Contei tudo para minha irmã, ela ficou horas me dando um sermão de como ela tinha razão e eu tive um ataque de pelanca, e eu mandei ela ir fazer outra coisa. Continuamos em nossa estrada dirigindo com calma, todos estavam acordados e escutando minhas fofocas.
- Tá gamado na Cleópatra da sua visão, Sam? - Disse Cole.
- Vai a merda Cole. - Respondi.
- Ah vai, confessa.
- E se eu estiver?
O silêncio se instalou no carro, Emory nem sequer sabia o que pensar, Sirina estava abismada, mas alegre com a possibilidade. Cole estava surpreso, mas era nítido o desejo de rir da minha cara.
- O titio tá apaixonado. - Cantarolou Sirina.
- Quê? - Perguntei.
- Ele tá sim! - Exclamou Cole
- Vão fazer um programa de pai e filha. - Retruquei.
- Sam! - Gritou Emory.
Eu havia tocado na ferida, Cole e Sirina ainda se estranhavam um pouco, bastava lembrarem que não eram pai e filha, e que eram de espécies diferentes para tudo desandar, e eu havia acabado de deixar um climão no carro, não sei porque estava tão estressado, talvez a ideia de uma versão maligna minha estar me caçando e planejando algo ruim me assustava, tanto ao ponto de o sarcasmo não resolver, e eu ter que apelar para a violência. Merda, estou fodendo com tudo, passei a mão na cabeça, jogando meu cabelo para trás, não queria, mas nesse momento deixei claro que estava com medo e preocupado. Quando decidi tentar quebrar o silêncio e me desculpar, Emory levou a mão em minha direção, acho que ela tentaria me acalmar segurando minha mão, mas antes que eu ou ela fizéssemos algo para quebrar o gelo do silêncio mortal que estava dentro do carro, um barulho, um impacto.
- Segura! - Gritou Cole, enquanto agarrava e envolvia Sirina em seus braços.
Uma explosão, alguém havia nos feito o favor de quebrar o silêncio, mas fez isso com uma bomba de proximidade, foi instalada na estrada, alguém sabia que passaríamos por lá, e decidiu deixar um presente surpresa. Foi muito rápido, eu e Emory não iríamos conseguir revestir o carro de novo com um escudo, não daria tempo, conseguimos revestir a nós mesmos com o escudo, Cole e Sirina foram lançados pela janela, tivemos tempo de revesti-la antes que o carro começasse a capotar e perdêssemos eles de vista. Rodamos algumas vezes, quando o carro parou, usamos magia para estourar e arrombar as portas, saímos preocupados e correndo em direção a Cole e Sirina. Ela estava em estado de choque, paralisada, agarrada em seu abraço, tremendo como se fosse de papel. Cole estava a segurando firme e com ódio nos olhos, suas roupas estavam rasgadas, e ele estava com sangue pelo corpo, era dele mesmo, suas feridas estavam se curando, mas o sangue ainda estava lá. Escutei um barulho, me virei para trás, soldados, não muitos, mas o suficiente para causar dor de cabeça, e no meio deles, uma figura de capuz, a única coisa que dava para ver era seu olho brilhando em um vermelho que eu nunca havia visto. Antes que eu me preparasse. Cole se levantou, entregou Sirina para nós, e começou a correr em direção e eles, se transformando.
- Eu vou matar cada um de vocês! - Ele gritou.
Ele se transformou, tomado pela raiva, se jogou no meio de todos e começou a estraçalhar os soldados, me transformei logo em seguida, mas minha cabeça recebeu uma pontada fortíssima, não sabia ao certo, mas parecia vir da figura encapuzada, sem pensar muito, fui para cima daquilo, seja lá o que fosse ou quem, voei por todos os soldados e Cole, tentei desferir um murro, mas a figura segurou, me afastei, e tentei outro golpe, bloqueado novamente, de novo, de novo, de novo, e de novo. Me estressei e lancei uma rajada de magia naquilo, acho que ele não esperava isso, porque o golpe o acertou, e tirou a túnica que ele usava e encobria sua identidade, mas o que veio depois, nem mesmo eu esperava, era eu, aquilo era eu, uma versão corrompida, como aquela mulher havia dito, então ele já estava aqui? E que porra era aquela? Como uma versão de mim mesma estava aqui, e quais eram as diferenças de forças entre nós? Fiquei paralisado, sabia que ia acontecer, mas não sabia que seria agora, ele sorriu.
- Olá Sam. - Disse ele.
- O que caralhos é você? - Perguntei.
- Eu sou você, ou pelo menos o que deveria ser.
- E o que seria?
- Uma praga, que consome e destrói tudo, venha comigo Sam, me deixe te mostrar o quão forte podemos ser, faremos todos se curvarem sobre nossos pés.
Olhei ao redor. Cole dando a vida para massacrar os soldados, Siri agarrada em Emy, eu não podia deixá-los, não podia deixar meus amigos, minha família, eu não os deixarei, jamais.
- A única coisa que você vai conseguir de mim, será uma guerra, que não acabará, nunca, eu jamais vou deixar minha família ser merda, então vai se foder. - Afirmei.
- Se é assim que quer, então que seja.
Ele simplesmente avançou em minha direção e me pegou pelo pescoço, apertando e olhando no fundo dos meus olhos enquanto ria da minha cara. Chutei sua mão, e estalei os dedos, fazendo fogo sair de minhas mãos e acertar seu rosto, sua pele queimou e rasgou como plástico, mas logo em seguida começou a se curar, ele partiu para cima de mim enquanto eu continuava soltando rajadas de fogo em sua direção, era inútil, ele se recuperava quase instantaneamente. Quando finalmente chegou perto de mim, socou meu peito, me fazendo voar em direção à carcaça de nosso carro. Bati com tanta força que quase adentrei o veículo. Emory e Sirina, estavam aterrorizadas encarando ele.
- Como? - Perguntou Emory.
- Existem muitos de nós, querida irmã.
- Você é um monstro.
- A sua versão da minha terra disse o mesmo, antes de eu matá-la.
Emory ficou abismada, ela não acreditava que em algum outro plano de existência, eu seria capaz de assassiná-la. Ele começou a caminhar na direção de Emory e Sirina, elas queriam reagir, mas suas pernas estavam paralisadas, assim como o resto de seu corpo. Quando estava chegando perto, Cole pulou em cima dele, ele já havia destroçado os soldados e mudou seu foco para minha versão demoníaca, ele começou a mordê-lo e a arranhá-lo, com toda a força. Eu não sabia o que fazer, precisava de forças, precisava de ajuda, senti um vento bater em mim, fechei meus olhos, e vi ela, a garota do deserto, ela sorriu para mim. "Você consegue, use todo o seu poder, não somente a escuridão". Depois que escutei ela dizer aquilo, abri meus olhos, meu outro eu, estava jogando Cole no chão.
- Vocês são patéticos. - Ele disse.
Ele se preparava para dar um soco em Cole, talvez o machucasse muito, talvez, chegasse a um nível de emergência, senti a escuridão percorrer todo meu corpo, mas senti luz, a energia do Posity estava em mim, comecei a me levantar com uma energia imensa, em minhas mãos, aquela espada surgiu novamente, ela era grande, enorme, mas agora, já não pesava tanto, não para mim pelo menos, eu arremessei a espada na direção da minha outra versão. A espada acertou sua mão, centímetros antes de chegar em Cole, ele recuou, deu alguns passos para trás, e me olhou assustado, então eu podia por medo dele, podia impor presença.
- Não, não, não. - Disse ele com raiva. - Não era para você estar nesse nível, eu deveria ter chegado antes, você deveria aceitar se tornar um Void, assim como eu.
- Ficou com medo?
Minha pele lentamente foi mudando de cor, já não era mais cinza, nem cheia de correntes, minha pele estava em um tom de branco prateado, as correntes, e as roupas de ferro, sumiram, e deram lugar a um saiote preto, meu cabelo aumentou de tamanho, chegando ao fim de minha coluna, e se tornou branco, fiz um movimento com a mão, e a espada simplesmente retornou voando, direto para mim.
- Vou fazer com que se arrependa até de ter nascido, seu inseto. - Afirmei.
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Crônicas de Lua & Sangue
HorrorCole, vivia sua vida ligeiramente tranquila em Nova Orleans, mas após cair nas garras do amor, sua vida se transformaria em uma batalha sangrenta. Agora, ele, junto com Emory, devem sobreviver, enquanto buscam provar que algumas lendas, são mais rea...