Capítulo Quatorze

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Em especial, Maisie não havia muita graça em criar plantas em casa da mesma forma como a sua irmã via. Não conseguia contar nas mãos o tanto de flores e cactos que Sara conseguia ter em cada cômodo de seu apartamento, mas precisava admitir que, apesar da falta de tempo, ela conseguia cuidar de todas muito bem. Mas não naquela semana. Estando ocupada demais, Sara mal conseguia ter tempo de tomar banho para poder voltar ao trabalho como atendente de lanchonete desde que a sua colega havia sido demitida, ela havia pegado os dois turnos para poder ter uma renda extra já que Maisie estava morando com ela.

Ao terminar de molhar a última magnólia que havia na varanda, Maisie se preparou para se levantar e limpar tudo para quando Sara chegasse, no entanto, se manteve no chão ao ouvir as vozes de pessoas que, ultimamente, parecia ser tudo menos desconhecidas.

— Que porra, Connor! Quem é você pra me dizer que a Vieney é uma vagabunda, caralho? Foi você quem traiu ela, tá legal? Você! Você estragou a vida dela, porra! Então não me venha com essa falsa moral tentando me dizer que o relacionamento de vocês era algo saudável porque não era. Eu vi todas as vezes que você a traiu, todas as vezes que mentiu pra ela, tá? Eu estava lá todas as vezes!

Maisie franziu o cenho quando ouviu Wesley defendendo Vieney.

— Quer me julgar por ter sido um homem com um pau no meio das pernas? Me julgue, Wesley, só não se esqueça que você também é tem um.

— Cara... você é nojento pra caralho. Não sei como que a Vieney teve coragem de se submeter a ficar com você por tanto tempo. Eu sinceramente não entendo, de verdade.

Um pequeno momento de silêncio. Maisie achou que eles haviam acabado a conversa, mas um estrondo a fez ficar no lugar que estava: agachada na varanda.

— Não fale de mim como se você fosse integro, porra! A amiga era sua, você quem trouxe ela aqui! Você poderia ter tido "olha, troca de roupa, meu amigo namora" e os caralhos, mas não! Deixou que ela me excitasse e olha só onde eu estou agora: acabei de sair de uma investigação policial e estou sem a porra da minha namorada!

— Ah, Connor. Coitadinho de você. Nossa, como eu sinto pena de você por ter que lidar com as consequências dos seus próprios atos. Como o mundo é injusto, né? — riu, com tanta raiva que até mesmo Maisie sentiu suas próprias articulações ficando tensas. — Que se foda você e tudo o que aconteceu até agora. Quer ser adultinho? Começa a lidar com toda essa merda de situação que você mesmo criou. Pega toda as suas babaquices, seu dinheiro, sua personalidade de bosta, pega tudo isso e enfia no seu rabo, Connor. Sério... cansei.

Em seguida, tudo que pôde-se ser ouvido foi a porta sendo fechada com força.

Maisie se levantou da varanda lentamente, com medo de que Connor a ouvisse na própria casa e andou para dentro, até que pudesse se virar e quase infartar com a figura de Sara parada no meio da sala, lhe encarando.

— O que estava fazendo?

— Ouvindo a conversa, por quê?

— Dos Scott? Eles estavam discutindo de novo? — se sentou no sofá, esperando que Maisie tivesse algo novo para contar.

Ninguém poderia negar que a diversão dos moradores daquele andar era tomar conta da vida da família Scott. O pai era um encostado viciado em sexo, a mãe era viciada em trabalho e vez ou outra ela encontrava peças de roupas femininas que não era dela nas coisas do marido. O filho único, estava sendo investigado em todo mundo no prédio sabia das traições dele com a namorada, menos ela. Pelo ao menos uma vez ao dia, Sara e os demais vizinhos conseguiam tirar uma diversão diária ao ouvir as discussões ou até mesmo os demais dramas da família.

Antes que as portas se abram (girlxgirl)Onde histórias criam vida. Descubra agora