçarei com nada. - Seungmin pede licença e ergue a manga da minha blusa, passando uma pomada nos machucados. — Mas quando precisar, seu amigo tá aqui.

— Eu quero contar, - engulo seco e abaixo a cabeça novamente. — mas é muito humilhante pra mim.

— Tudo tem seu tempo. - ele passa uma gaze pelo braço já que um curativo seria pequeno demais, logo já estava fazendo a mesma coisa do outro lado. — Sempre que precisar fugir de algum lugar, pode vir pra cá.

— Obrigada. - sorrio fechado e tentava segurar as lágrimas, não gosto de chorar na frente dos outros.

— Prontinho. - ele termina e me olha. — Tem mais algum lugar machucado?

— Aqui. - estendo minhas mãos e Seungmin as segura delicadamente, pude notar sua expressão, parecia ter ficado triste.

— Sabe, - ele começa a limpar e a passar os remédios, fazendo o mesmo curativo em ambas. — as mãos são a parte mais importante pra um arqueiro, por favor, não se machuque mais. Em nenhum lugar.

Balanço a cabeça afirmando.

— Eu nunca tive a intenção de me machucar, - digo mesmo sabendo que ele não pediria uma explicação. — só queria que a raiva passasse.

— Vou ser hipócrita agora e dizer que não importa quanta raiva tenha dentro de você, se machucar nunca é a melhor resposta pra isso.

— Mas por que diz isso? - questiono confusa.

Ele não fala nada e solta minha mão que já estava com o curativo, então o garoto encosta as costas na parte debaixo do sofá já que estávamos sentados no chão.

— Quando recebi a notícia de que não poderia mais jogar beisebol, comecei a socar a parede forte várias vezes… eu tava com tanta raiva e tão triste, nunca havia sentido aquilo em mim antes. - Seungmin fecha os olhos, acho que estava revivendo o momento. — Só queria poder me livrar de toda mágoa e de toda dor, mas acabei apenas criando mais sofrimento pra mim e pra minha família.

— Sinto muito. - murmuro e me encosto também, ficando ao seu lado. — Não consigo nem imaginar o que você tá passando, queria poder ajudar de alguma forma.

— Já ajuda quando me mostra o péssimo gosto que tem pra filmes. - ele ri e vira o rosto pra mim. — Às vezes a gente só precisa mesmo de uma pessoa do nosso lado, sem questionar nada… foi o que você me disse no campo de beisebol, depois daquele dia isso não saiu da minha cabeça. Então dessa vez, eu vou ser essa pessoa que você precisa.

Sorrio e bagunço seu cabelo, recebendo um resmungo vindo dele.

— Obrigada pelo apoio, sabe o que eu penso? - pergunto e ele nega. — Acho que nos encontramos no momento certo, nós podemos ser as muletas um do outro.

— Aigoo, tava tão fofo o jeito que falava… mas muletas? Sério? - ele faz careta e eu rio.

— Yáh, não gosta disso? - "nem um pouco", é o que ele diz rindo. — Mas as muletas servem pra dar apoio e não nos deixar cair… Então eu te prometo Seungmin, - estico meu dedo mindinho e ele entrelaça mesmo sem entender. — que serei sua muleta e irei te proteger de todas as quedas que tomar daqui em diante.

The Ace of Love | Kim Seungmin |Onde histórias criam vida. Descubra agora