A chave

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Eu iria fazê-lo pagar, por tentar machucar minha família, por tentar me humilhar, e me converter a esse culto maligno dele, e também, por querer machucara garota do deserto. Eu iria fazê-lo se arrepender, ele iria pagar, e seu pagamento seria caro, e cruel, seu pagamento, deveria ser feito, com sangue.

- Maldito, não vou deixar alcançar seu equilíbrio. - Disse ele.

- Quero ver tentar me parar Void. - Retruquei.

Empunhei a espada e fui para cima dele com toda a velocidade, eu estava muito forte, meus sentidos e habilidades, todos haviam ficado bem mais fortes, eu tinha uma chance de ganhar dele, mas o ponto principal, era usar o medo que já havia colocado na cabeça dele, e mostrar confiança, além disso, só preciso usar e abusar dessa nova transformação. Já em sua frente, desferi um golpe com a espada, e com um de meus pés, empurrei Cole para trás. Quando a espada estava prestes a cortar Void, ele colocou a mão na frente, pude ver fumaça, e então, uma manopla surgiu em sua mão, parecia uma manopla de armadura antiga, mas um pouco mais gótica, ela tinha espinhos e pontas afiadas, ele fez outra manopla surgir, ficando com as duas mãos revestidas, e avançou em minha direção, consegui esquivar com um salto, por pouco, direcionei a espada para baixo e a joguei com toda a força, ele desviou, e a espada se fincou no chão. Ele tentou outro golpe, mas eu me esquivava sempre, peguei a espada e parti para cima também. Ficamos nesse jogo por um bom tempo, quando não estávamos desviando de ataques que causariam um dano enorme em nós, estávamos rebatendo, defendendo, e contra atacando, ao mesmo tempo, em que parecia que um de nós estava na vantagem, logo eramos surpreendidos por um ataque surpresa, todos podiam sentir a tenção no ar, cada golpe era quase como um terremoto. Cole ficou alerta, mas não se enfiou no meio, ele sabia reconhecer seus limites, e sabia que aquela era uma briga que ele não poderia se meter nem se quisesse, ele ficou cuidando das meninas, para caso algum outro soldado aparecesse. Senti a espada pesar um pouco, achei estranho, mas ignorei. "Você tem que acabar com isso logo, não dominou essa transformação, e não vai aguentar por muito tempo.". A garota do deserto, ela está aqui? Pode me ver? Não, não posso pensar nisso, não agora, preciso achar uma forma de ganhar desse imbecil. Se ele é uma versão maligna minha do futuro, como eu pensaria... É isso, o ego, é onde vai doer nele. Parei de lutar, fechei meus olhos, e comecei a respirar, deixando minha guarda aberta.

- Desistiu? - Perguntou o Void.

Eu o ignorei, e continuei respirando. Ele se irritou, deu para perceber pela forma de se movimentar, mesmo de olho fechado, as batidas no chão, causadas por seus pés, o ar que se quebrava com cada movimento seu, sua respiração, a velocidade e a força com a qual puxava e expurgava ar de seus pulmões. Estava conseguindo, só precisava ter calma. A cada segundo, sentia meu corpo pesar mais e mais, sentia minha força se esvaindo, a garota do deserto estava certa, preciso dominar isso, para que eu não seja dominado por ele.

- Espera, você não dominou sua transformação né? - Perguntou o Void. - Seu corpo está mudando de cor, e voltando a cor de um bruxo comum.

Continuei sem falar uma palavra sequer, não deu ouvidos a ele, embora dava para sentir meu corpo coltando ao normal. Ele se estressou, e decidiu dar um golpe final.

- No estado em que está, não vai conseguir me parar. - Disse ele.

Ele avançou em minha direção, com a mão mirando no meu peito, pronto para arrancar meu coração, eu escutava e sentia cada passo que ele dava. "Você só tem uma chance, Sam, eu sei que consegue, acredito em você.". Ela estava certa, e eu sabia disso, era agora ou nunca mais. Deixei que ele se aproximasse, e chegasse perto o suficiente. Assim que ele chegou, a centímetros de meu peito, já dando para sentir a fina barreira de ar entre meu peito e sua mão se quebrando, me movi. Estava reunindo forças, então, as liberei de uma só vez, com um movimento forte e rápido, fiz a espada viajar pelo ar como se fosse um raio, ela iria atingir seu pescoço, mas ele conseguiu levar uma de suas mãos até a frente da lâmina, já a outra mão, não teve tempo, cortei um de seus braços na altura do cotovelo, e trinquei sua manopla, mas infelizmente não consegui cortar o pescoço do desgraçado, ele voou por alguns metros, e agora, ele era quem estava batendo contra a carcaça de nosso carro, mas desta vez, ele afundou nela. Perdi minhas forças, a espada caiu e se fincou no chão, eu voltei direto para minha forma humana, estava esgotado, podia até dizer que quase me sentia como um humano qualquer. Cole já havia voltado a forma humana, e todos correram em minha direção.

- Você está bem? - Sirina e Emory perguntaram juntas.

- Eu acho que preferia ter morrido... - Respondi.

Elas riram e pularam em minha direção me abraçando, eu retribui, da melhor forma que pude. 

- Que porra é essa Sam? - Perguntou Cole, olhando para a espada.

- Eu ainda não sei, mas preciso descobrir e rápido.

Escutamos um barulho, a carcaça do carro se abriu, e o filho da puta ainda estava disposto a batalhar, ele sangrava e estava ofegante, começou a andar em nossa direção, cada passo parecia exigir uma energia enorme dele, mas ele não se rendia.

- Malditos... eu vou matar... cada um de vocês... Você era o único capaz de salvá-los de mim, Sam, agora vão todos morrer.

Como um passe de mágica, uma nuvem roxa passou por seu corpo, e devolveu a ele, a vitalidade da qual ele precisava, ele então se preparou, e invocou a manopla novamente, e correu em nossa direção. Todos esperamos pelo pior, damos as mãos e ficamos esperando, é provável que eles tentariam lutar, mas talvez, só talvez, a única capaz de entrar em conflito com ele seria Emory. Ele gritava enquanto corria em nossa direção. De repente senti um vento, um vento calmo, e, ao mesmo tempo, agressivo, gélido, porém, também era quente, reconhecia o cheiro, me era familiar, foi então que vi, algo brilhava em minha frente, era pequeno, parecia até um grão, era um grão, um grão de areia, mais e mais grãos começaram a surgir, e o vento ficava mais e mais forte, de repente, uma barreira enorme de areia se formou entre ele e nós.

- Você! O que você faz aqui, sua puta? - Gritou o Void.

- Não é da sua conta inseto. - Respondeu à garota do deserto.

Ela não estava fisicamente materializada, mas a areia que ela havia reunido fez grandes estacas, que se enfincaram no corpo do Void, e o perfuraram, e logo em seguida, ele foi arrastado para um buraco de areia no chão, que funcionava como uma espécie de portal, mas diferente. Logo em seguida, a areia se reuniu abaixo de nós, forrando o chão.

- Vocês precisam ir atrás de uma coisa, o Void está com o Tristan, e não vai deixar vocês em paz.

- Que coisa é essa namorada do Sam? - Perguntou Cole.

- Você gosta de fazer piadas desde essa época?

- Como assim?

- Ela é do futuro gênio. - Disse a ele.

- Sam, você sabe o que precisa ser feito.

- Vamos para Nova Orleans.

- O que você quer lá, Sam? - Perguntou Cole.

- Já ouviu falar dos Reanimados? - Perguntou a garota do deserto.

- Já, pessoas ou seres que morrem e são trazidos de volta. - Respondeu Cole.

- Vocês vão precisar de um, então precisam criar ele, precisam reanimar alguém, porque vocês vão crias o que o Tristan quer se tornar, um de vocês, vai cumprir a profecia, e se tornar um híbrido.

- E por que precisamos ir para lá? - Perguntou Cole.

- Porque... Eu digo o porquê Cole... - Me levantei e me preparei, pois a areia em baixo de nós já estava abrindo um portal. - Vamos trazer Alejandro de volta!

Crônicas de Lua & SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora