Capítulo 35 - Casamento de Centavos e Traumas do passado

57 8 0
                                    


Pov Lara

Acho que já disse isso antes, mas preciso reafirmar... Acordar antes das nove horas da manhã deveria ser considerado crime. Mas, esse é o preço que se paga por não ser uma princesa reconhecida da realeza. Falando em realeza, ainda espero ansiosamente pelo dia que alguém muito bem vestido de terno e gravata, vai bater na minha porta para dizer que eu sou a filha perdida de algum rei por aí. Não seria muito difícil para me aceitar o titulo de princesa, afinal, eu já me considero uma.

Enquanto esse dia não chega, mesmo contra vontade aceitei minha realidade dura e cruel e levantei cedo para me ajeitar para ir à escola. Os jogos ainda estão acontecendo a todo vapor. Hoje mesmo irá ter uma partida de vôlei a tarde depois das aulas e por isso, eu não vou ter treino de atletismo como é de costume. Um dia de folga a mais para minha alegria. Bom, seria assim que eu pensaria assim, mas agora as coisas mudaram. Não ter treino significava que era ruim, pois assim eu não passaria nenhum tempinho a sós conversando com Rebeca e admirando sua beleza. Ô mulher linda da porra! Chega dá prazer em vê-la correndo.

Fui para escola e para a minha tristeza, não vi Rebeca nenhuma vez. Bem que eu estava querendo pelo menos um abraço forte dela que era muito gostoso por sinal. Nesses últimos dias, estávamos conversando ainda mais por mensagens, mais precisamente falando, conversávamos do amanhecer ao anoitecer. E não era conversas tediosas, pelo contrário, eram conversas aleatórias, mas empolgantes. Conversávamos sobre tudo: Filmes, séries, livros e até artes. Era bom saber que tínhamos algumas coisas em comum. Quanto mais os dias passavam, mais nós duas descobria coisas uma da outra. A única coisa que não conversamos, foi sobre os pegas que demos no banheiro da casa de Bruna. Senhor, só de pensar naquela noite eu já fervia inteira.

Apesar de não termos nada sério, a minha vontade era de deixar bem claro para Rebeca, o quanto eu a queria perto de mim. Todos os flertes, beijos e aproximação que nós tivemos nos últimos dias, me fez ter certeza que ela havia tomado o lugar da irmã. Agora, Júlia não representava mais do que uma boa amiga a quem descobri que queria muito bem, porém que já não era apaixonada por ela como acreditava ser antes.

Depois da aula vim direto para casa, almocei duas vezes, desenhei para passar o tempo e dormi. Nunca vi uma dupla para dar mais certo do que comer e dormir. Uma complementa a outra maravilhosamente bem. Passei o dia sozinha, pois, a minha mãe estava de plantão e só chegaria à tarde em casa.


Mais tarde

– Cheguei, Filha!

Dona Val chegou animada como sempre e trazendo comida como de costume. Ela diz que já vem muito cansada para ainda fazer comida quando chegar. Eu só não deixo a comida pronta porquê minha especialidade é miojo e ela diz que não faz bem para a saúde. E na verdade não faz mesmo.

Quando ouvi a voz dela, saí em disparada do quarto. Não gosto de ficar sozinha em casa e costumo sentir falta da sua companhia, apesar de entender que faz parte da sua profissão lidarmos com aquela ausência rotineira.

– Oi, mãe! Como a senhora está? Já estava sentindo sua falta. – Dei um abraço apertado nela e ela me deu um beijo na testa.

– Apesar do cansaço, eu me sinto ótima, jovem e linda como sempre. – Respondeu ela cheia de animação. – E você me parece muito bem. Tá até com o olhinho brilhando... – Minha mãe me olhou desconfiada já cheia de malicia.

– Olhinho brilhando? Não pira, dona Val. A senhorita está vendo coisas. – Desconversei.

Dizem que nossos olhos brilham quando estamos apaixonados, mas nunca me vi assim antes, então isso era uma verdadeira novidade.

Eu, você e o acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora