Festa, beijo e soco

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O por enquanto já tinha acabado, agora se juntava a ele Dorotéia, gritando quando passou na frente de sua casa para chamar sua atenção

Saiu toda arrumada de casa, segurando as barras do vestido por mais que ele fosse curto demais para sujar na lama facilmente. Ele era bege claro com detalhes azuis não muito chamativo, acompanhado de umas sapatilhas escuras de salto baixo.
Ela estava pura, extremamente pura.

Edmilson se sentia um pouco mau por apreciar de sua beldade, mas não é como se fosse a mesma vez. Sobre esta, entretanto, a culpa ainda assombra essas palavras, tente não pensar muito sobre isso, afinal estamos em festa! Pensou.

Devia ter passado algum creme em seu lindos cabelos cacheados, que estavam de repente mais brilhantes e definidos que o normal, por um momento imagionou ela aos poucos definindo seus cachos, com o pente especial que implorou a mãe para comprar.

Foi tirado, entanto de seu momento de apreciação pela mão hidratada da menina segurando a sua. Tentando segurar-se para não a soltar, foi puxado pela garota animada em direção a pequena igreja.

O lugar estava todo decorado, com fitas e flores falsas a quantidade de decorações quase  escondia as rachaduras nas paredes mal feitas, mas uma decoração específica chamava muito mais a atenção de Edmilson entre as outras.

Um arranjo de flores muito maior do que qualquer buquê que Edmilson tinha visto descansava no palanque onde antes residia a estátua de Santo Aré. Claramente colocado como uma substituição, o objeto era tão grande que ofuscava um pouco o púlpito, o que inicialmente aborreceu o padre, mas teve que aceitar calado após uma briga com as mulheres da cidadezinha.

Dorotéia e Edmilson foram se sentar, a missa já começará, a menina se culpando internamente por passar tanto tempo em seu cabelo. Mas enquanto o padre falava, ela não prestava nenhuma atenção, olhava para Edmilson entre oportunidades tentando chegar sua mão mais perto

Apreciava seu rosto extremamente básico, com  uma estrutura tão comum que se fosse em um posto de gasolina, poderia achar pelo menos dois Edmilsons.
Mas Dorotéia não ligava, estava a tanto tempo sem contato com alguém de sua idade que qualquer Zé ninguém a garota aceitaria.

Portanto, insistia em segurar a mão de Edmilson, qualquer fosse o custo!

Aproximava e aproximava, mas algo dentro de si sempre a parava. Nunca ligou para águas passadas, agora que não precisava começou?

Enquando isso, Edmilson também não ouvia a missa, mas por motivos extremamente diferentes. Nunca tinha visto a pequena igreja tão cheia, mas para ser sincero, só havia ido naquele lugar em sua infância, mesmo assim ainda procurava nos rostos desconhecidos algum familiar, de seu conhecido amigo morto.

Edmilson era teimoso, mas com tanta conversa de seu irmão e Karlene, até ele estava desconfiando de Juninho.
Sempre achou o fato do menino não saber para que serviam seus próprios remédios um pouco estranho, mas nunca compartilhou esse pensamento.

Martelava ainda em sua cabeça que aquilo tudo era muito estranho, se fosse apenas a caprieta entenderia, mas Juninho nunca forjaria sua própria morte!

E além do mais, seu pai nunca faria isso com o melhor amigo de seu filho favorito!

- É aquela história, quem procura acha.
A fala do padre já agora fora de seu personagem puro indicava que teria perdido o fim da missa em seus pensamentos, não que realmente ligasse.

- Vamos...vamos ir nas vendinhas!- Chamando a atenção de Edmilson com seus olhos de petróleo Dorotéia descobre estava menos animada e mais...ansiosa.
Puxando ele para as vendidas que, na opinião de Edmilson não tinham nenhuma comida visivelmente bonita o suficiente para querer consumir.

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