Capítulo 24 - Conselho de Júlia

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Pov Rebeca

Apenas duas palavras me definem nesse momento; Bagunça! Substantivo feminino, que se refere à ausência de ordem; falta de organização; tumulto ou confusão. Confusão! Outro substantivo feminino, nada mais é do que estado confuso, misturado, desordenado; tumulto; desordem.

E assim como as duas palavras acima, o meu problema é igualmente feminino com nome próprio e sobrenome: Lara Duarte.

Lara define muito bem as palavras bagunça e confusão, pois é exatamente neste cenário caótico que se encontra minha sanidade mente no momento. Isso porque depois de termos ficado juntas naquela noite em que ela se perdeu na mata, finalmente constatei o óbvio que no fundo eu já sabia a muito tempo. Eu estava apaixonada! Meu Deus... Eu realmente estava apaixonada pela garota que só tinha olhos para minha irmã? O quanto de pedra eu joguei na cruz junto com Bruna?

O fato é que estava sendo um verdadeiro desafio agir naturalmente ao lado de Lara, quando tudo o que eu sentia era vontade de beijá-la, de abraça-la, e demonstrar o carinho que eu sentia por ela. Só que eu não sabia como fazer isso, não sabia se podia fazer isso porque ela mesma me pediu um tempo para organizar a bagunça que ela mesma era, e olha que se tratando de Lara eu acho que o tempo ia precisar ser uma eternidade.

Não me restava muito o que fazer além de respeitá-la, e claro, continuar cuidando daquela relação amigável que surgiu entre nós desde que Lara foi jogada em minhas costas pelo o professor Anderson. Ninguém sabia disso, é claro, mas a verdade é que eu sempre observei Lara, mesmo quando ela ainda era considerada só um ser humaninho esquisito naquela escola. Enquanto todos falavam mal dela pelas costas, tudo o que eu conseguia enxergar era uma garota que possuía talentos incríveis, dona de um humor contagiante, meio lerda e isso não tinha como negar, mas muito bondosa. Sempre achei Lara muito linda, mesmo quando andava com os cabelos bagunçados e roupas desleixadas. A verdade é que ela não precisava mais que isso para ser linda. Sua beleza natural já era suficiente aos meus olhos.

Eu não tinha raiva de Lara por ela preferir minha irmã que a mim, eu tinha ódio da vida que me colocava sempre a sombra de Júlia. De todas as garotas do universo eu tinha mesmo que me apaixonar justo por quem queria minha irmã? Isso é obra do capeta na vida de uma jovem adolescente.

Depois de ser liberada do castigo, resolvi sair um pouco para andar de patins e pensar no rumo dramático que estava tomando minha vida. Depois de muito pensar e rodar em círculo, finalmente cheguei a algum lugar. Decidi que não quero estar no meio de mais essa confusão. Se Lara queria lutar por Júlia ou continuar esperando minha irmã enxerga-la, assim seria. Eu não iria ficar me impondo, e resistiria bravamente à tentação que era ter Lara por perto. Sim, eu gostava dela e seria difícil para mim tê-la tão perto e não poder chamar de minha, mas acontece que a ideia de gostar tanto de alguém que gosta de outra pessoa não é nenhum pouco confortável. Seria melhor ser amiga de Lara, do que perdê-la de todos os jeitos.

Inferno! A quem eu estava querendo enganar? Por mais que eu quisesse, eu não era tão madura assim. Além do mais, eu queria me bater por não conseguir resistir aquele jeitinho estabanado de Lara. Bastou ela chegar no treino e me fazer um pedido com aquela carinha tímida que mais parecia um cachorro espiando comida, para no fim de tudo eu acabar cedendo ao seu desejo. Claro que troquei Lara de posição porque estava confiante que no dia ela conseguiria chegar até mim para passar o bastão a tempo. Sua melhora tinha sido considerável, e era possível perceber que ela estava dando o melhor de si pela a equipe.

Tudo o que eu mais queria era acreditar que Lara esqueceria Júlia de uma vez por todas e enfim eu teria minha chance. Mas o medo de não ser recíproco e de sair machucada no meio de toda essa história começava bagunçar minha cabeça. Pensar sobre tudo isso, misturado a pressão dos jogos que estavam chegando, estava me deixando extremamente estressada e mais rabugenta que o normal. Eu estava literalmente uma pilha de nervos, nem com Júlia estava falando direito desde o acompanhamento quando brigamos. Nunca gostei de discutir com minha irmã e sei que ela estava certa naquele episódio do acampamento, mas eu tinha orgulho demais para me convencer disso.

Eu, você e o acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora