FESTA

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Neteyam pov

Depois de eu e Lo'ak encontrarmos nossas irmãs, fomos nos despedir novamente de nossos pais, mas eles já não se encontravam mais lá. Acho que a noite deles vai ser boa. Que nojo. Pensei. Amo meus pais, mas por Eywa, se amem menos. Após descermos às escadas da grande árvore, fomos à procura de Tsireya, Ao'nung e Rotxo, já que combinamos de ir todos juntos para a festa. Pouco antes de chegarmos ao local que ficou definido como ponto de encontro, ouço a voz de Ao'nung, aparentemente falando com sua irmã.

-Vou ver se o Neteyam me leva pra voar no ikran dele, o que acha? Rápido o suficiente para você? -Ouço ele dizer. Ele está falando de mim? E por quê? E mais importante, ele quer voar comigo?

Nos aproximamos mais, vendo Tsireya e Rotxo olhando para nós com um sorriso sugestivo, enquanto o garoto que falava agora à pouco estava de costas para mim, porém ainda andava em minha direção, se aproximando cada vez mais. Decido deixar ele trombar comigo só para lhe dar um susto, e o dito foi feito. Na hora que encostou em mim, decido abrir minha boca.

- Na verdade é uma ótima ideia. -Sugiro, mostrando que ouvi sua fala mais cedo, oferecendo aquilo que ele supostamente gostaria. Quando ouve minha voz, o garoto se afasta e me olha, com uma expressão assustada e envergonhada. -E aí? Topa?

Autora pov

-A-ah...Tá falando sério? -Ao'nung pergunta, ainda na defensiva por ter sido pego pelo azulado. Será que ele ouviu só isso ou ouviu a confissão do garoto de antes? Era o que se passava na cabeça do filho do chefe, que neste momento se encontrava com um grande rubor nas orelhas e uma inquietude grande em sua calda grande e achatada.

-Claro! É um dos meus passatempos preferidos. -Disse Neteyam, se aproximando de leve, com um sorriso amável no rosto.

-Ok, pessoal, chega de enrolação e vamos, se não perderemos a festa. -Disse Tsireya, saltitando até Lo'ak e o puxando pela mão, entrelaçando seus dedos, fazendo o garoto ruborizar e sorrir para a garota, que retribuiu o gesto.

-Pessoal, eu vou ter que ir mais tarde, vou levar Tuk para casa, ela está cansada. -Disse Kiri, pegando a caçula no colo.

-Vou te acompanhar, Kiri. -Disse Rotxo prontamente, correndo para seu lado, fazendo a omatikaya revirar os olhos e dar um pequeno sorriso. Achava o garoto uma graça, mas nunca admitiria isso, claro.

Após se despedirem, cada grupo se dirigiu à seu destino. Caminhando pela areia da praia, Lo'ak conversava com Tsireya sobre a vida na selva. Como era acordar sob uma sombra fresca e se conectar com os diferentes bichos ali presentes, principalmente com os ikrans. Acabou que Ao'nung também se interessou no assunto, que acabou sendo discutido por todos os quatro ali presentes.

-E como vocês sabem que eles os escolheram? -Pergunta Tsireya, curiosa, para o sully mais novo à seu lado.

-Ele vai tentar te matar. -Comentou Lo'ak, rindo abafado ao lembrar de quando ele conseguiu seu próprio companheiro. Se não fosse cômico seria trágico. Ao olhar para a garota, reparou que ela se encontrava assustada pela constatação do azulado, que tentou acalma-la. -Mas não se preocupe, eu nunca vi um caso de morte assim em toda minha vida. -Agora Tsireya parecia um pouco mais calma, entrelaçando mais fortemente seus laços com os de Lo'ak, que sorriu com o ato.

-E é possível que um de nós consiga um? -Agora foi a vez de Ao'nung perguntar, virando seu rosto para Neteyam, que o olhava à algum tempo.

-Acho que sim, se nós conseguimos domar Ilus, acho que vocês conseguem se conectar com Ikrans. -Comentou Neteyam, se aproximando do garoto esverdeado. O azulado gostaria de testar algo.

Neteyam pov on

À medida que andávamos, me aproximei de Ao'nung e olhei para o garoto com um sorriso, este que também me encarava. Levei minha mão à seus cabelos soltos e os acariciei, vendo-o sorrir e fechar os olhos, aproveitando a carícia breve. Desvio meu olhar por um instante e reparo que Lo'ak e Tsireya estavam de mãos dadas, enquanto sorriam um para o outro. Isto me faz olhar para a mão de Ao'nung, pensando no que deveria fazer à respeito. Quando ele segurou a minha mais cedo, não exatamente mão, mas me deu o mindinho, eu me senti bem. Protegido. Senti exatamente o que acredito que ele queria me passar. Segurança e calma. Gostaria de passar algo para ele através do mesmo toque. Perdido em meus devaneios e sem conseguir tomar uma atitude, não reparei quando todos chegamos ao local da festa, já ouvindo sons de pessoas e tambores, que faziam música de forma intensa. Olho para meu irmão, que me olhava de volta e ambos demos de ombros, adentrando a caverna. Ao contrário do que esperava, era um local bem espaçoso e bonito. Seu interior era branco e haviam corais e algas presas nas paredes, que davam uma cor em um misto de roxo, azul e verde neon. Realmente, lindo. Um pouco à frente havia uma banda, que tocavam instrumentos típicos, em uma música tropical. Devo dizer que, após anos convivendo com o pessoal do laboratório e aprendendo sobre a cultura do povo do céu, tomei um gosto pelas músicas deles, principalmente músicas animadas, que era o que sentia que faltava no momento, mas claro que jamais falaria algo assim publicamente, já que poderia ser extremamente ofensivo.

second chance (Neteyam x Ao'nung)Onde histórias criam vida. Descubra agora