EXTRA

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Extra 1 - Fengqing 

Vamos falar sobre o passado?

O silêncio naquela sala era ensurdecedor após a saída de Luo Binghe, sua alteza ainda estava no mesmo lugar segurando firmemente entre os dedos o fragmento vermelho, a postura tensa com as costas eretas entregavam o quão afetado ele estava. Observando toda aquela situação Mu qing resolve tomar as rédeas da situação.

- Creio que suas altezas devam descansar, e creio que alguns de nós necessitam de cuidados médicos. Então com a sua permissão Dianxia, Chuva de sangue. - Mu Qing faz duas reverências e se retira para o longo corredor após o aceno de reconhecimento de Xie Lian. Andando pelo extenso corredor em passos lentos que mostram sua exaustão, Mu Qing pode ouvir um farfalhar em suas costas e logo o som se aproxima e se instala ao seu lado, revelando o rosto de Feng Xin, sua testa suada e o olhar cerrado delatam seu estado nada saudável, os dedos frouxos seguram o arco em uma mão, Feng Xin sabe que a luta já se encerrou mas ainda não se encontra capaz de largar sua arma.

O silêncio profundo os acompanha até saírem do palácio, os ombros se encontram em um roçar reconfortante por todo o caminho e nenhum deles ousa se afastar. Ao chegarem na entrada do palácio Feng Xin é o primeiro a quebrar o contato ombro a ombro e se dirigir ao lado contrário, contudo em seu segundo passo Feng Xin pode sentir seu ponto de equilíbrio trapacear e suas pernas tremerem, seu arco cai no chão e sua visão começa a apresentar pontos negros.

Antes que ele possa cair no chão, braços firmes circulam sua cintura e o apoiam,assim ele pode sentir o cheiro de metal invadir seus sentidos, o cheiro conhecido denuncia a quem pertence. Após ser segurado por Mu Qing, eles em silêncio se movem para o Palácio de Nan Yang, os juniores do palácio Nan Yang não estavam presentes naquele momento, e com isso Mu Qing se vê arrastando Feng Xin palácio a dentro, ao mesmo tempo Feng Xin lutava para não sucumbir a exaustão nos braços de seu amigo-inimigo.

Após tanto andar Mu Qing finalmente acha o quarto do Deus ao qual ele segura. Entrando no quarto o alfa, com pouca delicadeza, joga o peso morto de Feng Xin em um baque no futon de cor clara, com um gemido de descontentamento, Feng Xin se ajeita no futon e reclama.

- Seu imbecil, não precisava me jogar assim. - Ele diz em um tom irritado e com os olhos semicerrados na direção de Mu Qing, que estava com os braços cruzados e ao escutar a reclamação revira os olhos em exasperação.

- Você é pesado, maldito troglodita. Não seja mal-agradecido, se não fosse por mim sua bunda estaria até agora na escadaria do palácio de sua alteza. - Um irritado Feng Xin aponta um dedo acusador para o alfa e diz.

- Seu merdinha narcisista, quem disse que eu precisava da sua ajuda? Eu nunca precisei da sua maldita ajuda, até porque se me lembro bem você nunca esteve lá mesmo. - Feng Xin se arrepende no momento em que as palavras deixam sua boca, memórias esquecidas e coisas não ditas, coisas que Feng Xin jurou nunca revelar. Se Mu Qing quisesse esquecer de tudo, que seja, ele não precisava dele.

Um rosnado corta o ambiente, fazendo Feng Xin estremecer, o mesmo não percebe seu cheiro vazar e cobrir todo o local. Desde sua explosão emocional, a marca cicatrizada, esquecida e quase inexistente em seu ombro formiga e antes mesmo que ele possa levar as mãos para coçar o local, um cambalear e o barulho de joelhos indo contra o chão fazem o seu mundo girar, Feng Xin ergue o olhar e encontra os olhos ébano de Mu Qing o encarando em choque, em puro e desesperado choque. Feng Xin devolve o olhar confusamente e antes que ele possa dizer alguma coisa, o general a sua frente, em desespero, se arrasta até o recém descoberto ômega, seu ômega; chegando perto de Feng Xin ele sem pensar leva suas mãos ao manto que cobria a clavícula do ômega, dando um puxão revelando a pele bronzeada e enfim marcas esbranquiçadas e antigas de uma mordida, a sua própria mordida, essa consideração faz o seu próprio coração errar uma batida, pois ele não se lembra de quando e nem onde ele e Feng Xin realizaram este feito.

Ele desliza seus dedos pela marca desbotada e a ação causa um estranho arrepio em sua própria espinha, em um impulso ele se inclina e passa seu nariz pela clavícula tom de oliva de Feng Xin o cheiro hipnotizante de fumaça e canela invade suas narinas, a boca de Mu Qing se enche com o gosto e ele pode se sentir quase babando como se ele fosse um desses mortais com abstinência de Ópio. Após perceber suas ações, o Homem se afasta e olha nos olhos de um Feng Xin afundado de confusão.

- Quando isso aconteceu? Porque diabos em não me lembro de pôr uma marca em seu pescoço? Como eu nunca percebi isso antes? Deuses - Feng Xin sai da névoa confusa e entra em uma de raiva.

- Não se faça de sonso seu filho da puta! Você escolheu ignorar isso, tudo isso é sua maldita culpa! você me usou e no outro dia foi embora se tornar um Deus de merda, não me venha com esse papo como se você não soubesse de nada. - a mente de Mu Qing trabalhava a mil por hora com essa nova descoberta, se isso foi antes dele se tornar um Deus então isso dá mais de 800 anos, 800 anos que ele tem um companheiro e ele não se lembrava disso.

- Feng Xin...Feng Xin, pelo amor de deus Nan Yang, fique quieto! - o ômega para com sua crise de reclamações e cruza os braços prestando atenção no deus a sua frente.

- Feng Xin eu não me lembro de ter te marcado, na verdade, eu não sabia nem que você era um ômega - os dois se olham em um silêncio vergonhoso até que o primeiro deles diz em uma exclamação:

- Porra!



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