CAPÍTULO X : O ESCRITÓRIO

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A reação se espalhou em efeito cascata por todos ao nos afastamos mais do homem em diferentes níveis de pavor. Senhorita Dellá, que agora nos olhava como se fossemos idiotas em uma performance, fez um gesto de confusão para Éric que estava próximo a ela. Ele, por sua vez, aponta para a cadeira e faz a mimica de uma arma.

- Ele ta aqui?? – Ela pergunta, talvez para ter certeza do óbvio. Sir.Collin concordou e arriscou usar da palavra:

- Trancou a porta...

Apesar de eu ter certeza que, pela perspectiva de Askah a porta deveria estar tão livre quanto estava quando chegamos, ela não hesitou em fechar o semblante - E a chave? Onde tá? – Ela parecia determinada a nos ajudar "do outro lado". Éric aponta para o gigante quadro que estava em seu devido lugar novamente.

Noto movimento ao meu lado e vejo, pela visão periférica, Dante puxar Tyler para perto da parede junto a nós. Em seguida entendi que seu objetivo era tira-lo de frente a porta, caso aquele velho decida usar a arma. Simultâneo percebi Éric e Askah caminharem devagar para trás da mesa para pegarem a chave e também saírem da linha de tiro. 

As batidas e gritos na porta continuaram, cada vez maiores. O homem sentado deu uma boa de uma risada e, em um movimento muito preciso, dispara na porta. O estrondo do tiro vem acompanhado com inúmeros gritos de todos. Tanto do lado de fora quanto de dentro. Eu me choco contra a estante e caio no chão em desajeitado reflexo. Tyler, melhor treinado, leva Dante ao chão, agachando-o à força e se pondo em sua frente para protege-lo. Éric também dá um salto e leva as mãos aos ouvidos. Ele não saiu mais daquela posição, mesmo com os chamados de Askah.

- Éric?? Ei, Éric! – Ela gesticulou para ele, em vão. O homem estava congelado com o crânio entre as mãos crispadas. 

Na porta agora havia um buraco, alguém gritou horrorizado do lado de fora e era possível ouvir desespero nas vozes. "o que você fez?!" "Meu Santo Deus!"
"Venham!! Venham!!" O grotesco homem gritou, parecendo se divertir com aquele jogo. Me engatinhei para frente, para o lado de Éric atrás da mesa, saindo definitivamente da linha de tiro. Dante e Tyler começaram a se aproximar devagar, também pelo chão. 

 Senhorita Dellá, decide se apressar, sem saber o que estava acontecendo,  cogitando que não havia de ser nada de bom, corre ao redor da mesa e com minha rápida ajuda tiramos o quadro da parede em um movimento de alavanca. A pintura desaba próximo de Éric no canto da sala, quebrando parte do assoalho com sua moldura grossa. O Barão na cadeira se levanta de imediato, parando suas risadas. O rosto assustado virou-se na minha direção. Mas não me viu. Não viu a nenhum de nós e seus olhos sem foco confirmavam isso.

- São 7 números. – Confirma Askah olhando agora para o cofre na parede. 

Só consegui tirar os olhos do homem quando este voltou a olhar para a porta com uma expressão endurecida e pendendo ao espanto. 
 Procurando por números em cima da mesa do Senhor Walker. Algo que pudéssemos usar. "Sete? Não pode ser uma data? " Quase não distingui a voz sussurrada de Tyler para o curador. "Pode..talvez.." O menino evitou o olhar do policial sobre ele ainda ao chão. "Você não faz ideia!?" Tyler quis se alterar mas foi o menino que o cortou  "Nenhuma carta falava sobre este cofre. Nunca o vi! Ele nem deveria estar ali!".

Começamos a olhar em volta cada fez mais aflitos, procurando contra o tempo qualquer sequência de números. Eu que estava próximo de Sir.Collin percebi que ele muito se assemelhava a uma estátua com as mãos nos ouvidos e olhos fixos na pintura no chão. 

- Éric...? - Sussurrei próximo a ele, tentando imitar o seu tom de voz calmo que usava para conosco. Tentei chamar a atenção dele, tira-lo do transe, mas seus olhos estavam fixos na espingarda. Ele não parecia em pânico, muito pior, parecia apático, desligado para a situação. Não houve reação e eu prostrado baixei os olhos para o quadro de pintura a óleo do garoto Saloo White. Agora próximo, pude ver, gravado na moldura a sigla: W. S
"invertido" pensei "quem assina seu nome invertido dessa forma?" Corri os olhos pela pintura, com a iluminação baixa da sala e o quadro caído pouco distinguia seus detalhes. Desci até a base, notando que o rei cadáver ao trono empunhava como qual pintura renascentista um molho de chaves numa mão e um cajado pendia da outra. Foi na base do cajado que encontrei o dizer:  Algumas palavras podem esconder outras – W. S

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