capitulo 25 - péssimas ideias.2

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  Havia uma semana desde que Liviane e Alissa haviam brigado, elas não se davam bom dia, apenas trocavam olhares, até mesmo sua amizade com o Dante estava estranha depois do ocorrido, depois de saber que tudo foi uma farsa Lis não conseguia o encarar direito, depois disso ela percebeu que não havia mais ninguém pra conversar sobre isso, alguém de confiança, o ruim de brigar com a única pessoa que você é próxima é que você fica sem ter onde se apoiar, ela podia ter ido a terapeuta, mas isso a lembrava das palavras de Liviane, e o quão desesperada ela estava para mudar sua amiga.

- Você tá me evitando?

- Não, não é isso Dante, não é nada.

- Eu fiz algo errado?

- Não...

- Então me explica! Não me diga que não é nada, você está estranha - Ele fica em sua frente a impedindo de continuar andando, os dois agora se encaravam, ele não a deixaria escapar, não sem falar algo - Olha, eu sei que algo aconteceu, pode contar pra mim, você está distante de todo mundo, está diferente, você não é assim.

  Ela olha em volta, os dois estavam no corredor das salas de aula, Alissa não tinha nenhuma aula pra ir, mas gostava de fingir estar ocupada, ela sempre foi boa em fugir de tudo, dos próprios pensamentos, dos problemas, sempre fizera de tudo pra evitar os sentimentos ruins e preenche-los com qualquer coisa.

  Ela puxa Dante pra dentro de uma sala vazia, e fecha a porta.

- Então, você vai me falar qual o problema?

  Ele encosta na mesa do professor, esperando as próximas palavras de Alissa, ela pensa num jeito de fugir da situação e uma coisa vem a mente, ela sabe que é uma péssima ideia, mas é o que irá fazer ele desistir do assunto por um tempo.

  Ela se aproxima dele, o garoto se aproxima ainda mais, esperando ouvir possíveis cochichos, queria ouvir bem o que tinha pra dizer, Lis então toma o rosto dele em suas mãos e o beija, o que o assusta, realmente não era esperado, mas ele a beija de volta mesmo assim, não foi um beijo longo, agora havia mais perguntas ainda no ar, mas Alissa sai antes que que elas se tornassem palavras, andando rápido para que ele não a alcançasse, felizmente a sua atitude repentina o deixou paralisado por um bom tempo.

  Os dias passaram lentamente e Alissa agora tinha que fugir ainda mais de Dante, aparentemente não era só ela que estava estressada, Alex também estava mais irritado do que de costume e não parava de ter tics nervosos e usar seu rádio pra tocar música em volumes exorbitantes, felizmente eles não estavam brigando, toda vez que ela se aproximava ele aumentava a música pra não ouvir a voz dela, seus planos de se reconciliar e tentar entender a situação foram abandonados, ele não merecia sua empatia e estava agindo com mais arrogância do que de costume, que ela se lembrasse, não havia feito nada.

  Felizmente uma coisa a animou, era a tão esperada aula prática com a professora Whitlock, todos os alunos estavam reunidos no laboratório ultilizando EPIs, Alissa estava na fila da frente prestando atenção em tudo e anotando a cada detalhe, afinal, ela desejava exercer isso no futuro, a professora também trouxe um ex colega de trabalho pra supervisionar tudo.

  Apos sua explicação detalhada era a hora tão esperada ela finalmente iria produzir uma esfera de fusão nuclear, seria bem pequena, apenas por demonstração, mas era muito brilhante e linda ela emanava uma luz vermelha, todos os alunos se espremeram pra ter uma visão mais de perto Lis se sentiu um pouco sufocada, mas mesmo assim estava maravilhada, era muito interessante, a professora estava literalmente criando uma pequena estrela.

- Se algum de vocês conseguir fazer isso aqui, deve ser admitido imediatamente na faculdade.

  Whitlock brincou.

  Os alunos ainda continuavam maravilhados, no fundo cada um queria tentar reproduzir o que estavam assistindo, mas sabiam que falhariam miseravelmente.

  Após a aula não se tinha muito o que fazer, então Alissa decidiu dar uma volta pela escola, ela encontra Alex no jardim sentado em um banco, ele parece frustrado, parece que não é só Lis que está passando por um período difícil, ela raramente o vê com os seus amigos ultimamente, o que é estranho porque eles sempre andavam juntos.

  Ele estava de olhos fechados e quase deitado no banco, o seu rádio tocava 'comfortably numb - pink floyd' talvez essa fosse sua banda favorita, já que ele ouvia diversas vezes suas músicas, era muito engraçado, mesmo os dois não se entendendo e tendo conflitos Alissa sentia que entendia ele naquele momento, e por um erro decidiu se sentar ao seu lado.

- O que você quer?

- Nossa, você não sabe ser legal?

- Eu quero que me deixe em paz! Não vê que eu não quero mais problema?

- Eu não fiz nada pra você! Eu só queria...

- Vá embora! Eu não preciso da companhia de tipinhos como você, eu prefiro andar só do que mal acompanhado.

- "Tipinhos" como eu?

- Arrogantes! Amargos! Você é infeliz com a sua própria vida e quer fazer com que os outros estejam infelizes iguais você! Vazia!

  Ela se levantou irritada, ele merecia tudo de ruim que estava passando, ela só estava tendo um pouco compaixão, aparentemente ele estava se olhando no espelho porque ela não era nada disso que ele disse, era?

  Na noite daquele dia, ela não conseguia dormir, se sentia exausta, mas sua cabeça não parava de funcionar, geralmente as palavras de Alex não a atingia, mas dessa vez elas repetiam em sua cabeça, as dele misturadas com a de Liv, foram a gota d'água, ela então no calor do impulso, cansaço e raiva misturada saiu de seu quarto, ela queria se provar, e provar a todos que era sim uma pessoa respeitável e digna.

  Ela saiu de seu dormitório e com cautela foi passando pelos corredores com cuidado pra não ser pega pelos monitores, por um tempo ela jurou ter visto um vulto de alguém, mas não ligou muito.

  Alissa estava no laboratório, queria tentar reproduzir a esfera de fusão nuclear, ela se aproximou de uma das cadeiras e ficou pensando, parte de si alertava que era uma idiotice e que deveria voltar ao quarto, mas outra parte pensava que já que estava aqui, não voltaria atrás, não seria covarde como sempre foi, que faria a todos que duvidaram de si calarem a boca.

  Suas primeiras tentativas foram frustradas, até que de repente ela consegue algo, não muito grande, mas já era um começo, agora só deveria tentar fazê-la crescer, o que foi um pouco complicado, a esfera era muito difícil de controlar e a sala estava ficando muito quente, não foi bem assim que aconteceu com a professora, a esfera continuava a crescer e Alissa havia perdido o controle não conseguia parar, alguns papéis na sua frente pegaram fogo, e foi nesse momento que soube que tinha um problemão, dos grandes.

  A sala continuava a ficar mais quente a algumas coisas ao repor dela começaram a pegar fogo, uma fumaça preta estava saindo e a esfera aumentando de tamanho, ela  estava em pânico, não sabia como lidar com a situação. Em uma tentativa desesperada de consertar seu erro ela acaba se aproximando demais e queima seu braço, aquilo ia explodir, felizmente era longe dos dormitórios, provavelmente ninguém se machucaria, era o fim?

  Repentinamente uma força a puxou pra fora, seus olhos estavam fechados, não sabia o que era, muito provável que fosse um monitor que havia a visto fora da cama, ela abre os olhos a fumaça preta só a permite ver uma silhueta, era alguém alto e estava com um extintor de incêndio arriscando sua vida por ela, não sabendo como o controle da esfera foi retomado e finalmente e finalmente foi apagada. Após cuidar do incêndio a figura a arrastou pra fora do cômodo, Alissa mal conseguia se mexer, talvez estivesse em estado de choque.

- Você está bem?

  Era uma voz estranhamente familiar, que como num passe de mágica a acordou de seu transe.

- ALEX?!

Vento e FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora