capítulo 7

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Acordei com Edgar me chamando.

- Acorda desgraçado, só falta você. - Fala puxando meu pé.

- Eu já estou indo, não precisa me esperar.

- O que aconteceu? - Sua voz sai preocupada.

É incrível como a gente se conhece só pelo tom de voz.

- O papai de novo.

- Otávio, porra irmão. Você deve encarar isso de frente, você é o mais velho e que leva tudo nas costas, tenta relaxar um pouco.

- Impossível relaxar nessa casa e você sabe disso.

- É, eu sei. Eu tô aqui com você.

- Obrigado.

Ele se aproxima e me abraça. Todos os irmãos se dão bem, apoiamos uns aos outros, somos próximos e sabemos de cada detalhe de coisas boas ou ruins que aconteceu na nossa vida.

- A mamãe tá furiosa.

- Quando ela não está!?

Rimos juntos.

- É melhor você se apressar.

- Tudo bem e obrigado de novo.

- Eu sempre vou estar aqui pra você.

Ele sai e me levanto da cama e me olho no imenso espelho no quarto dos meus pais. Eu sinto que não tô vivendo pra mim, é sempre em função de todos e nunca pra mim mesmo. Desço as escadas da mansão da família e está lotado de pessoas que não conheço.

Veja minha mãe abrindo um sorriso e me dando um olhar de "filho da puta vou te matar pela demora".

- Ah, meu filho. - A voz é calma e até sei o porquê, alguém da alto sociedade está ao seu lado. - Pensei que não fosse descer, todos estão aguardando sua presença.

- Estava resolvendo umas coisas do trabalho.

- Sempre é o trabalho. - Sorri de forma glamourosa.

- Então, você só sabe trabalhar? - Escuto uma voz atrás de mim.

Me viro e vejo uma mulher gostosa na minha frente, um vestido vermelho, com alças finas e uma fenda ate sua cocha grossa, saltos finos e elegante, cabelo loiro preso de um lado esbanjando um brinco enorme que claramente fala sobre sua posição social, sorri de forma graciosa.

- Prazer, senhorita?

- Anna Sabóia.

- Senhorita Sabóia é um prazer. - Cumprimento beijando em sua mão, eu não perco um movimento dessa mulher.

Família Sabóia, Anna Sabóia é a filha mais nova do presidente do país, eu não posso pisar na bola.

- Só Anna, por favor. - Ela joga todo o charme. Sorri, e encosta sua mão em meu peito e rapidamente tira.

- Desculpe atrapalhar vocês dois, mas hoje não vamos conversar sobre negócios, apenas diversão. - Minha mãe diz sorrindo elegantemente pra mim.

- Tudo bem mãe.

Ela se afasta e deixa eu e Anna a sós. O garçom passa e pego vinho.

- Então, você é o mais novo presidente das redes de farmácia?

- Nada de trabalho.

- Ela não vai saber. - Se aproxima e fala baixinho no meu ouvido, aproveito e sinto cheiro do seu perfume é doce, viciante.

- Temos aqui uma mulher muito malvada.

- Pode acreditar, quando eu quero sou bastante malvada. - Me olha com aqueles olhos enormes e chamativos.

- Ota, vem cá. - Úrsula me chama, na verdade ela não chama, e sim GRITA.

- Da pra falar mais baixo sua pirralha.

- Não. Mamãe tá arrumando confusão com a moça lá nos fundos.

- E pra que você vem me chamar?

- Porque você resolve tudo.

Nem sei o motivo de ter perguntado isso mesmo, é sempre eu que resolvo, é tudo comigo, nas minhas costas.

- Desculpa Anna, mas preciso ir.

Saiu dali rápido, antes que minha mãe me apronte uma que não dê pra concertar. Só escuto os gritos finos de minha mãe, ainda bem que a música tá alta porque nem abri a porta e já estou ouvindo. Giro a maçaneta e vejo minha mãe berrando horrores e gesticulando, a moça está de costas e com a mão para trás, tremendo, permanece ali quieta, parada só apenas ouvindo tudo aquilo.

- Sua imprestável! Eu te pedi tulípas vermelhas e não a merda de orquídeas brancas.

Eu não acredito que essa confusão toda é por conta de flores.

- O que tá acontecendo aqui?

Minha mãe se cala e a moça continua parada de costa pra mim.

- Essa moça meu filho, trouxe o pedido errado e agora vão rir de mim, da minha festa porque orquídeas não combina com nada da festa.

- E por qual motivo está gritando com a moça? Eu acredito que ela não fez por querer. As coisas se resolvem na conversa e não gritando faltando com respeito. - Minha mãe até tentou falar algo mas logo se calou. - Olha moça, me desculpa pelo incomodo. - E então ela se vira pra mim com os olhos marejados e meu coração não aguenta ver aquilo.

QUASE CASANDO (DOIDO PARA CASAR 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora