CAPÍTULO IX : APENAS UM JOGO

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Seguimos pelo corredor até o Hall de Entrada, guiados por Dante que não ia mais tão na frente como um guia. Estava mais próximo de nós, acuado. Quando chegamos ao Hall, a primeira mudança foi na lareira, que estava escura e fria, sem nem cinzas para haver brasas. A luz do lustre também estava apagada, deixando o cômodo quase que abandonado por cores. Nos unimos mais e baixamos os olhares, em uma sensação compartilhada que, se não saíssemos rápido, iríamos ativar ou invocar as antigas histórias daquele cômodo.

 Senhor Helved nos levou até as escadas em caracol e madeira entalhada. Mesmo naquela semi escuridão e crítica sensação de sermos observados e talvez seguidos, quis analisar o desenhos feitos na madeira. Subimos em bom ritmo, comigo as vezes esquecendo da situação e analisando como o papel de parede se alterava durante a subida, ou como os degraus eram largos e elegantes. Era a primeira vez que fazia um tour por um museu com uma faca em mãos.

Fizemos uma volta completa e mais meia antes de chegarmos ao topo. Os nossos passos em cada degrau faziam um ranger assustador, muito alto para uma casa completamente vazia e escura. Eu era o último da fila, então quando todos chegaram ao corredor de cima eu fui o último a vê-lo.

No segundo andar o corredor seguida para o lado onde várias portas e mais quadros estavam expostos. Aquilo apenas não era novo para o senhor curador e para mim, que já havia parado a contragosto lá em cima. A luz do corredor estava mais baixa, em uma densidade preocupante. Notamos que todos que deviam ter subido já estavam ali e ainda assim, o som de passos pesados nas escadas continuaram como um eco até sumirem. 

- Lembrem - Interviu Askah -  Somos nós que estamos invadindo. – Fez sinal para continuarmos e não darmos atenção.

- Não dá para balear um fantasma... – Tyler balbuciou ficando para trás.

Chegamos no corredor, cuja porta, com uma placa dourada inscrita B

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Chegamos no corredor, cuja porta, com uma placa dourada inscrita B. W, era vista ao fundo. Neste corredor haviam mais quadros. Grandes quadros com cerca de um metro e meio de altura, molduras grossas e escurecidas. A luz parecia mais amarelada e os cantos mais escuros que deveriam. O cheiro de mofo e umidade escorriam pelas paredes e as fileiras de quadros queriam deixar ainda mais estreito nosso caminho.
A medida que andávamos conseguíamos ver as pinturas. Grandes imagens deformadas de algo que um dia foram pessoas retratando cenas cotidianas ou o busto de algum membro da família. A tinta escorria pelo seus rostos e corpos, transformando-os em criaturas medonhas, borrões indecifráveis. Eu podia me sentir fortemente observado por ambos os lados. Era óbvio que algo horrível iria acontecer e era essa ansiedade que deixava tudo pior. Cogitei manda-los irem buscar a planta baixa e depois voltarem até mim no Hall de entrada, porém era essa atitude que nos livros garantia a morte de quem ficou para trás esperando. Devíamos ficar juntos. Juntos estaríamos bem.

O grupo andava quase todo grudado agora. Eu me via a me apoiar na senhorita Dellá e podia sentir tanto Éric, quanto meu corvo se aproximando mais de mim. Aquele corredor parecia não terminar nunca, quando mais olhávamos para a porta, mais ela parecia manter a mesma distância. As pinturas tinham seus olhos grudados em nós, enquanto passávamos. Vários momentos quando o quadro estava prestes a sair de meu campo de visão, tinha a impressão de algo se mexer e eu me virava subitamente. Não vendo nada mais ali. A perturbadora impressão aumentava até o ponto de sentir uma mão sair do quadro ou mesmo um meio corpo chegando próximo demais em instantes de baixa guarda. Quando me virei, não havia nada além do quadro medonho. Todos estávamos inquietos, olhando para os lados quando, para nossa surpresa, chegamos até a porta. 

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