Sussurros do passado

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Eu havia desmaiado de sono, após fumar alguns cigarros e pensar no passado, pensar nas brigas, as mortes, o sangue que havia se acumulado em minhas mãos, tudo por causa daquele maldito, Tristan, aquele desgraçado, se hoje em dia sou condenado pelo monstro que sou, ele foi a causa de tudo que me tornei, e não permitirei que ele coloque as mãos em Emory, se houver chance de arruinar os planos dele, e mantê-la viva, eu farei. Eu estava acordando, os pássaros já haviam começado a cantar, os sons de uma manhã comum em Nova Orleans já haviam começado a soar, eu abri meus olhos lentamente, graças as janelas e persianas fechadas, nenhuma luz me cegou, olhei para os lados, tudo estava calmo, olhei para o relógio na parede, marcava 07:00 da manhã.

- Maldição, por que caralhos acordei tão cedo assim?

Olhei para baixo, as bandagens que eu havia colocado em mim estavam meio manchadas de sangue, então eu as tirei, apenas para verificar o que eu já tinha quase certeza, minhas feridas, estavam cicatrizadas por completo, sem nem deixar marcas ou cicatrizes.

- Perfeito, você continua gostosão.

Disse para mim mesmo, enquanto me levantava com preguiça, apenas para pegar um gole de Absinto, com o sono que eu estava e um gole dessa maravilhosa bebida, eu provavelmente dormiria até mais tarde, e poderia descansar mais um pouco, peguei então um copo de shot, e completei ele, logo em seguida, ergui o copo para cima.

- Saúde.

E em um movimento rápido, virei o copo, apenas para sentir a bebida descer rasgando minha garganta, o álcool da bebida se espalhando por todo o meu corpo, e o cheiro do Absinto subir no ar.

- Agora sim, estou pronto pra capotar novamente.

Andei na direção do sofá, mas no meio do caminho parei e olhei pro quarto, andei até a porta, e lá estava Emory, ela dormia como um anjo, aparentava estar em um sono tão profundo, que dava dó só de imaginar a ideia de ela ser interrompida, quando reparei, estava de boca aberta olhando ela, fechei, no exato momento em que reparei, mas a visão que eu estava tendo, os cabelos ruivos, lisos, e hidratados, caídos sobre seus ombros e costas, sua pele clara, que se destacava até mesmo no escuro do apartamento, seu corpo tão relaxado, como se fosse a primeira vez que tivesse sentido tanto conforto em um lugar onde sabia que estaria a salvo, deixei um sorriso escapar, mas aquela visão de fato me deixou besta. Me virei e andei até o sofá, só para me jogar, e apoiar minha cabeça em um de meus braços, e deixar o outro estendido do lado de meu corpo, cruzei as pernas e fechei meus olhos.

- E lá vamos nós...

Pouco tempo depois, adormeci, é incrível o que um gole de uma boa bebida pode fazer, dormi profundamente e senti meu corpo relaxar. Horas depois, enquanto eu dormia, completamente apagado, Emory acordou, ela abriu seus olhos, bocejou, esfregou seus olhos com os dedos, e se levantou, olhou ao redor, e andou para fora do quarto, tudo para me ver deitado, com o braço direito apoiando minha cabeça servindo de travesseiro, e meu braço esquerdo estendido por cima de meu corpo, ela encarou seriamente enquanto observava cada detalhe de meu corpo, cada fibra de músculo definida, cada brilho que meu corpo pudesse estar emitindo pelo pouco de suor, ela corou de vergonha depois que reparou o que estava fazendo, então foi para a cozinha, e decidiu fazer um café da manhã, começou pegando algumas fatias de pão, passando geleia, e cortando em formato de triângulo, logo em seguida, fez um café, o cheiro foi tão forte, que quando chegou em meu nariz, eu simplesmente abri os olhos, sem que ela percebesse, eu comecei a observar ela, fiquei a admirando por um tempo.

- Alguém acordou inspirada.

- Cole, você já acordou, bom dia.

- Bom dia ruiva.

Crônicas de Lua & SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora