Reanimado

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Fomos transportados direto para um cemitério, Cole estava incrédulo com a ideia, olhei em volta buscando o tumulo de Alejandro.

- Como você sabe... - Disse Cole enquanto me agarrava pelo pescoço e me puxava para perto. - Como sabe sobre Alejandro? 

- Eu e a garota do deserto acabamos fofocando um pouco. - Afastei as mãos dele. - Confie em mim Cole, sei o que estou fazendo.

- Sabe mesmo? Ou está seguindo ordens?

- Pelo menos vou devolver seu pai para você, porra!

Nos encaramos um pouco, não o culpo nem julgo, acho que se um deles morresse, e alguém chegasse com a proposta milagrosa de trazê-los de volta, eu também ficaria puto, esperança é uma arma perigosa, ela pode vencer batalhas que estão praticamente perdidas, assim como pode destruir nações, antes que a batalha comece. Cole tomou a frente, e andou pelo cemitério, apenas fazendo um sinal para que o seguíssemos, e assim fizemos, dava para vera dor nele, um puta homem grande e musculoso, mas bastou uma alfinetada no ponto cego de sua armadura, para que ele voltasse a ser tão frágil e inocente como um bebê. Chegamos ao tumulo, Cole o encarou sem saber o que fazer.

- Não precisa fazer isso, eu tiro ele para você irmão. - Disse enquanto segurava seu ombro.

- Não, eu tenho que fazer isso, é meu dever. - Disse Cole, segurando o choro.

- Como quiser.

Dei alguns passos para trás, me juntando as meninas, cruzamos os braços enquanto observávamos Cole pegar uma pá, que havia perto do tumulo, ele observou a terra abaixo de seus pés, exitou, mas começou a cavar, lentamente, como se aquilo esculpisse uma parte de sua alma, como se fosse de vidro. 

- O que ele esta fazendo? Por que está tão triste? - Perguntou Sirina.

- Aquele é o pai adotivo dele, ele foi morto pelo Tristan. - Explicou Emory.

- Acha melhor eu ir lá ficar com ele? - Perguntou Sam.

- Não, deixa comigo. - Disse Emory.

- Espera. - Sirina segurou Emory. - Me deixa fazer isso, o pai não tem muita afinidade comigo ainda, e eu não culpo ele, um vampiro assassinou a família dele, e matou o pai adotivo dele, minha espécie só trouxe desgraça para ele até hoje, mas eu não sou o Tristan.

Sirina caminhou lentamente, quando chegou, Cole estava chorando silenciosamente. Ela o abraçou pelas costas e apoiou sua cabeça em seu ombro. Cole paralisou, a raça que havia destruído sua vida estava ali, o confortando, ele fincou a pá no chão, se virou, e encarou Sirina nos olhos, pensamos que iria haver uma briga, me preparei para começar a andar e tirar Siri de lá. Emory me segurou.

- Espera. - Disse ela.

Olhei para os dois, Cole se rendeu e abraçou Sirina, enquanto deixava sua mágoa e ódio se esvaírem de seu corpo, em forma de lágrimas, ele ficou no abraço por um tempo, mas logo depois voltou e pegou a pá, mas pediu para que Sirina ficasse lá com ele, não nos aproximamos, apenas ficamos de longe olhando, era um momento único e mágico dos dois, e não queríamos atrapalhar, mais algum tempo, e um barulho de madeira foi ouvido, a pá havia chegado ao caixão. Cole jogou a pá de lado, pegou uma das alças do caixão, enquanto Sirina tomou iniciativa e pegou a outra, os dois, juntos, puxaram o caixão para fora. Eu e Emory começamos a ir em direção aos dois, mas sem dizer ou fazer nada, estávamos como simples telespectadores, Cole começou a tremer, Sirina segurou sua mão, e juntos eles abriram o caixão, e lá estava Alejandro, seu corpo, estava milagrosamente conservado, Cole e Sirina o retiraram de seu aposento de paz, ele segurou Alejandro no colo, e o trouxe para perto de seu rosto.

- Você vai voltar meu velho. - Disse Cole.

Começamos a caminhar novamente para a entrada do cemitério, onde estava a areia que nos trouxe aqui, quando chegamos lá, a areia nos levou até o topo de uma montanha, nem sabíamos nossa localidade exata, mas estávamos embaixo de uma enorme árvore de Sakura, lá, havia um pentagrama no chão, com alguns símbolos antigos, não sabia reconhecer, mas tudo era feito de areia, então eu tinha uma noção de onde aquilo estava vindo, havia também um livro, e diversos objetos. Peguei o livro, e ele se foleou sozinho, até uma página escrito "Dib loo nooleeyay.". Eu nunca havia escutado aquele idioma, mas sabia que significava "Reanimado". Havia um breve resumo, e uma parte que parecia um tipo de receita. 

- Aqui, achei. - Disse.

- O que fazemos agora? - Perguntou Cole.

- O corpo deve ser posicionado no meio do pentagrama, e uma bruxa nascida da luz, com disposição a escuridão, deve recitar o feitiço, trazendo a alma de volta ao corpo, e afastando a escuridão, para que o corpo seja reanimado da forma correta, sem nenhum intruso, sem danos, ou então sem alma. - Li para todos.

Emory encarou todos, ela estava com medo, e todos podiam ver isso.

- Amor, você não precisa...

- Não, eu faço!

O corpo foi posicionado, todos ficaram em volta de Emory, entreguei o livro com o feitiço para ela, ela se preparou, respirou fundo, e então começou a recitar as palavras.

- Hadda waxaan ku baaqayaa, Alejandro, kuwii dhintay ka soo kac oo jidhkaaga deg, meel kasta oo aad joogto ka soo noqo, dhimashadu kuma soo gaadhi doonto, oo waxaad noqon doontaa feejignaan aan qalbi lahayn, oo aan naf lahayn, socod ku dhex mara dunida kuwa nool ee ka yimid. dunida kuwii dhintay, Waxaad la iman doontaa waxaad u baahan tahay, iyo wax kale, wax ka baxsan.

Conforme ela foi pronunciando as palavras, rajadas violentas de vento nos cercavam, pétalas da árvore caíram em cima do corpo, algumas partes da árvore racharam, e fogo saiu delas, um fogo azul-claro, as pétalas cobriam cada vez mais o corpo, até não aparecer mais, o chão se rachava, de repente, as pétalas de Sakura começaram a esfumaçar, e delas surgiu um enorme fogo azul, nenhum de nós estava entendendo, Cole queria se jogar no fogo para salvar o corpo de Alejandro, mas Siri não deixou, e o segurou. O fogo queimava e ardia, estalos eram ouvidos, e do nada, uma mão atravessou a coberta de pétalas e surgiu pegando fogo, a outra se levantou, elas se apoiaram no chão, e com toda a sua força e nova vitalidade, Alejandro levantou, e emergiu das cinzas, pegando fogo, havia raiva em seu olhar, apesar de estar pegando fogo, ele não sofria dano, o fogo estava vindo dele, era quase como se ele fosse o fogo, suas roupas, permaneciam intactas em meio as chamas, todos olhamos para ele surpresos e estáticos, era ele, estava diferente, parecia mais jovem, mais disposto, mais posturado, com algumas habilidades novas, mas era ele, Alejandro estava de volta!

Crônicas de Lua & SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora