32》Não sou digna?

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Acordo zonza e me remexo na cama, tateei o colchão mesmo que não soubesse o porquê, mas faço uma careta ao sentir dores por todo meu corpo. E então me lembro de tudo o que aconteceu, toda a humilhação e como fui agredida mais uma vez.

E sobre o pai de Jeongin.

Queria poder esquecer isso, fingir que nunca escutei as palavras que saíram da boca daquela mulher. Sem fazer ideia de que isso é verdade ou não, pois sei o que ela faria para me ver cair. Suas mentiras sempre estiveram presentes, seu jeito agressivo e manipulador; poderia muito bem mentir novamente apenas para me fazer mal. Afinal, é tudo o que ela mais sabe fazer.

— Hanni! - me viro ainda tonta ao escutar alguém me chamar, percebo que era Seungmin. — Innie, chame o médico, por favor.

Ouço passos e a porta se abrindo e fechando, agora olho para mim. Estava com roupa de hospital num quarto pequeno branco, um soro conectado em meu braço; provavelmente com diversos curativos também.

— Você não sabe o quão preocupado eu fiquei. - ele diz com a voz embargada, mas não consigo responder nada. Minha boca estava muito seca e eu muito fraca. — Vim o mais rápido possível assim que soube, quando te vi naquele estado… nesse estado… eu não… eu… - o garoto engole seco.

Dou um pequeno sorriso mostrando que entendia tudo o que ele tentava me dizer, Seungmin aperta levemente minha mão que eu nem havia notado que segurava e o vejo chorar.

— Eu deveria estar lá com você. - Minnie diz em meio as lágrimas. — Deveria ter insistido mais e te levado em casa… Não! Deveria ter te obrigado a morar comigo, ter te prendido no apartamento.

Um riso baixo sai de meus lábios e eu apenas o encaro, ergo com dificuldade a mão livre fazendo um sinal para que o garoto se aproximasse mais de mim.

— Foi culpa minha. - Seungmin sussurra agora próximo ao meu rosto e eu seco suas lágrimas. — Me desculpa, não podia ter te deixado ir sozinha.

Nego balançando a cabeça e acaricio sua bochecha, escuto novamente a porta e vejo o doutor chegando junto de Jeongin. Minnie se afasta de mim, deixando que o homem faça seu trabalho.

— Yang Hanni. - ele olha a prancheta se aproximando. — Você não teve ferimentos graves, fizemos alguns exames que constataram tudo certo. Colocamos você no soro por estar um pouco desidratada e pelo desmaio causado pelo choque… Ficará mais alguns dias aqui para monitorarmos você e tomará alguns remédios. 

Fico aliava pelo menos ao saber que nada de pior aconteceu comigo, meu corpo aparentava estar bem… Se eu tivesse me lesionado ao ponto de não poder mais fazer tiro com arco, não sei nem o que seria de mim.

— Obrigado, doutor. - Jeongin agradece e finalmente o vejo, também tinha um semblante abatido.

— Descanse bastante, - o médico checa o soro. — os remédios te darão muito sono. Se precisar é só apertar o botão pra chamar as enfermeiras, voltarei uma vez por dia para vê-la. 

Novamente os dois agradecem e se curvam quando ele sai do quarto, em seguida uma enfermeira entra e sorri para nós.

— Hora do seu remédio, Hanni. 

Me ajeito melhor com a ajuda dela e de Seungmin, tomo o remédio e agradeço mentalmente por estar bebendo água. Ela sai em seguida e Minnie se senta na cadeira ao lado, segurando novamente minha mão.

— Ouviu o médico, descanse. Não vou sair do seu lado.

Sua voz doce aquece meu coração e esqueço por um momento o que tinha acontecido, sequer sabia quantas horas haviam se passado desde aquilo, mas não conseguiria perguntar de qualquer forma. Tento mexer minha perna, mas é em vão já que parecia pesar uma tonelada; ao contrário de meus braços, que estavam molengas e sem força.

Assim como me avisaram, minhas pálpebras pesam e sinto sono. Nem percebo quando adormeço.

[...]

Desperto com algumas vozes sussurrando e resolvo permanecer de olhos fechados, me sentia preguiçosa ao ponto de nem conseguir abri-los. 

— Então foi isso que aconteceu? - reconheço a primeira voz, Karina estava aqui. — Fiquei tão desesperada quando Yeji me ligou… nunca imaginei que isso pudesse acontecer, Hanni não merece nada disso.

— E eu, - alguém funga e depois de alguns segundos percebo ser Yeji. — nem sabia de nada. Pensei que Hanni tinha uma boa família, nunca demonstrou tristeza nos treinos, sempre estava feliz. Como eu fui uma idiota.

Finjo me remexer para pararem de falar. Todos ficam em silêncio e eu por fim "acordo", notando todos os olhares em cima de mim. Jeongin não estava mais aqui.

— Yáh, por que estão aqui? - resmungo baixo, minha voz ainda saia um pouco rouca.

— Por que mais seria, sua boba? - Yeji fala enquanto chora. — Ficamos preocupadas, como você está?

— Melhor, - faço uma careta. — com um pouco de dor ainda.

— Devo chamar alguém? - Seungmin pergunta aflito e eu nego. 

— E Innie? - franzo o cenho, pensei que meu amigo estaria aqui.

— Ele… foi tomar um ar. - Minnie diz, mas sua expressão não me convence.

— Está mentindo. - os três ficam calados, pareciam desconfortáveis. — O que aconteceu?

Seungmin suspira pesadamente e engole seco, me explicando em seguida:

— O pai do Jeongin pediu um teste de DNA, Hanni.

Suas palavras saem baixas e sinto meu coração se apertar, mordo minha boca pelo nervosismo e tomo coragem para perguntar:

— E o resultado?

Os segundos pareciam horas, o silêncio ensurdecedor do quarto me deixava mais angustiada ainda. Seungmin aparentava estar hesitante, mas mesmo assim responde:

— Deu positivo.

Solto o ar que nem notei ter preso e encaro o chão, as lágrimas se formam em meus olhos e me esforço para mantê-las no mesmo lugar. Afinal, ela não estava mentindo. Mais uma vez Yang Seo Jin me prendeu em suas garras, até quando essa mulher se prenderá a minha vida?

— E Jeongin? - ignoro a última frase, focando em meu amigo.

— Innie brigou com o senhor Joong. - ele entrelaça seu dedinho no meu e o olho, me sentindo a pessoa mais horrível do mundo. — Não pense coisas erradas, Hanni. Isso não foi sua culpa.

— Seungmin tá certo. - Karina dá a volta na cama, se aproximando de mim e acariciando meu cabelo. — Eles terão que se resolver, você só tem que focar na sua melhora.

— Vamos te ajudar, Hanni. - Yeji sorri fechado. — Um passo de cada vez, você vai se reerguer assim como todas as outras vezes que o fez.

Não sei como agir ou como pensar, escuto suas palavras mas nenhuma delas surtiu efeito em mim. É como se eu não conhecesse mais minha própria vida, meus sentimentos estão bagunçados, já não sei mais distingui-los. Pior do que isso é ter a sensação de que alguém os pegou e pisoteou com toda a raiva, jogando-os fora logo sem seguida.

Mas tudo muda quando vejo a porta do quarto se abrir, uma policial adentra e logo em seguida ele. Senhor Joong estava vestindo uma farda e sequer conseguia me encarar, era tão covarde que entrou de cabeça baixa, e isso me deixou ainda pior. Ele não me achava digna de sequer ser olhada nos olhos, como se eu não fosse nada.

Agora eu sei o que estou sentindo, é algo que nunca imaginei que outra pessoa pudesse me causar isso. Respiro fundo tentando controlar essa imensa vontade de falar tudo aquilo que tenho engasgado durante anos.

Raiva. É esse sentimento que apossa meu coração.

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Não esqueçam o votinho pra me deixar assim -> 😄❣

❤ Até o próximo capítulo ❤

The Ace of Love | Kim Seungmin |Onde histórias criam vida. Descubra agora