Ao'nung pov
Depois de ter acabado com a raça do Lo'ak e ele ter corrido não sei para onde, vou com Neteyam, Rotxo e Tuk para trançarmos cestas. Sendo sincero, eu odeio fazer isso, mas o que o Neteyam não pede rindo que eu não faço chorando? Por Eywa, pareço até um bicho de estimação, mas foda-se, é o preço de gostar de alguém. Neste momento estamos todos sentados à beira do marui do Sully, proposto por ele mesmo, enquanto Rotxo tenta de forma falha mostrar os laços e movimentos de dedos para os Omatikaya. Tiro meu foco da cesta que fazia para prestar atenção em Neteyam, que estava extremamente empenhado em acertar o artesanato. Seus olhos dourados intercalando sua mira entre as instruções de Rotxo e seus próprios polegares, que tentavam copiar o metkayina, sua expressão concentrada e séria, com a língua entre os lábios, seus dedos se enrolando na palha da palmeira de forma desajeitada. É, eu deveria fazer o Ao'nung de meses atrás engolir veneno de Akula por ter chamado essa coisa linda ao meu lado de aberração. Descendo meu olhar para o corpo do omatikaya, reparo em sua pele azul tão macia, seus músculos não muito grandes porém definidos, cintura fina, onde meus dedos se encaixariam tão bem, e sua cauda de bebê, que se movimentava para lá e para cá. Como será que é a textura dela? Tomado pela curiosidade, deslizo uma de minhas mãos da cesta que fazia até a parte de trás das costas de Neteyam, pegando na base de seu rabo e deslizando até a ponta. Eu só não esperava que-
-A-anh! -Ouço o azulado vociferar um leve gemido e se arrepiar dos pés à cabeça, o que acabou chamando a atenção de todos no grupo. -O-o que pensa que está fazendo?
-A-ah. -Não consegui dizer nada de tão chocado, surpreso e envergonhado que estava pela reação do Sully mais velho. O omatikaya rapidamente vira seu tronco de lado e toma sua cauda de minha mão, a colocando entre suas pernas finas. Olhando à minha volta, Rotxo me encarava boquiaberto e Tuk possuía uma expressão confusa, graças à Eywa -Desculpe, eu só-
-Nunca mais faça isso. -Disse Neteyam com as presas trincadas e rosto altamente corado, apenas balanço a cabeça concordando. Ok, acho que realmente fiz uma merda grande. Retornamos nossa atenção às cestas que fazíamos, tentando abafar o climão que se instaurou no ambiente. Olho para Rotxo de canto em uma tentativa de nos comunicarmos sem sermos percebidos, o que não surpreendentemente funciona, já que estou falando do meu melhor amigo.
-O que você fez? -O metkayina inclinou a cabeça levemente, indicando confusão
-Eu não sei! -Dou de ombros.
-Você ouviu o barulho que ele fez? -Ok, talvez eu e Rotxo passemos tempo juntos até demais, por que eu realmente consigo decifrar com precisão o que suas expressões e caretas querem dizer.
-Ouvi, mas não entendi. Acha que devo falar com ele?
-Você deveria agradecer aos céus por ter eu como amigo. -O garoto revira os olhos e dá um suspiro, me fazendo olhá-lo com os olhos semi-serrados e confuso. -Tuk tuk, eu acabei me esquecendo de pegar as conchas para decorarmos as cestas, quer vir comigo pegar?
-Quero! Posso ir, Teyam? Por favoor!! -A garota abre um sorriso e vai de joelhos até seu irmão, que até pouco tempo ainda continha uma carranca em seu rosto. Ele encara os olhinhos brilhantes de Tuk e rapidamente desvia seu olhar para mim. Eu apenas o vislumbro com semblante sério, como quem diz Precisamos conversar. Em um arfar convencido e cansado, ele retoma sua vista para a irmãzinha, que estava praticamente prostrada em si.
-Promete tomar cuidado e não ir em locais fundos? -Tuk apenas acena a cabeça repetidas vezes. Em mais um suspiro, ele foca agora em Rotxo, que já estava de pé pronto para sair, apenas aguardando a permissão do mais velho. -Se algo acontecer com minha irmãzinha, eu esqueço que somos amigos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
second chance (Neteyam x Ao'nung)
Romance"Depois do funeral. Depois de todos irem para suas casas. Depois de todas as luzes se apagarem e mesmo depois de todos fecharem os olhos, Aunung ficou lá. Ficou pensando sobre o que poderia ter feito de diferente. Como poderia ter salvo Neteyam, o p...