♤Capítulo 34- Uma tarde tensa♤

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POV- Yeonjun

Esta sensação calma, porém disparou o meu coração a pulsar o sangue ao contrário.

Pisquei os olhos tentando descer à realidade do momento. Senti uma dor começar a latejar nos nós dos dedos. Olhei às mãos e tinha-as ensanguentadas com os nós das costas das mãos e ficarem negros. Voltei a olhar para ela e o seu olhar tremeu, de seguida desviou-o e observou as coisas derrubadas pelo chão. Olhei também em volta e percebi a merda que tinha feito.

Não devia ter agido assim. Fiz merda outra vez. Mas não consegui mesmo controlar mais. Estava mesmo irritado, mas desta vez não era por causa dela e sim de mim. Voltei a olhar para ela tentando perceber como ela estava a reagir ao meu mau temperamento. Ela estava muito estranha ao que passou por mim acelerada, contornou-me e foi-se embora a correr.

Então! Onde é que ela vai? Vai me deixar aqui sozinho!? Ainda por cima com isto tudo para arrumar. Cabra, como é que se atreve a abandonar-me assim e a ignorar-me depois de ter passado mal. Quase tive um ataque cardíaco.

Fiquei indignado com a audácia dela a abandonar-me. Decidi não forçar mais nada por hoje e comecei a apanhar tudo do chão e a arrumar. Entretanto ela apareceu pouco tempo depois, veio para o meu lado e agaixou-se no chão como eu. Estranhei o comportamento dela e apenas observei-a. Ela pegou o meu pulso e levantou-se lentamente do chão puxando-me devagar com ela, testando-me se a acompanhava.

O meu corpo arrepiou-se com o toque das suas mãos geladas, tentei olha-la nos olhos para perceber a sua intenção e proteger-me mas não consegui pois ela mantinha a cabeça baixa assim como o olhar. Quis desprender-me dela imediatamente mas parecia que o meu corpo não tinha reação.

Vi-a analisar os meus ferimentos por segundos, depois rodou o corpo, caminhou até junto da mesa de estudo comigo e sentou-se numa cadeira obrigando-me a sentar ao seu lado. O seu corpo minúsculo virou-se de frente para mim e comecei a sentir-me muito desconfiado. Fiquei também de frente para ela e vi um pequeno kit de primeiros socorros ao lado na mesa.

Calmamente embebeu um algodão em água oxigenada e espremeu algumas gotas com precisão em cima das feridas da minha mão e depois a outra. De seguida tirou um rolo de gaze e enrolou as minhas mãos cobrindo bem todos os ferimentos.

-Não as tires, por favor. -a voz dela sai tão tímida que quase mal a oiço.

-Porquê?

O que é que isso lhe interessa?

-Porque não devias tratar-te desse jeito. É o que o Nael quer.

As palavras dela tinham acertado em cheio na razão. Pareceu uma faca a cravar-se em mim e ao mesmo tempo um fecho de luz. Custava-me ademitir mas era isso mesmo que aquele filho da puta queria. Que eu me fodesse. Foi aqui que cai na realidade e tudo me fez sentido.

...e o outro cabrão de merda do Oliver também. Ainda assim de onde é que esse desgraçado apareceu. Eu nem sabia que ele andava neste colégio também. A pensar que finalmente me tinha livrado dele, afinal ainda não.

Não fui capaz de responder. Calei-me. Quem cala consente. Olhei o estado das coisas e levantei-me da cadeira para continuar a apanha-las.

Sinto-me frustado. Muito aliás, porque no fundo até estava disposto a tentar resolver tudo, mas sempre que tento há imensa coisa a desafiar-me pra correr tudo mal e o pior não é isso. O pior mesmo é que eu sei e tenho consciência que as coisas acabam sempre mal para mim, contudo nunca me consigo controlar e é aí que me lixo. Mais um vez perdi a noção de mim e deixei-me ser consumido pelas emoções. Ainda tentei concentrar-me mesmo no estudo mas a minha cabeça está em muita merda ao mesmo tempo e sinto-me stressado por não chegar a lado nenhum por mais que tente. Talvez devesse desistir. Já estou na merda de qualquer das formas...

O rapaz ao lado / Choi Yeonjun Onde histórias criam vida. Descubra agora