Capítulo 37 - Convites, declarações e brincadeiras

71 7 0
                                    


Pov Júlia

Depois do dia que eu me declarei para Melissa e recebi uma reação dela da qual eu não esperava, não nos falamos mais. Mesmo nos vendo de vez em quando na escola, sinto que ela me evitava e para ser honesta eu também estava meio distante. Querendo ou não, um clima estranho se instalou entre nós duas. Eu acho que não soube reagir de uma forma boa e madura como deveria ter sido, mas fui pega de surpresa e fiquei sem reação. Agora eu me sinto culpada por achar que fiz Melissa pensar que eu não entendo os motivos dela; e eu entendo muito.

No início eu fiquei me sentindo triste por ter sido comparada com sua ex, mas depois eu entendi que um trauma pode fazer um estrago na vida de alguém. Eu consigo imaginar o quanto foi difícil para ela superar tudo aquilo sozinha. Se fosse comigo, eu nem sei quanto tempo eu ficaria na fossa.

Alguns dias se passaram desde o acontecido. Confesso que sempre que a via de longe na escola, queria falar com ela e dizer que tudo estava numa boa. Mas o medo de que ela não quisesse me escutar me fazia travar. Mas eu sinto a necessidade de mostrar para ela que eu sou alguém em que ela pode confiar.

Hoje teria competição de basquete na escola e sempre que tinha jogo, as aulas terminavam um pouco mais cedo. Quando saí da sala de aula, fui a cantina comer alguma coisa. Eu estava faminta! Depois que terminei de comer, quando estava me dirigindo a saída da escola, avistei Melissa de longe sentada no banco.

O mesmo banco com uma mesa redonda que eu a esperei chegar ansiosamente no outro dia. Ela estava sozinha e tão focada olhando para o celular, que parecia estar em outro mundo. Meu coração bateu forte quando a vi e percebi que se tinha um momento para que nós duas pudéssemos conversar tranquilamente, era aquele. Então, segui meu sexto sentido e não pensei muito se deveria ou não fazer aquilo, apenas fui em sua direção.

Melissa estava mexendo no celular de cabeça baixa e nem se deu conta que eu estava me aproximando.

– Oi, Mel. Podemos conversar? – Falei sentando bem a sua frente. Ela foi pega de surpresa.

– Júlia?! Oi... sim, podemos.

Ela estava sem jeito e pareceu não acreditar que eu estava ali parada na sua frente. A essa altura ela certamente já estava pensando que eu não queria mais nenhum tipo de contato com ela.

– Então, eu quero te pedir desculpas. – Me apressei em falar o que estava preso em mim fazia dias.

– Desculpas...? – Melissa estava com uma expressão de confusa no rosto. Não estava entendendo nada.

– Sim, Mel. Eu quero te dizer que pensei muito em tudo o que você me falou sobre o seu passado, e que eu te entendo de verdade. Eu não sei como duas pessoas tão próximas de você teve coragem de fazer uma coisa dessas. – Ela demonstrava ainda mais surpresa com a minha fala. – Me desculpa se tentei forçar a barra com você quando você não estava pronta. Acho que pensei só em mim.

Baixei a cabeça me sentindo meio envergonhada pelo meu comportamento.

– Você não está chateada?

– Claro que não, Mel. Eu fiquei triste no início, mas já passou. Eu sei o que eu quero e a minha vontade não mudou. Eu ainda te quero, mas sei o significado de um não e respeito sua decisão. Podemos ser apenas amigas, se você preferir.

Fui sincera com Melissa. Apesar do meu desejo ser outro, eu realmente respeitaria sua decisão.

– Júlia... eu não quero te machucar...

– Não! – Interrompi Mel. – Eu não vou me machucar e nem você. Eu não estou mentindo quando digo que quero te mostrar o quanto eu sou diferente dessa garota que quebrou seu coração, e que você pode confiar em mim. Eu gosto de você de verdade, Mel e jamais te machucaria, mas realmente posso lidar com o fato de sermos só amigas. Quem sabe com o tempo não consigo te provar que tudo o que digo é de verdade. – Falei pegando na sua mão e olhando no fundo dos seus olhos.

Eu, você e o acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora