Capítulo 22 - Revelações

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Abro os olhos e não consigo me localizar. Não reconheço a cama na qual estou deitado. Ela é enorme, e é tão macia e quentinha, é como se eu estivesse deitado sobre as nuvens. Me levanto e a primeira coisa que sinto é dor. Sinto que minha cabeça irá explodir a qualquer momento. Levo a mão até a testa e sinto um corte que ao meu toque arde e suja meus dedos de sangue. Minhas costas também estão queimando e a ardência me faz lembrar o que aconteceu: Mamon tinha tentado me violentar, tinha se transformado em um demônio, e depois tinha sido incinerado. O Leo havia desaparecido e o Enzo havia me salvado. Me lembro também que fomos sugados para dentro da terra. Eu havia morrido? Aquele era o fim? Eu estava no inferno?
Olho ao redor e vejo que estou em um quarto. Suas paredes tem um tom escarlate, do lado direito há um grande portão de ferro que parece levar à uma varanda.
No quarto há enormes prateleiras de livros, as capas lembram enciclopédias, mas eles parecem ser bem mais antigos do que isso. Há uma escrivaninha com tinteiro, diversas canetas Nanquins e um livro. Chego mais perto. Tudo nesse quarto se parece com itens de coleção de milhares de anos atrás, nada aqui parece ser uma cópia, tudo parece ser original. Me aproximo da mesa para ver o livro mais de perto. Ele tem uma capa de couro preta, abro e suas páginas são velhas e amarelas, tão desgastadas que tenho a impressão que irão de desfazer ao simples toque. Na primeira página há um escrito no centro:

"Initium temporis ante Christum
[Liber Primus - Amabel et Rael]"

Encaro o livro sem ter a mínima idéia do que significa aquilo. Até que uma voz surge nas sombras e meu coração quase para tamanho o susto.

- O começo dos tempos antes de cristo! Livro Um, pertence a Amabel e Rael. Esse é o significado! E essa língua é o Latim. - Me viro e lá está ele, com sua jaqueta preta, sua blusa branca e suas botas pretas.

-Lorenzo., eu morri? Isso aqui é o inferno? - São as únicas coisas que consigo perguntar, já que não faço a mínima idéia de onde esteja. Se ele, o rei do Inferno, é a primeira pessoa que aparece para me recpcionar após todo aquele incidente, só pode ser isso.

- Pelo amor de Deus, vira essa boca pra lá! Você não morreu. E você não está no inferno, está no Mundo Inferior. Na real mesmo? Já vamos desmistificar isso: O Inferno, que vocês humanos cismam em acreditar e temer nem existe. - Eu olho para ele sem entender nada. Mundo Inferior? Então o que era aquelas visões que eu tinha com o Inferno? Ele ia ter que me explicar direitinho.

- Eu pensei que o inferno era real e que você era O Rei do Inferno. Bom, pelo menos foi o que você me fez acreditar desde que começou a aparecer nas minhas visões. Porque você fez isso, Lorenzo? Você estragou minha vida! Se você não tivesse feito isso, eu nunca precisaria encher meu corpo de remédios. Eu poderia estar agora em Santa Catarina, com a minha família. Poderia estar em uma boa faculdade, tendo uma vida normal. Por quê?

-Visões? Porque você nunca me contou que tinha visões comigo? Aquele dia no seu apartamento eu te perguntei se você havia me contado tudo sobre a sua vida, tudo sobre sua vinda para São Paulo, e você não me falou nada de Visões. - Enquanto ele fala vejo que seu olhar é triste. Ele se sente acusado de algo que nem ao menos sabia.

- Eu nunca fiz e nunca faria nada para prejudicar você, Felipe. Nunca entraria na sua mente fazendo você ver algo que nem é real. Isso é pertubador! Talvez eu seja sim, o futuro herdeiro daqui. Só que eu sou um filho do mundo inferior. Sou um ser místico imune à morte natural, envelhecimento, doenças humanas e métodos de destruição, como armas e bombas, você é humano, não poderia reinar comigo enquanto não se tornasse um de nós. Então, não! Eu não fiz nada disso.

O Rei do Inferno (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora