AVISO DE GATILHO: BODY HORROR/ GORE
Autora POV
O clima era apreensivo e temeroso por toda Awa'atlu, talvez até mais do que quando o povo do céu se atreveu a colocar os pés na região. A notícia já havia se espalhado por entre todos os habitantes: A Tsahik havia entrado em um trabalho de parto de emergência. Do lado de fora da casa de cura, feições preocupadas e presenças amedrontadas jaziam, procurando sempre algum vestígio de notícias sobre Ronal, que bradava a plenos pulmões sua dor, para quem quisesse ouvir. Sentia como se seus interiores estivessem sendo arrancados a força de si, chegando a degustar um sabor metálico de sangue em sua garganta. Tentado focar em algo que não a dor excruciante que dominava seu ser, a metkayina vira ao relento seu olhar para Tonowari, que segurava sua mão intensamente mas mantinha sua expressão calma, a fim de transmitir pelo menos um resquício de paz para sua esposa. À sua frente, a parteira terminava de preparar os itens necessários para o processo de parto de forma apressada. Ela não era uma obstetriz experiente ou uma aprendiz de Tsahik. Ainda estava em treinamento, então ter que lidar com tal situação de forma tão repentina parecia ter afetado o psicológico da garota.
-MÃE! -A atenção de todos sofreu um rapido desvio ao passo que Ao'nung entrava no cômodo ensanguentado acompanhado de Neteyam e Leyewla. O herdeiro deu uma boa olhada em sua progenitora, que tinha lágrimas nos olhos e não conseguia proferir palavras de forma eloquente, se limitando à berros, logo voltando sua mira à parteira, que, com a ajuda de uma faca obviamente cega, tentava cortar os tecidos das vestes reais de Ronal, que impediam a visão de seu ventre. -O QUE ESTÁ FAZENDO?
-E-eu estou t-tentando, alteza. -A garota tremulava enquanto grossas lágrimas desciam por suas bochechas. Seus olhos arregalados encaravam as próprias mãos, que aparentemente não conseguiam sair do lugar. -E-eu, eu...
-FAÇA ALGUMA COISA! -O primogênito bradou, fazendo com que a menina se assustasse e erguesse suas mãos com um sobressalto, deixando os aparelhos irem ao chão do marui. Tomado pela apreensão e o nervosismo de ver sua mãe naquela situação, Ao'nung se viu com uma expressão possessa, pensando o impensável. -O QUE-
-AO'NUNG! -Tsireya gritou, entrando no caminho de seu irmão e da obstetriz com os braços erguidos. -Não vê que está sendo um estorvo? Neteyam, por favor leve ele para fora, será inútil estando aqui.
-Eu ficarei, Reya. Lhe assistirei. -Leyewla se prontificou quase que de imediato, ousando tocar a perna desnuda da Tsahik.
-...AAAAAAHHHHH- Com um berro ensurdecedor, as pupilas de Ronal se voltaram para trás de seu crânio, deixando-a com as orbes totalmente embranquecidas. Suas costas arquearam para cima e a mandíbula travou aberta. Tal cena chocou todos ali presentes. Tonowari nunca havia presenciado algo assim acontecer com sua esposa, fazendo-o sentir os joelhos falharem e a mão vacilar. Por um momento, sentiu pânico. Medo. Já viu algo parecido acontecer com sua amada, mas talvez aquela tenha sido a visão mais intensa da vida da líder espiritual.
Pavor.
Ronal POV
Preto. É tudo o que vejo. Não sei quando minha consciência se esvaiu, mas sei que me encontro em um ponto cego. A dor de meu ventre já não era existente, tampouco o peso do espaço previamente ocupado por meu bebê. Olhava para todos os cantos que conseguia a procura da mais remota visão de algo diferente de um completo breu, mas sem sucesso. Quando dou o primeiro passo sem direção ao nada, ouço um som de líquido e respingos acomodarem minhas pernas. Olhando com calma para baixo, me amedronto. Sangue.
-O que....-Antes que pudesse processar o que via, sou tirada de minha atenção por passos ao longe, agitando o líquido avermelhado ao horizonte. Erguendo meu olhar, vejo um Na'vi. Não como um metkayina ou qualquer um que tivera visto. Sua pele era cinza, assim como seus olhos. Era magro, com uma aparência esquelética. Não possuía uma padronagem comum em sua pele, pareciam-se mais como cicatrizes, como se fosse feito de pura rocha. Não haviam dúvidas de era um homem do povo das cinzas. Ele me olhava com uma expressão maligna, com as presas a mostra, emitindo algo similar a um grito esganiçado, preso pela aparente falta de cordas vocais. Era um barulho tão adoecido, mas ao mesmo tempo ensurdecedor e agoniante. Parecia como uma pessoa enferma prestes a dar seu último suspiro. -QUEM É VOCÊ? O QUE QUER?
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second chance (Neteyam x Ao'nung)
Romance"Depois do funeral. Depois de todos irem para suas casas. Depois de todas as luzes se apagarem e mesmo depois de todos fecharem os olhos, Aunung ficou lá. Ficou pensando sobre o que poderia ter feito de diferente. Como poderia ter salvo Neteyam, o p...