Capítulo 21

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Finalmente o sábado chega, trazendo consigo a minha primeira festa de Hallowen. Na verdade a primeira grande festa da minha vida. No início eu não estava nem um pouco animado. Por conta da minha baixa autoestima eu sempre achava que ao entrar em um local todas as pessoas presentes iriam olhar para mim e ver os meus defeitos, os quais eu tentava esconder o máximo que podia. Provas que isso ia acontecer? Eu não tinha nenhuma, mas minha ansiedade sempre me sabotava, evitando assim que eu fosse em lugares com muitas pessoas. No bar do Rubens onde eu trabalhava o fluxo de gente era grande, mas ali eu me sentia seguro, pois ninguém quase nunca me olhava, só me enxergavam como alguém para servir, e eu achava melhor assim.
Na cidadezinha do interior que eu morava o máximo  de agitação que tínhamos era um churrasco na casa de algum amigo da família com poucos convidados, ou então um barzinho que tinha a lotação máxima de 14 pessoas. Então eu estava muito animado, eu estaria com o Leo e eu sabia que ele me achava o cara mais incrível do mundo, um cara único. Isso me dava forças para deixar de lado o medo de ser julgado.

Olho para o espelho uma última vez antes de sair. A fantasia ficou incrível! Minha idéia era tentar deixar parecida o máximo com a que a personagem Buffy usou na série. Eu estava com uma blusa xadrez branca e vermelha, por cima da blusa eu usava um avental branco com pintinhas vermelhas. A famosa capa da chapéuzinho vermelho vinha por cima dos ombros, amarrada por fios do tecido que simulavam um laço. A calça era da cor Marsala e os sapatos eram um Adidas branco. Nas mãos eu carregava pela alça uma mini cesta Vime que abria e fechava me permitindo guardar alguns itens pessoais dentro. O interfone toca Avisando que o Leo já está me esperando. Assim que chego na entrada vejo que ele está sentado no capô de um Toyota Corolla preto, um carrão. Entretanto o que mais me chama atenção é sua fantasia. Ele está vestido de algum tipo de demônio e ao olhá-lo o meu estômago revira. Seu rosto incluindo boca, nariz e orelhas está pintado de vermelho escuro, e a baixo dos olhos e na bochecha há um tipo de sombra preta que o deixa com uma expressão cadavérica. Suas roupas são pretas e a blusa é cheia de rasgos que parecem feito por garras, mostrando assim seu tórax que também está pintado de vermelho. E na cabeça tem uma tiara com chifres de carneiro pretos.

-Que cara é essa? Não gostou da minha fantasia? E por sinal você está lindo. - Ele diz enquanto se aproxima para um abraço. Entramos no carro e seguimos em direção ao sítio. Eu nem sabia que o Leo dirigia, mas prefiro nem tocar no assunto, sendo que nem consigo olhar para ele direito. Sua fantasia me causa um asco enorme, prefiro me concentrar na estrada.

                               ***

Depois de 20 minutos ele estaciona em um gramado na frente de uma mansão de 3 andares. Ela é enorme, suas paredes são formadas de pedras cinzas e bem escuras. Apenas no primeiro andar vejo que há 6 janelas frontais e muito mais nos outros andares.  Do lado de fora já é possível ouvir música , risadas e ver as luzes piscando.

-Leonardo, isso não é um sítio. É um castelo! Acredito que esse seu amigo seja bem rico, né?

-Bom, ele faz Medicina na Unifesp, já podemos deduzir por aí. E essa casa é o lugar para onde a família dele vem passar as férias, Natal, essas coisas. Mas não se preocupe, todo mundo aqui é da faculdade, tem gente de todos os cursos, você vai gostar. - ele diz enquanto me leva a entrada. Assim que ele toca a campainha um menino vestido de Dracula. Ele é alto de cabelos ruivos e sardas.

- Leozão! Que bom que você veio e trouxe seu namorado. Tem mó cota que você promete vir até aqui, ainda bem que hoje conseguiu. E você deve ser o Felipe, já ouvi muito sobre você, o nosso famoso prometido! Meu nome é Mamon, o dono da casa. - ele me abraça e realmente vejo o quão alto ele é, minha testa encosta na barriga dele. Eu tenho 1.74 ele deve ter uns 2 metros de altura ou até mais, seus braços são bem fortes e ele quase me esmaga em um abraço. Que nome esquisito era esse? Provavelmente seus parentes eram de outro lugar fora do Brasil, e que história era esse de prometido? Com certeza ele devia estar fazendo alguma piadinha sobre eu ser o prometido do Leo ou algo assim.

O Rei do Inferno (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora