Capítulo Dois

578 49 53
                                    

[N/A]: Seguinte, esse capítulo toca em assuntos delicados que podem ser gatilhos pra algumas pessoas. São eles: conversas sobre suicídio e sobre depressão

Se você for sensível a esse tema, eu peço que não leia. 

Façam apenas o que te deixa confortável e cuidem da cabecinha de vocês (sem meme).

(...)

[Trinca minutos desde que as portas se fecharam]

Ao contrário do que Fallon achou que aconteceria, Vieney havia a beijado. E de certa forma não era isso que ela esperava, pois ninguém recebe a notícia que o seu namorado quer trair e simplesmente te beija.

Ela se lembrava das palavras da irmã no dia em que ela havia se mudado para Columbia Center, ela disse: "O prédio parece ser ótimo, apesar de eu ter que tirar um rim meu a cada mês para pagar. Sabe qual é o único ponto negativo? O babaca do vizinho que fica dando em cima de mim assim que a namorada dele entra no elevador. Ah, Fallon, ela é uma menina espetacular! Só não consigo entender o que ela ainda está fazendo com aquele imbecil."

Fallon não conhecia Connor, mas, no momento que pois os olhos em Vieney soube que ele não a merecia. Ele não merecia a festa surpresa que ela havia organizado quando ele tirou a sua carteira de motorista e ele nem comemorou pois havia chegado bêbado em casa, não mereceu quando ela desistiu de viajar para a Áustria nas férias para poder cuidar da perna quebrada dele, não mereceu quando ela tirou as fotos e mandou para ele.

"Connor não merecia nem respirar o mesmo oxigênio que ela, porra.", Fallon esbravejou em seus pensamentos enquanto observava a garota ao seu lado encarando a tela do celular.

Desde que Vieney a beijou, a mesma começou a contar todas as vezes que Connor foi um idiota ou agiu como tal — o que na cabeça de Fallon significou a mesma coisa —, e ela não somente escutou palavra por palavra, ela percebeu que Vieney iria ficar bem assim que terminasse com Connor. Seria um começo para ela, pois, sendo sincera, uma garota de quinze anos não deveria começar a namorar com um cara de vinte. E saber que Vieney tinha consciência disso, três anos depois, era aliviante.

Ela sabia que a garota de cabelos cacheados e que era fã de músicas antigas iria ficar bem assim que terminasse seu namoro. E quando isso acontecesse, Fallon já teria partido desse mundo que nunca desejou estar. Não contaria para a sua irmã, pois sabia que ela iria tentar impedir, e nem para Vieney cuja vida já era complicada demais. Então, pegando-a de surpresa, ela a beijou para não pensar na morte de seus pais, nas dividas em seu nome, nas expectativas que sua irmã tinha para ela e como ela foi um desastre em todos os âmbitos da sua vida. Continuou beijando-a para poder sentir gosto pela vida antes de deixá-la para sempre.

A beijou quando ela começou a chorar, então ela segurou o seu mundo pois não havia mais ninguém que faria aquilo por ela, e também porque ela também precisava de um abraço há anos.

— Desculpa. — Vieney se afastou, constrangida. — Eu ainda sou comprometida, claramente não deveria estar beijando outra pessoa tão rápido.

Fallon sorriu, sentiu nela algo que não via há anos: inocência. Vieney parecia ser uma daquelas pessoas que se importa com as outras, que se interessa pelas coisas que você ama só pra ter assunto.

Ela meio que queria ter conhecido Vieney antes. Agora, sua vida não passava de uma coisa que ela não via a hora de se livrar.

— Se ajudar — Fallon começou. —, pode dizer que fui eu que te beijei. Tomara que eu seja lembrada por isso. Imagina só: Fallon, a sapatão do elevador.

Vieney riu, tipo... ela riu de verdade, não era aquele riso forçado que estava acostumada a receber depois de fazer uma piada. Aquilo... aqueceu seu coração, aquele calorzinho no peito que há muito tempo não sentia.

Antes que as portas se abram (girlxgirl)Onde histórias criam vida. Descubra agora