Depois de a primeira reunião na editora, os dias pareciam estar passando depressa, assim como o processo de publicação do livro.
Lena releu Inconstant como profissional, ainda que mantivesse todo o amor que criara por aquela história, não a poupou do seu olhar crítico. Porém, apontara tão poucas coisas para serem modificadas que Kara teve de perguntar várias vezes se ela tinha certeza absoluta que era só aquilo. Com a revisão feita e refeita, o próximo passo era continuar os detalhes da capa, das orelhas e da contracapa. Kara optou por deixar a sinopse na primeira orelha e não na contracapa, pois essa que teria quase a mesma arte da capa levaria um trecho da história que fez questão que Lena escolhesse.
- Kara, mas o livro é seu, você é quem deve escolher.
- Se o livro é meu, eu decido quem escolhe e será você - deu um sorriso presunçoso quando percebeu que havia ganhado a discussão e observou os cantinhos dos lábios de Lena se curvarem num leve sorriso que não passou despercebido por ela. Por tudo o que a morena fizera pelo seu livro e por ela como autora, nada mais que justo que tivesse nos exemplares além do seu nome na folha de rosto.
O dia estava chegando ao fim, Kara encontrava-se caminhando de volta para casa em passos lentos quando seu celular começou a tocar no bolso da calça. Leu o nome sem se dar conta de que sorria antes de atender.
- Oi.
- Pode falar agora?
- Claro.
- O que está fazendo?
- Indo para casa.
- Tem como vir até a editora?
- Sim. Algo errado?
- Não, muito pelo contrário, só tem algo que quero que veja em primeira mão.
- Chego em minutos.
- Estarei esperando.
Encerrou a ligação e esperou por um táxi.
Era de praxe prestar atenção no lado de fora sob o som de alguma música que tocava baixo no rádio do carro. Tinha uma sensação de plenitude quando isso acontecia somando o tanto de sensações boas que haviam apossado de si no momento que vivia. Se não acreditasse que tudo acontece na hora certa, certamente se perguntaria o porquê de isso não ter acontecido antes.
O tempo que decorreu enquanto tinha que se dividir entre o jornal e a editora serviu para que a convivência com Lena só crescesse e então, Kara podia afirmar com toda convicção que estabeleceram uma amizade além do profissionalismo.
Permitia-se ser ela mesma quando estava próxima de pessoas que lhe davam a sensação de liberdade e Lena lhe dava a impressão de estar em casa, de poder mostrar quem era sem resguardos.
Aos poucos perdeu a vontade de ter que calcular qualquer palavram de pensar várias vezes antes de agir, de se prender diante da morena. Estava segura em poder oferecer o que tinha de melhor e tinha ainda mais prazer nessa relação que estava crescendo por ser de uma reciprocidade inigualável. Era uma troca. Lena a conhecia enquanto se fazia conhecida.
A editora estava vazia assim como na primeira vez que Lena solicitou sua presença, exceto por Kate que ainda permanecia ali.
O ambiente já fazia parte da sua rotina, ganhou conhecimento de quase tudo devido às horas que dedicava a estar presente na criação do seu livro, e por mais que já tivesse se tornando um hábito estar ali, tudo ainda tinha um toque de novo e era uma emoção diferente das outras a cada vez que colocava seus pés naquele quinto andar.
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Paradoxo (SuperCorp)
FanfictionO amor de Lena Luthor por histórias românticas nascera para realizar sua vontade de vivenciá-las, já que para ela, o sentimento mais avassalador só existia dentro dos livros. Sua profissão surgiu da necessidade de ajudá-las a se tornarem, de certo m...