Capítulo 20 - Lara a Tarzan

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Pov Lara

Depois do beijo repentino que Rebeca e eu trocamos, eu não soube muito o que fazer em relação a isso, não soube como me comportar, onde colocar as mãos, como agir... Mas notei que se eu estava com um parafuso solto quase entrando em um surto daqueles típicos de lésbicas inexperientes, ela então ficou tensa com a situação enquanto esperava por qualquer reação minha que a princípio não veio. Sinceramente, por mais que eu tenha desejado dizer algo, eu não achei palavras para dizer o quanto aquele momento por mais confuso que tenha deixado minha cabeça, também foi algo significante para mim.

Quando viramos cada uma para um lado com a intenção de tentar dormir, pude sentir Rebeca se mexendo a cada dois minutos, o que significa que assim como eu, não estava conseguiu dormir tão facilmente. A noite foi extremamente longa. Quanto mais eu tentava dormir, mais a lembrança do beijo entre mim e Rebeca surgia na minha mente. Eu temia que por mais que tentasse, não saberia como explicar o quão agradável foi aquele beijo: uma mistura de doçura e desejo; e o calor que subia pelo meu corpo como se eu estivesse em chamas... foi perfeito! Claro que nunca tinha passado pela minha cabeça que Rebeca e eu se envolveria amorosamente em algum momento, especialmente porque ela era irmã da garota por quem sempre tive um penhasco. Mas confesso que ter alguém que torce por você, que é gentil e que te deseja, é surreal de bom e talvez por isso eu tenha me deixado levar pelo o momento.

Contudo, era confuso estar pela primeira vez eu experimentando tudo o que eu tinha desejado para mim e Júlia, só que agora com Rebeca, sua irmã. O que eu estava fazendo seria errado? Não, não... Não tinha como ser errado. Por mais que eu não quisesse aceitar, a cada dia que passava estava ficando ainda mais claro que minha mente que durante todos esses anos eu tinha vivido uma fantasia em relação a Júlia. Eu não a culpa é claro, pois foi escolha minha viver presa em uma bolha com um sentimento experimentado apenas por mim mesma. Júlia não tinha culpa se eu fantasiei algo inexistente. No fim das contas por mais que meu coração resistisse aceitar aquela desilusão amorosa, meu cérebro praticamente gritava: Lara, foi só uma ilusão que durou muito tempo e que agora você precisa dar espaço para que isso acabe. Você viu... Júlia não te enxerga como algo além de uma amiga. Ela gosta de outra, ela gosta de outra, ela curte com outra... Eu precisava repetir aquelas palavras em minha mente para ver se meu coração bobo largava de ser trouxa.

Depois de ter demorado muito a dormir, acordei logo cedo pela manhã. Fui esperar o café da manhã do lado de fora da barraca, pois não queria incomodar Rebeca que ainda estava dormindo toda largada. Ao levantar procurei não fazer barulho para não acordá-la, ela era até bonitinha enquanto dormia, e nem parecia a mesma garota que constantemente vivia com a expressão séria e rabugenta.

Logo que saí da barraca, avistei Bruna indo se juntar com os demais. Ela não estava com cara de muitos amigos, então deduzi que ela também não tinha tido uma boa noite de sono. Ainda assim me questionava como era possível alguém parecer prestes a soltar fogo pelas ventas logo cedo.

– Oi, amiga. Bom dia!

Arrisquei falar amigavelmente quando sentei ao seu lado na roda de alunos que tinha sido formado. Cada uma com uma expressão se zumbi mais exagerada que a outra.

– Bom dia só se for para você. Para mim já começou sendo péssimo. – Respondeu Bruna com aquela cara carrancuda de quem parecia que tinha chupado limão de tão enjoada que estava.

– Meu Deus do céu, porque você é tão exagerada? Aposto que sua noite não foi pior que a minha. Me dá um abraço, Bru. Traumatizada estou, amiga. – A melancolia dominou meu ser ao recordar dos malditos sapos que surgiram minha barraca. – Acabei de recordar da presença de um zôiudo gosmento me olhando enquanto eu estava tendo o meu sono de princesa. Isso era para ser pecado, sabia? Quase morri do coração, e tudo só piorou ainda mais quando aquela coisa gelada grudou na minha perna.

Eu, você e o acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora