Lembro-me vagamente de algumas coisas depois de apagar, eu escutava Emory e Sam conversando, mas não me lembro o que eles falavam, lembro do vento gélido que entrava pela janela do carro, do conforto de repousar no colo de Emy, e da dor, tão intensa que me deixava disperso de tudo o que estava acontecendo, me anestesiava de conversas, cheiros, sensações, creio até que a dor que estava sentindo, fez com que minhas memórias fossem deixadas de lado, pois se eu disser que me lembro de pelo menos trinta minutos de qualquer coisa, depois que Sam e Emy retiraram as balas de mim, eu estaria mentindo. Sam nos levou até uma casa de campo que ele havia herdado, ele usava para festas, ou para se isolar de todos, fora que somente ele tinha a chave, era afastada e em terreno aberto, então se houvesse alguma ameaça, daria para escapar sem problemas algum, eles cuidavam de meus machucados a todo momento, sempre tentando me fazer acordar, mas eu quase nunca respondia as tentativas, eu já estava apagado a alguns dias, conforme os dias passavam, Emory ficava mais irritada, e depressiva, enquanto Sam ficava inquieto, mas tentava não demonstrar, Emory não saia do lado da minha cama, Sam até tentava afastar ela de lá, mas nunca conseguia. Mais um dia estava se passando, e Emory estava sentada ao lado de minha cama, torcendo, para que eu acordasse, Sam entrou pelo quarto, e se deparou com a cena de sua irmã encarando meu corpo paralisado em cima da cama.
- Emy, você precisa tomar um ar.
- A janela esta aberta Sam.
- Quero dizer que você precisa sair daqui Emory, pegar luz do Sol, tomar ar puro, beber água, porra você precisa comer algo caralho!
- Vai se foder Sam.
- Olha só, agora você sabe xingar, meus parabéns.
- Vê se vai pra puta que te pariu Sam! - Disse Emory irritada, enquanto avançava na direção de Sam.
- Vai fazer o que irmãzinha, vai me bater?
- Eu estou com vontade de arrancar sua cabeça seu idiota. - Disse Emy, transformando seus olhos em dourado.
- Vá em frente, desconta seu trauma em mim. - Disse Sam, também transformando seus olhos em dourado.
A briga dos dois foi interrompida quando eu finalmente, abri meus olhos, vermelhos como o sangue, eu pulei em cima da cama, com as garras e os dentes saltados para fora, enquanto rosnava ferozmente, Emory e Sam se assustaram com a cena, e voltaram a atenção toda para mim, Emory não pensou duas vezes, e correu em minha direção, pulando para um abraço, talvez, o abraço mais apertado que eu já havia recebido, o que me fez gemer de dor, ela se assustou e se afastou, enquanto Sam, ficou estático na porta.
- Você acordou, finalmente acordou. - Disse Emory, enquanto deixava escapar algumas lágrimas.
- Finalmente? Como assim? - Perguntei apreensivo.
- Você deu uma de Bela adormecida. - Disse Sam, cruzando os braços e se escorando na porta.
- O que? - Perguntei indignado.
- Você estava apagado, desde a lua cheia. - Disse Emory.
- Por quanto tempo apaguei?
- Duas semanas. - Respondeu Sam.
- Duas semanas?
- É, pois é, você tirou um belo cochilo Cole. - Respondeu Sam em um tom irônico, para tentar aliviar o clima tenso.
- Onde estamos? - Perguntei assustado.
- Relaxa ligeirinho, estamos em uma casa de campo, afastada e segura, pode ficar tranquilo. - Respondeu Sam, novamente fazendo piada para tentar deixar o clima mais leve.
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Crônicas de Lua & Sangue
HorrorCole, vivia sua vida ligeiramente tranquila em Nova Orleans, mas após cair nas garras do amor, sua vida se transformaria em uma batalha sangrenta. Agora, ele, junto com Emory, devem sobreviver, enquanto buscam provar que algumas lendas, são mais rea...