Pequenos atos são necessários para tornar explícito o que está implícito, necessários para vir à tona certezas e verdades ocultas dentro de si mesmo.
O que Kara e Lena sentiam naquele exato momento, embora estivessem em lugares diferentes se explica com a química. A sensação de bem estar, o prazer por desfrutarem da companhia uma da outra provinha da dopamina e da endorfina, liberadas em todas as vezes que estavam próximas. A oxitocina era a responsável pela empatia que tinham, a confiança que depositavam uma na outra, a segurança que Kara tinha em Lena e o apego de Lena por Kara que crescia a cada instante e vice-versa. A feniletilamina fora desencadeada pelos tais pequenos atos, como os simples toques involuntários, as trocas de olhares que prendiam, o beijo no canto dos lábios que trouxe também a norepinefrina, responsável pelo aumento da frequência cardíaca que se dava até em detalhes como ouvir a voz ou a aproximação. Todas essas substâncias e reações químicas que compõem o organismo de alguém apaixonado.
Estavam inteiramente compostas pela química da paixão.
Danvers culpava Lena pela insônia. Mesmo que tentasse pensar em outras coisas que não fosse os lábios dela tocando sua pele, falhava.
Não poderia e nem mesmo queria negar que todas as sensações clichês descritas em quaisquer histórias românticas ou ditas pelas bocas dos amantes em qualquer esquina tomaram conta do seu corpo, da sua cabeça e estavam alcançando com pressa seu coração. Enganou a si mesma quando jurou que o que sentia não passava de uma mera atração, pois uma atração não chegava nem perto de causar aquele compilado de sentimentos despertados por atos consideravelmente irrelevantes vindos de Lena.
Saiu do seu quarto e direcionou-se à cozinha para buscar um copo de água, sua boca estava seca, pensar em Lena e no que estava dentro de si trazia uma ansiedade que nem mesmo entendia a razão.
Dava frio na barriga ligar os pontos que a levaram a notar que estava apaixonada.
Era tudo tão óbvio.
A paixão chegava sem aviso, não batia na porta para entrar e muito menos pedia licença, ela simplesmente se acomodava no canto esquerdo, trazia consigo um arco-íris perfeitamente pintado que refletia e através dele a atmosfera ganhava tons vibrantes, intensos e brilhantes, ao mesmo tempo que trazia uma mínima insegurança. Insegurança essa que era descartada quando se lembrava quem era a culpada pelo seu formigamento interno, não porque tinha certeza de que era correspondida, mas porque sabia que era alguém que valia a pena.
Olhou o relógio pendurado na parede da cozinha, tinha poucas horas até seu despertador tocar, porém não ficaria totalmente em paz enquanto não externasse todas as suas constatações e havia uma única maneira de fazer isso.
Voltando ao quarto, sentou-se em frente à escrivaninha e aguardou o notebook ligar.
Há algumas semanas surgira em sua cabeça um enredo exatamente quando observava os trejeitos de Lena, ela cabia perfeitamente no perfil de uma personagem de romance e seria tão fácil e prazeroso descrevê-la, criar algo com ela, e era tão fácil quanto criar uma personagem dona de tudo o que carregava em si. Era a junção de coisas que tinha em suas mãos: um enredo e duas protagonistas.
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- Quantos litros de corretivo você vai usar para esconder essas olheiras? Está tudo bem? - Alex perguntou quando Kara apareceu na cozinha. Estava em modo automático, deu-lhe o costumeiro beijo na testa acompanhado de um "bom dia" sussurrado. - Alguém não dormiu direito.
- Por menos de duas horas.
- E qual o motivo dessa insônia?
Kara encolheu os ombros enquanto enchia a caneca de café e se sentava à frente de Alex.
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Paradoxo (SuperCorp)
FanfictionO amor de Lena Luthor por histórias românticas nascera para realizar sua vontade de vivenciá-las, já que para ela, o sentimento mais avassalador só existia dentro dos livros. Sua profissão surgiu da necessidade de ajudá-las a se tornarem, de certo m...