Você acabou de se mudar com o objetivo de dar continuidade à sua vida nesta cidade estranha. Quem diria que chamaria a atenção de um certo serzinho esquisito?
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arte de capa: @karma69247 no twitter
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Arte original do criador do John Doe! Foi postada em seu twitter, pra quem não viu <3
+ 1.100 palavras.
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Você e alguns amigos resolveram passar as férias em um acampamento. O lugar era perfeito pelas fotos na internet, mas pessoalmente era bem descuidado, principalmente o lago que não tinha nem 1% de azul e fedia muito. Mas apesar de alguns problemas vocês têm se divertido muito, mesmo em alguns dias de chuva. Vocês estavam sempre comendo besteiras, rindo, jogando jogos ou fazendo qualquer coisa juntos.
Só que, de uns tempos pra cá, algo começou a te incomodar, não só você, mas todo mundo notou as coisas estranhas que aconteciam sempre que você estava por perto.
A gota d'água foi quando "você" derrubou a caneca favorita de Oliver no chão e ele ficou extremamente chateado e irritado. Só que você tem certeza de que não foi você! A caneca estava caida nos seus pés e você quase se machucou, mas ninguém ligou e ninguém acreditou em você quando tentou se explicar.
Todo mundo estava antipático com você então você se afastou um pouco da cabana para passear e ouvir música na mata. Seria bom para acalmar a mente e revigorar a sua paciência.
Depois de algumas horas entre as árvores começou a ficar frio, frio demais pra ser confortável então você decide voltar pra cabana.
Ao chegar lá você não ouvia nada, nenhuma música na caixa de som, nenhuma voz... nem a lareira estava ligada sendo que a cabana parecia até mais fria do que lá fora. Onde estava todo mundo?
Ah não, eles não teriam pegado o carro e ido até a cidade pra comer pizza sem você, né? Mesmo com todos esses problemas eles não teriam te deixado sem te avisar, certo? Você sentia seus olhos queimarem, mas não queria chorar por mais magoado que estivesse.
Você suspira e vai até a lareira para pelo menos se livrar daquele frio, mas quando se aproxima você começa a sentir um cheiro absolutamente horroroso e quando você olha pra lareira toma um susto ao ver a cabeça se Elle meio enterrada cinzas. Sua expressão era de puro horror e ela estava quase irreconhecível. Você sente vontade de vomitar e lágrimas começam a escorrer por seu rosto sem parar. Você se apoia no sofá para não cair completamente no chão ao ver aquela cena.
Quem... por que?
ㅡ Elle... ㅡ você soluça, mas seu luto é interrompido quando você ouve um barulho alto vindo do corredor.
Você estremece e tem dificuldade de ficar de pé com todo o medo que estava sentindo, mas se tinha mais alguém naquela casa que pudesse machucar ou ser machucado você tinha que saber.
Devagar e em silêncio você se move pela cabana até chegar no corredor, havia uma trilha de sangue fresco no chão e nas paredes que levavam até o último quarto. Você insipira com a surpresa, não conseguindo conter sua respiração de desregular. Em passos leves você segue em frente, olhando para todas as frestas que apareciam. Você sentia olhares por todo lugar. Aquele corredor parecia uma trilha direta pro inferno e você sentia sua sanidade se esvaindo a cada paço que dava.
Quando você finalmente alcança a maçaneta e empurra a porta, suas pernas de repente não aguentam o peso do seu corpo. Você cai de joelhos vendo o quarto completamente escuro e vermelho, o corpo sem cabeça de Elle estava jogado em algum canto como se fosse um saco de lixo. Em cada parede tinha um pedacinho de Oliver. E no centro de tudo isso tinha uma figura escura que te olhava com um sorriso de orelha à orelha.
A figura se mexe até você que estava completamente congelado de medo.
ㅡ Meu amor! Voltou cedo. ㅡ a silhueta mascarada se aproxima com suas roupas rasgadas e manchadas de sangue. Na mão; um grande facão ㅡ Que pena que não consegui arrumar tudo antes de você chegar, mas estou muito feliz de te ver de volta.
A figura segura seu rosto com ambas as mãos de maneira delicada, nem parecia que aquelas mãos haviam matado duas pessoas minutos ou segundos antes.
ㅡ Você não parece feliz... o que é compreensível. ㅡ ele te abraça, você se sente tonto com o cheiro metálico do sangue ㅡ Sinto muito por você, a última vez que vocês se viram eles estavam bravos com você. E por culpa minha! ㅡ ele solta uma gargalhada e se afasta do abraço para poder te olhar ㅡ Mas não se preocupe, eu fiz questão de deixar claro que não foi você que quebrou aquela caneca, eles não estão mais bravos.
Ele segura o seu queixo com força e te beija, você não teria conseguido desviar daquilo nem se tivesse tentado, mas mesmo sem reação, você ainda se sente enojado.
ㅡ Agora que tal nos deitarmos no sofá e ligarmos a lareira? Você deve estar cansado. ㅡ ele se levanta e fica te olhando esperando que fizesse o mesmo.
Você apenas reúne forças para olhar pra ele e negar sutilmente com a cabeça e sussurando um baixo e trêmulo "não".
Ele apenas sorri e te puxa pelo braço com força o suficiente para quase deslocar o seu ombro, mas seu corpo estava tão pesado de angústia que continuou no chão.
ㅡ Você é tão preguiçoso. ㅡ ele então se abaixa e pega você no colo, vocês passam pelo corredor como se fossem um casal de recém casados passando entre os convidados emocionados.
Você só conseguia soluçar enquanto encarava as próprias mãos, nada, nem a cabeça endurecida de Elle te dava mais medo do que o rosto daquele sujeito.
Ele se sentou e deitou você no sofá, forçando sua cabeça a se deitar no colo dele. Você não viu escolha a não ser ficar ali o mais parado possível.
A figura acariciava a sua cabeça e os seus braços, mas era um carinho extremamente ameaçador, você sentia como se uma aranha mortal estivesse andando por você prestes a te picar e te matar com veneno.
Não restava um pingo se quer de sanidade em você.
Quem sabe... aquilo tudo seja uma pegadinha de sexta-feira 13. É... Oliver e Elle levaram tudo longe demais, mas em breve iria acabar.
Em breve eles iriam passar pelas portas chutando aqueles bonecos de papelão e argila que se pareciam com seus corpos mortos e dariam risada da sua cara.
Em breve...
Você pode tirar um cochilo, quando acordar estará tudo limpo e vocês três estarão jogando jogos de tabuleiro em frente à lareira.
Está tudo bem.
É só uma sexta-feira qualquer.
Enquanto pensava nisso, você finalmente se tranquiliza e dorme. John Doe te acha tão fofo dormindo quanto estando assustado.
