Capítulo 33 - Mesmo na primavera, nem tudo são flores.

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   Depois da semana letiva todos estavam tensos, alguns mais relaxados do que outros, o que era o caso dos membros do conselho, já que eram os alunos que tiravam as maiores notas e se sentiam confiantes depois de tudo. Alissa se tinha um cronograma de estudos e Alex montou um grupo com os seus amigos para revisarem, apesar de basicamente serem aulas dadas por ele, Rebecca participava do grupo de revisão de Alex e Sam... não se sabia muito sobre ele, mas a semana de provas não o incomodava.

   Em Lynchester tinha várias atividades, para ser feitas, e a cada época do ano era organizado um festival onde se arrecadava fundos pra projetos da escola e também se ganhava notoriedade tanto para o conselho tanto para a escola, os alunos se divertiam muito, e era uma excelente oportunidade para se distrair após os exames.

  Geralmente as atividades eram bem parecidas, mas cada ano o conselho gostava de inovar, as vezes na decoração ou fazer alguma atração diferente, e esse ano todos se esforçariam para que fosse melhor que o ano passado.

- Tá aqui a lista de flores que eu preciso.

- Entendi, vou ver com o restante do clube de jardinagem... vai querer pra quando mesmo?

- Daqui a duas semanas, só quero garantir que esteja tudo no conforme. - Alissa ia se virando mas se lembra de outro detalhe - Ah, tem como fazer tipo uma chuva de  pétalas durante o festival? Seria incrível.

- Não, não tem como ter flores infinitas pra ficar caindo pétalas sem parar durante todo o festival, tem como no máximo cobrir uma apresentação.

- Entendi... vou ver o que posso fazer com essa informação, obrigada Liv.

- Disponha

  Agora era só passar no clube de artes e perguntar se eles tinham mais ideias, Rebecca deu a excelente ideia de fazer arranjos com flores, o que já estava meio caminho andado, agora seria interessante fazer um brainstorm pra chegar na melhor ideia.

  Depois de virar alguns corredores Alissa se depara com Dante, que vai em direção a ela, que tenta fugir.

- Precisamos conversar.

- Ainda não tô pronta, você disse que esperaria.

- Já se passou muito tempo e eu preciso de respostas.

- Eu não pensei ainda no que falar.

- Você sequer pensou na situação? - ele a olha chateado esperando uma resposta, e depois suspira, ela não precisa falar nada pra saber o que aquilo significava - Eu não quero que você pense no que falar, eu quero que seja honesta.

  Eles se encaram quando outros alunos passam pelo corredor.

- Vamos para um lugar mais privado.

Então os dois se dirigem para uma sala de aula vazia, Alissa só queria sair dali correndo.

- Primeiro de tudo, o que aconteceu naquela semana?

- É pessoal.

- Eu não vou te cobrar uma resposta, mas eu gostaria que falasse comigo.

- Eu briguei com a Liv, só isso. - Ela desiste- Algo mais?

- Entendi... agora, por que você... por que fez aquilo?

  Por um segundo ela não entendeu a que ele se referia, mas depois ela se lembrou do beijo.

- Eu... fui impulsiva, eu não queria conversar, então pensei que aquilo fosse te distrair...

- oh... - ele parece bem decepcionado, e olha pro chão por um instante - bom, funcionou...

- Olha Dante, me desculpa, eu não...

- Eu não quero as suas desculpas.

- Eu sei o que eu fiz foi errado! Eu fui uma idiota... acontece que eu to meio confusa ainda.

- Ai você acha que é ok fazer o que der na telha?

- Não! Claro que não! - ela olha pra baixo, não sabendo o que fazer consigo mesma - Eu... não... não é que eu não goste de você, muito pelo contrário. Eu tava, não sei,  tentando deixar rolar, eu só acabei estragando tudo.

  Ele parece pensativo, é meio difícil imaginar o que ele esteja pensando.

- Você me deixa muito confuso, sabia?

- Eu imagino.

- Então... você queria... fazer aquilo?

- Eu... acho que sim...

- Você acha?

- Dante, por favor não faz isso comigo, eu tenho dificuldade pra entender meus próprios sentimentos. Geralmente eu só enfio a cara nos livros e finjo que nada aconteceu.

- Isso é um problema.

- Você acha que eu não sei?!

  Ele se aproxima dela lentamente, sua expressão mais suave, mais confortante.

- Eu me preocupo, isso pode fazer mal a você, e as pessoas que você gosta.

- Eu... quero mudar... mas é difícil.

- Eu entendo.

  Dante põe a mão em no ombro de Alissa que o encara por uns segundos, ela se sente perdida e meio confusa, mas acima de tudo, culpada, parece que falar sobre esses assuntos delicados abre a porta para coisas que ela esteve acumulando por tanto tempo saírem e se manifestarem, principalmente sentimentos que ela não queria que estivessem ali.

  E delicadamente Dante toma os lábios dela pra si, talvez pra ele, aquilo talvez traria uma resposta pra aquela conversa, pra todas suas perguntas. Já para Alissa, que retribui o beijo, era só mais um ato impulsivo, nada foi resolvido naquela conversa, mesmo sendo sobre o problema de impulsividade de Alissa.

  Os dois saíram da sala como se nada tivesse acontecido, ao menos era isso que Alissa pensava, e era assim que ela agia.

- Do que você precisa mesmo Alissa?

- Decorações, pro festival de primavera.

- Tem algo em mente?

- Não.

- Tá, eu vou discutir com o restante dos membros do clube de artes e depois eu te passo o que foi discutido pra ver se vocês aprovam.

- Tá.

  Alissa tinha outras coisas pra fazer naquele dia, ela sempre mantinha um checklist mental do que deveria ser feito, o problema é que quando havia qualquer distração, sua cabeça se bagunçava toda e era quase impossível de concluir suas atividades.

 

Vento e FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora