Capítulo 9

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Depois de a primeira reunião na editora, os dias pareciam estar passando depressa, assim como o processo de publicação do livro.

Lena releu Inconstant como profissional, ainda que mantivesse todo o amor que criara por aquela história, não a poupou do seu olhar crítico. Porém, apontara tão poucas coisas para serem modificadas que Kara teve de perguntar várias vezes se ela tinha certeza absoluta que era só aquilo. Com a revisão feita e refeita, o próximo passo era continuar os detalhes da capa, das orelhas e da contracapa. Kara optou por deixar a sinopse na primeira orelha e não na contracapa, pois essa que teria quase a mesma arte da capa levaria um trecho da história que fez questão que Lena escolhesse.

- Kara, mas o livro é seu, você é quem deve escolher.

- Se o livro é meu, eu decido quem escolhe e será você - deu um sorriso presunçoso quando percebeu que havia ganhado a discussão e observou os cantinhos dos lábios de Lena se curvarem num leve sorriso que não passou despercebido por ela. Por tudo o que a morena fizera pelo seu livro e por ela como autora, nada mais que justo que tivesse nos exemplares além do seu nome na folha de rosto.

O dia estava chegando ao fim, Kara encontrava-se caminhando de volta para casa em passos lentos quando seu celular começou a tocar no bolso da calça. Leu o nome sem se dar conta de que sorria antes de atender.

- Oi.

- Pode falar agora?

- Claro.

- O que está fazendo?

- Indo para casa.

- Tem como vir até a editora?

- Sim. Algo errado?

- Não, muito pelo contrário, só tem algo que quero que veja em primeira mão.

- Chego em minutos.

- Estarei esperando.

Encerrou a ligação e esperou por um táxi.

Era de praxe prestar atenção no lado de fora sob o som de alguma música que tocava baixo no rádio do carro. Tinha uma sensação de plenitude quando isso acontecia somando o tanto de sensações boas que haviam apossado de si no momento que vivia. Se não acreditasse que tudo acontece na hora certa, certamente se perguntaria o porquê de isso não ter acontecido antes.

O tempo que decorreu enquanto tinha que se dividir entre o jornal e a editora serviu para que a convivência com Lena só crescesse e então, Kara podia afirmar com toda convicção que estabeleceram uma amizade além do profissionalismo.

Permitia-se ser ela mesma quando estava próxima de pessoas que lhe davam a sensação de liberdade e Lena lhe dava a impressão de estar em casa, de poder mostrar quem era sem resguardos.

Aos poucos perdeu a vontade de ter que calcular qualquer palavram de pensar várias vezes antes de agir, de se prender diante da morena. Estava segura em poder oferecer  o que tinha de melhor e tinha ainda mais prazer nessa relação que estava crescendo por ser de uma reciprocidade inigualável. Era uma troca. Lena a conhecia enquanto se fazia conhecida.

A editora estava vazia assim como na primeira vez que Lena solicitou sua presença, exceto por Kate que ainda permanecia ali.

O ambiente já fazia parte da sua rotina, ganhou conhecimento de quase tudo devido às horas que dedicava a estar presente na criação do seu livro, e por mais que já tivesse se tornando um hábito estar ali, tudo ainda tinha um toque de novo e era uma emoção diferente das outras a cada vez que colocava seus pés naquele quinto andar.

Paradoxo (SuperCorp)Onde histórias criam vida. Descubra agora