Capítulo Onze

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Vieney havia se assumido alguns anos atrás, e apenas dois fatores impediram que ela sofresse igualmente como pessoas homossexuais sofrerem todos os dias: seu pai, além do fato dela namorar um homem na época. Esse último fez com que sua orientação sexual fosse invalidada, mas ela não se importou muito porque amava Connor.

Um gosto amargo tomou conta da boca dela ao pensar na palavra “amava”. Nunca imaginou que aquele sentimento ficaria no passado, enterrado com quem ela era antes de entrar naquele elevador. Havia três dias que aquilo havia acontecido, mas parecia que anos já haviam se passado até aquele momento em que ela empurrou as pessoas para o lado, tentando chegar até Maisie. A biblioteca. Precisava chegar lá antes deles.

— Six! — chamou a melhor amiga que sabia exatamente o que fazer.

— Com licença, com licença! — de uma forma bem mal-educada, mas útil, a garota começou a empurrar as pessoas para o lado. Apesar de ter funcionado por alguns minutos, Six logo começou a perder a paciência. — Saíam da frente, cacete!

— Olha a boca, Owen! — o supervisou estrondou sua voz no corredor ao repreender Six, esta que por sua vez o ignorou.

As mãos de Vieney se apoiaram nos ombros da garota de cabelos rosa e continuaram avançando entre os adolescentes que, sendo os idiotas que eram, começaram a olhá-la de esgueira, como se tudo de ruim que aconteceu em seu relacionamento fosse sua culpa.

Esse era o erro daquela geração: tentar achar uma pessoa para culpar, até mesmo quando eles não tinham nada a ver com a situação.

A porta da biblioteca estava aberta quando elas chegaram.

O que significava que elas haviam chegado tarde.

Eles já estavam ali.

— Porra, não. Não, não, não.

De repente, o som de algo metálico arranhando o chão e se chocando com algo soou tão alto que Vieney poderia jurar que sentiu seus ossos trincarem.

Mas não foi somente isso que a fez temer.

Do mesmo lado do corredor que elas haviam chegado até ali, conseguiram ver a sombra da diretora refletindo no chão. E naquele momento ela soube que se não tirasse Maisie dali, esta poderia... não, seria expulsa por propagar desordem, por mais que ela não tenha procurado por isso.

Seriam dessa forma que eles a veriam: como uma garota-problema.

A ideia de que Maisie poderia ser expulsa por causa dela fez com que os todo o corpo de Vieney trabalhasse com seu cérebro para achar uma forma de tirar a garota da biblioteca.

Nesse momento, seus olhos se encontraram com os de Six.

— Ah, não. — gemeu de frustração ao saber no que ela tinha pensado. — Eu concordei em te ajudar, não em me auto humilhar.

— Por favor. — implorou até mesmo com os olhos, que tornou tudo impossível para a garota.

Six grunhiu ao saber que cederia.

— Eu te odeio com tanta força que os meus futuros filhos vão te odiar, os filhos dos meus filhos vão te odiar, toda a minha futura geração vai querer meter um pé na bunda da sua futura geração. Porra.

Vieney, ainda em meio ao caos, se aproximou da minha e lhe deu um beijo na bochecha tão rápido que jurou ter visto Six ficar vermelha.

— Nunca vou esquecer do que você já fez por mim, tá?

— Não viaja, porra. — a chutou, embora não conseguisse esconder o sorriso antes de ir em direção a diretora.

A porta da biblioteca estava aberta quando Vieney passou correndo por ela. Seus olhos varreram o ambiente, sua respiração tão ofegante que suspeitou que alguém ali poderia ouvi-la.

Antes que as portas se abram (girlxgirl)Onde histórias criam vida. Descubra agora