♤Capítulo 31- Quatro sonecas♤

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POV- Emily

Credo este moço diz tantas asneiras quanto as faz. Mas o mais impressionante é a sua maneira extremamente negativa de tudo. Ele parece ter um enorme ódio e racor dentro dele, para ver o mundo assim...

Fico sem saber o que lhe responder a tanta negatividade e com medo de piorar a conversa acabo por tentar mudar de assunto para suavizar o ambiente.

-Hmm... talvez quando conseguires as tuas conquistas e encontrares algo e alguém que gostes, mudes de perspetiva. -ele olha-me novamente pelo canto do olho sem rodar o pescoço o mínimo se quer. - São coisas que vais descobrindo aos poucos ao longo da vida. Se conseguissemos ter tudo de uma vez qual seria a pica de viver?

Deixo a pergunta no ar para ele e levanto-me indo à sala. Pego num pequeno cobertor polar e volto para junto do Yeonjun. Sento-me ao seu lado, tapo as minhas pernas com metade do cobertor e atiro a outra metade para cima dele. Ele assusta-se estranhando a minha atitude e olha-me desconfiado.

-Que foi? Tapa-te. Está um frio horrível.

-Tu é que quiseste vir cá para fora.

-Sim, porque também não estava muito interessada no filme e também gosto de apreciar o céu noturno, apesar daqui não se ver grande coisa.

Ele já não comentou mais nada e apenas deixou-se ali ficar comigo. Sei que o Yeonjun era alguém muito instável e perigoso mas no final acabo sempre por voltar a conviver com ele de alguma maneira. Contudo aos poucos vou percebendo melhor os seus limites e já não brinco com o fogo como brincava antes. Já tive a minha queimadura e aprendi a lição. Mas ainda me faltava dar-lhe a volta com os estudos. Pergunto-me cada vez mais se é realmente a mim que me quero ajudar ou a ele. Parece não haver benefício para os dois ao mesmo tempo. Ou deixo a ele para me concentrar só em mim e brilhar eu no final, ou perco tempo pra mim para o ajudar a ele a brilhar.

-Venham jantar!

Após algum tempo a minha tia chama-nos para jantar e sentámo-nos todos juntos. Enquanto íamos comendo em silêncio todos iam assistindo atentos o resto do filme, ao que parecia só eu e o Yeonjun é que estávamos à toa. Quando terminámos a minha tia disponibilizou-se a levar cada um a casa mas o Yeonjun insistiu que iria a pé sozinho.

-Tens a certeza? Está muito frio, ainda por cima só tens essa camisola minha que te emprestei.

-Não há problema. Não tenho frio. Eu vou bem assim, depois devolvo-te-a.

Ele acenou por alto a todos com pouca empatia e meteu-se a caminho a pé. Ficámos  um bocado sem saber como reagir, foi estranho mas pronto, não o podiamos obrigar a aceitar boleia. Sendo assim fiz companhia à minha tia enquanto levava os meus amigos e voltámos para casa. Quando entrei no quarto corri para a cama e atirei-me para cima dela.

...

Acordei num salto quando me lembrei que tinha desligado o alarme e deixei-me voltar a adormecer na cama. Olhei às horas e faltava 20 minutos para os portões da escola fecharem.

Despachei-me tão depressa quanto pude. Nem comi nada e saí disparada de casa a correr para o colégio.  Consegui chegar a horas exatas do portão fechar, entrei e segui para a sala. Felizmente ainda estavam todos a ajustarem-se nos seus lugares. Sentei-me no meu lugar ao lado do Yeonjun.

Olha...veio...

-Vens a fugir de alguém? -pergunta-me.

-Pensei que fosse chegar atrasada. Foi quase.

-Tens assim tanta energia logo de manhã para correres para o colégio?

-Energia não diria mas sim medo. De ter mais faltas e perder mais materia, sinto que tenho perdido muita. Não estou de todo focada. -falo enquanto me instalo.

O rapaz ao lado / Choi Yeonjun Onde histórias criam vida. Descubra agora