Capítulo 7

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"Spread your wings and fly away

Fly away, far away

Spread your little wigns and fly away

Fly away, far away

Pull yourself together

'Cos you know you should do better"

Em um silêncio constante e cômodo, adentraram o Café e em uma direção que os pés de ambas já conheciam, os de Lena mais que os de Kara, alcançaram a mesa no canto, afastada das demais, ao lado do vidro que lhes permitiam apreciar o lado de fora. Os pedidos também foram anotados com rapidez, novamente sem que Danvers precisasse dizer o seu, e a outra pedir por ela não a incomodava nem um pouco, afinal, era um sinal de que Lena a conhecia o mínimo suficiente para saber que não mudaria seu pedido. Talvez num outro dia.

Era uma boa combinação a companhia de Lena e um café forte, junto da música de alguma banda de rock clássico que tocava baixo, mas alto o suficiente para entrar no compilado de detalhes do momento ideal.

- Quero saber sobre você, Kara. Conte-me mais do que permitiu que eu visse até agora - pediu em um tom tão calmo e doce que fez Kara mais uma vez pensar que era impossível dizer não aquela mulher.

Que conhecia Kara já era uma certeza, de um modo indireto, mas que agora parecia tão direto. Conhecia Kara em letras, em palavras, em diálogos, parágrafos e até nas monossílabas. Por tudo que Kara havia deixado em sua escrita, como a própria disse, sua desconstrução e sua reconstrução, sabia até o caminho traçado que a mesma desejava atravessar, conhecia partes do seu íntimo e se sentia familiarizada com ele, isso a instigava. Contudo, ainda não era suficiente. Tinha criado um desejo de conhecer as coisas ainda ocultas, Kara era um quebra-cabeça que escondia suas próprias peças em uma brincadeira de mau gosto, mas que ainda montaria aos poucos.

- O que quer saber? Pergunte.

- Hum... Vejamos - queria responder que gostaria de saber de tudo que ela pudesse expor, mas não precisava de pressa, pressentia que haveria tempo de sobra para isso, e qual seria a graça de montar o quebra-cabeça todo de uma vez? Se Kara escondia, entraria em seu jogo e seguiria suas regras. É isso que fazem os bons jogadores. - É um romance igual a Inconstant que quer viver? - Optou por perguntar sobre questões que fugiam do seu passado. Se um dia Kara quisesse lhe contar sobre sua vida, estaria ali para ouvir e o assunto poderia até vir à tona em algum momento, porém não iria perguntar sobre isso agora se havia coisas que estavam à margem do que já tinha em mãos, as usaria.

- Depende do que você quer dizer com igual. Em relação a essência, sim. Acho que está cansada de saber que tudo aquilo não foi criado por acaso, mas não tem que ser exatamente daquela forma. Qual seria a graça de viver de novo o que eu mesma criei? E não só para mim, mas para elas. Ultimamente tem me dá vontade de desbravar novos horizontes, ou só estender o meu próprio.

Lena sorriu em sua direção. Gostava de como Kara não recuava ao olhar em seus olhos. A profundidade que eles tinham era o caminho que a levava para dentro de onde as peças estavam escondidas.

Estavam tão acomodados naquela troca de olhares que só notaram que os pedidos chegaram por terem ouvido à atendente pigarrear a ponta da mesa. Agradeceram em uníssono e então estavam sozinhas novamente.

- E você? Algo relacionado a Inconstant na caixinha de desejos?

- Acho que esse assunto fica um pouco mais complexo quando eu resolvo externar o meu ponto de vista.

- Complexidades não são ruins, ou pelo menos nem sempre.

- Você acredita que vai viver um amor com essência de Inconstant ou só deseja?

Paradoxo (SuperCorp)Onde histórias criam vida. Descubra agora