Vento e Fogo

Capítulo 2 - Os novatos

Depois do café, Alissa se despediu de Liv e levou Tina ao coordenador que entregou a ela seu novo horário de aulas e alguns papeis, ela fez uma tuor e mostrou em qual salas teria suas primeiras aulas. A escola se separava em cinco distritos, quatro para cada elemento vertente de magia e o quinto para conhecimento comum, sendo o maior de todos. Tina havia escolhido a especialização de água, então ela ficaria no segundo distrito.

O prédio principal, é uma construção grandiosa, sua fachada curva e orgânica é adornada com vitrais coloridos que retratam cenas de terra, ar, água e fogo em perfeita simetria, iluminando o interior com tons vibrantes durante o dia. Os pilares são esculpidos como troncos de árvores que se entrelaçam com vinhas e flores, enquanto detalhes metálicos dourados simbolizam chamas estilizadas, trazendo um toque de calor. No coração do edifício, há um grande átrio circular onde uma fonte central combina os elementos.

Os corredores são largos, com pisos de madeira polida e paredes decoradas com painéis interativos que exibem informações sobre os clubes e eventos. Cada andar é dedicado a um aspecto, o térreo e o segundo andar são voltado para estudos gerais não especializados em elementos, onde tem aulas de história, química, matemática e etc, enquanto o terceiro andar possui salas de conferência e espaços colaborativos, tanto quanto a sala de alguns clubes. O prédio também conta com jardins internos e áreas de descanso.

Elas primeiro passaram no prédio do distrito da Terra. Toda a escola tinha elementos naturais e decorações lúdicas, porém lá era reinforçado, com várias plantas, vasos vazios e itens de jardinagem. A vidraçaria não era colorida como no resto da escola e o teto era circular e de vidro, fazendo que aquela parte da construção fosse uma estufa.
A primavera se aproximava e era notável pelos inúmeros brotos de flores que se avistava.

- Vai ficar lindo quando as flores desabrocharem, só não recomendo passar por aqui caso tenha alergia ao pólen.

- Vou me lembrar disso - As duas riram, e Alissa sentia que Tina estava mais descontraída e animada depois do café.

No prédio do distrito ar, a maioria das janelas não tinham vidros e eram maiores, era muito comum que os alunos usassem correntes de ar para se locomoverem com mais facilidade e rapidez, eles basicamente podiam voar e planar usando o ar ao seu favor. Ao entrar, a primeira coisa que se nota é a brisa constante, e os objetos que flutuavam.

- Cuidado com a cabeça! - Alissa desvia de um livro que passava numa passagem de ar e puxa Tina consigo. As duas encaram objeto até ele sumir de vista.

- Como eles se organizam aqui?

- Acho que fica mais fácil conseguindo controlar as correntes de ar.

- É verdade...- Elas voltam a caminhar - E como eles manuseiam papel? Essa ventania deve dificultar usar papel, tudo deve sair voando.

- É uma boa pergunta... bom, acho que eles tem que ser mais cuidadosos... ou algo assim.

A decoração era a mais diferente do resto da escola, sendo um pouco mais rústica e com mesmo tendo elementos muito parecidos.
Os ornamentos tem formas curvas e sinuosas, lembrando redemoinhos, a paleta de cor era em sua maioria acobreada, e para dar um toque final, eles tinham muitas hélices e cata-ventos.

O prédio do fogo, na visão de Alissa, era o mais bonito, talvez por ser o seu próprio distrito. A estrutura possui linhas fortes e angulosas, refletindo a força e o domínio do fogo, as portas e janelas em detalhes geométricos em ouro. O chão tinha um mosaico que fazia a ilustração de um sol, algumas estatuas pareciam estar em fogo constante que não queimava e não apagava. Era definitivamente um lugar aconchegante, perdia apenas para a da terra.

E por último, com arquitetura fluida que imita ondas e formas ondulantes, o distrito tinha uma piscina interna que percorrem os corredores, criando um som relaxante e uma atmosfera fresca, enquanto luzes dançantes refletem padrões aquáticos em tons de azul e verde.

- Bom, acho que nos separamos aqui.

- Muito obrigada pela ajuda - Tina abraça Alissa. - Acho que consigo me virar daqui pra frente. - Ela gesticula com o pequeno mapa que ganhou do coordenador quando pegou seus horários.

Com a despedida de Tina e o mapa do distrito da água em suas mãos, Lissa respirou fundo, a partir dali sairia sozinha para a sua próprio começo.
Ao mostrar os arredores pra Tina ela relembrou o seu primeiro dia, a própria acabou se perdendo e chegou atrasada a uma das aulas, ela lembra de ter chorado o caminho todo até achar a sala de aula, agora ela lembra disso e acha engraçado. Ela também lembra da primeira vez que fez uma faísca com as próprias mãos. Antes dos 14 anos, as escolas focam apenas na parte teórica da magia e no ensino básico.

Antes de entrar na escola, é feito um teste para ver a familiaridade com os elementos, para que cada aluno seja encaminhado para o distrito correto, Alissa lembra de ficar tão nervosa, os avaliadores pareciam tão confusos e ao mesmo tempo agitados, mas no fim, deu tudo certo.

Chegando na sala de aula ela encontrou alguns alunos com quem ela estudou ano passado, só que para sua surpresa haveria um rosto não familiar, um rapaz alto com cabelos longos e pretos e estava conversando com outros garotos, ele era o único de pé, os outros estavam sentados ouvindo ele falar como se ele fosse o líder deles. Ela se aproxima de uma colega sua do ano passado.

- Quem é esse?

- Alexandre Bennett, ele é novato.

- Como assim novato?? E ele está na mesma classe que a gente? Não houve algum erro?

- Sabe como é gente rica, né?

De repente todo entusiasmo havia sido sugado de Alissa, a classe A fora justamente criada para os alunos que se destacavam e tinham exímias notas ao decorrer do ano, não havia como ele ser novato e da mesma classe que ela.

Enquanto isso, Alexandre deve ter percebido que a garota o observava e decidiu se aproximar com um grande sorriso no rosto enquanto arrumava o cabelo.

- Gostou do que viu? - A voz dele era baixa, mas carregava um tom provocador que a fez corar de raiva.

- Não. -Ela cruza os braços, mantendo o olhar firme- Você não deveria estar nesta classe, não estudou aqui ano passado.

O sorriso de Alexandre vacilou por um instante, mas ele logo o recuperou, inclinando a cabeça como se estivesse avaliando-a.

- Talvez você não saiba, mas tenho um talento natural para surpreender as pessoas.

- Ou apenas para quebrar as regras, saiba que não é bem vindo aqui. - respondeu ela, a voz cortante.

Os garotos com quem ele conversava começaram a rir, o fazendo aderir uma postura revoltosa.

- Quem você pensa que é?

-Alguém que merece estar aqui.

Logo quando ele ia abrir a boca para retrucá-la um professor chega na sala anunciando a sua presença. Todos tomam os seus assentos e o professor começa as aulas introdutórias.

- Gostaria de parabenizar a todos que estão aqui, realmente não me surpreende vê-los, porque já era esperado - Até ele bater o olho em Alexandre que, obviamente não deveria estar lá, ele faz uma cara surpresa e um pouco confusa ao mesmo tempo - Bom, pra quem não me conhece eu sou o professor Otho Beaverdan, e pra quem me conhece eu continuo sendo Otho Beaverdan.

O professor Otho se acha um piadista, o que claramente não é porque fazer a si próprio rir não é sinônimo de ser bom em piadas, apesar disso, é um bom professor e carismático.

Após a aula os alunos estavam todos se retirando e Alexandre se aproxima de Alissa e diz brevemente antes de sair andando depressa.

- Só avisando que você mexeu com a pessoa errada.

Ela dá de ombros, ela não tinha medo de riquinhos mimados, aliás, aquela escola estava cheio deles, ele era só mais um, o que a surpreende é ele ter conseguido passar por cima de um sistema tão rígido. "Que jeito de começar o ano" ela pensou.

Ela segue com o seu dia, que felizmente, foi mais confortante, o restante das aulas foram excelentes, e vários professores a parabenizaram. Ser aluno Classe A é realmente mais desafiador, mesmo sendo as primeiras aulas do ano, ela ja sentia diferença nas exigências e expectativas.