Capítulo Treze

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— Já leu esse aqui? — Vieney perguntou em uma tentativa de quebrar o silêncio que havia se formado entre ela e Maisie desde que chegou.

Maisie ergueu a cabeça para ver a capa de "Estamos bem", da Nina LaCour.

— Não.

Ela abriu o livro e leu para a outra a primeira frase que viu em sua frente, aquela que alguém havia deixado sublinhado em canetinha amarela:

— "Eu me pergunto se tem uma corrente secreta que une as pessoas que perderam alguma coisa. Não da forma que todo mundo perde alguma coisa, mas da forma que destrói sua vida, te destrói, e quando você olha para o próprio rosto, não parece mais seu."

Sua intenção não era trazer um sentimento negativo para a conversa. Tudo que Vieney queria era conversar... apenas conversar com alguém. Desde o dia no elevador e o vazamento dos seus nudes, ela sentia que todos estavam a evitando. Nem mesmo Six estava tendo tempo ultimamente, afinal, Six tinha várias coisas para fazer, e escutar as lamentações da amiga pela milésima vez não estava em seu apertado cronograma.

— Não sabia que gostava de ler. — antes que Vieney pudesse falar algo, ela riu e disse: — Na verdade, não sei nada sobre você.

— O que te impede de me conhecer?

— Vamos ver... Falta de vontade?

Se o pais da ruiva estivessem ali, teria a feito se ajoelhar no milho e orar por 3 dias após ter levantado o dedo do meio para Maisie, que em resposta riu e, sem que a outra esperasse, puxou sua mão direita até que o corpo dela colidisse ao seu.

Nenhuma das duas estavam esperando por essa reação, pela aproximação de seus corpos.

De perto, Maisie notou a grossa camada de base que Vieney usava até mesmo no pescoço. O que era um pouco estranho.

— Sardas. — disse, dando de ombros. — Tenho muitas delas e algumas pessoas ficam me encarando como se fosse algo de outro mundo. Então prefiro evitar mostrá-las.

— Nunca parou para pensar que talvez elas só estejam admirando você?

— Não, até porque isso não faz sentido. Por que as pessoas me admiram e nunca abriram a boca para falar sobre isso?

O olhar, que geralmente era frio e distante, focou na garota ruiva com tanta intensidade que ela poderia ficar ali pro resto da vida, presa.

— Nem sempre as pessoas têm coragem de falar o que sentem ou pensam, Vieney.

Por alguma razão, ela achou a fala e a intensidade no olhar de Maisie extremamente parecido com o de Fallon. Seu coração deu um salto ridículo e ela se afastou assim que ouviu alguém dando duas batidinhas na porta.

— Atrapalho? — Wesley sorriu em direção a Vieney que, estranhamente pensou "sim". Mal ela sabendo que Maisie pensou na mesma resposta, no entanto, suas respostam foram ao contrário:

— Não, imagina. — disseram em uníssono, se olhando de canto de olho ao manterem uma distância segura uma da outra, como se o garoto fosse notar algo que, obviamente, Vieney gostaria de acreditar com todas as forças, não existia.

Wes comprimiu os lábios.

— Vieney, posso falar com você?

Uma saída. Ótimo.

Ela assentiu tão rápido que pôde ouvir um dos ossos em seu pescoço estralando. Fez uma careta que Maisie se conteve para não rir.

Ao acompanhar o garoto até o final do corredor, pode perceber que essa era a primeira vez que ela e ele estavam realmente sozinhos desde que ela começou a namorar com Connor. Antes, Vieney nunca havia parado para prestar atenção no garoto à sua frente.

Antes que as portas se abram (girlxgirl)Onde histórias criam vida. Descubra agora