Capítulo 18

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Depois de inventar mil e uma desculpas para o Leo, finalmente consigo fazer com que ele vá embora. Sinceramente, eu gosto dele, de verdade. Mas eu definitivamente preciso terminar com ele. É isso. Desde o momento em que o Enzo disse que meu namorado estava vindo, fui tomado por uma tristeza enorme. Enquanto ele estava ali, explicando o que tinha acontecido comigo, com o Alex, e os demais acontecimentos da noite eu estava tendo uma sensação tão boa, tudo bem que ele também estava me irritando (pra valer) falando que eu estava imaginando coisas quando disse que a mão do Alex não tinha sofrido uma queimadura sequer. Eu sei muito bem o que vi. Tudo bem que a doença que ele tinha não o fazia sentir dor, o que era um perigo! pois pessoas assim correm muitos riscos de se machucarem e não perceberem, e isso acaba por diminuir seus anos de vida, por motivos óbvios, não é?
Mas a doença não o impede de ter feridas expostas e eu sei bem que sua mão estava intacta. Enfim, com ele por perto, eu me sentia bem, em paz. Como se eu não precisasse de mais nada para viver. E infelizmente não era essa a sensação que eu tinha quando o Leo estava por perto... Ele me despertava sensações boas, mas não o bastante. E não era justo deixar ele me amando enquanto eu não conseguia retribuir a altura.
Olho para o relógio e já tem meia hora que ele se foi, e nesse tempo já deve estar quase chegando em casa. Enquanto troco de roupa prometo a mim mesmo que irei ligar para ele no dia seguinte para conversarmos melhor. Me olho no espelho para ajeitar o cabelo e pego minha mochila do trabalho. Sei que o Alex avisou que eu não iria hoje, mas já estou bem o bastante para ir trabalhar. E se eu ficar em casa sou capaz de enlouquecer com tantos pensamentos. Olho para o relógio e são exatamente 21:00, se eu correr consigo chegar até a estação de trem as 21:15 e, da estação até o bar, são mais ou menos 50 minutos e mais uns 2 de caminhada. Ou seja, vou chegar três horas após meu horário habitual. Em condições normais o Rubens meu chefe  me mataria e descontaria um bom dinheiro do meu salário, mas como para ele eu nem iria trabalhar: ele que lutasse!
Começo a andar rápido, graças a Deus o clima hoje está frio e isso me impede de ficar suando. Quando estou a uns 3 minutos de caminhada coloco a mão na mochila em busca dos meus fones de ouvido e adivinhem? Não estão lá. Que droga! geralmente essa bolsa sempre está pronta com coisas para o trabalho. Porque diabos ele não está aqui eu realmente não sei. Penso em continuar sem ele pois já estou atrasado, mas só de pensar no fato que vou ficar quase uma hora indo até o trabalho sem ouvir uma música sequer, me faz dar meia volta e ir até o apartamento.

  Pego o elevador e aperto o botão do último andar. A porta não fecha e eu aperto de novo já sem paciência. É incrível como as coisas sempre demoram quando estamos com pressa. Finalmente ela se fecha, então me viro para verificar minha aparência no espelho. Quando estou passando para o segundo andar o elevador da um tranco tão forte que me desequilíbrio e meu corpo é jogado para trás. Imagino que ele vai continuar a subir, mas a porta se abre no meio do corredor do segundo andar que está totalmente escuro. De novo minha cabeça volta ao Enzo, claramente porque esse é o andar dele e só isso. Resolvo ignorar esse pensamento e aperto o botão de fechamento da porta repetidas vezes e ela se recusa a fechar. Saio dele reclamando, eu não acredito que ele foi estragar justo no segundo andar, até o meu andar são mais dois lances de escada, sem contar esse corredor que é extremamente longo e a escada só está na outra ponta. Paro de reclamar e saio andando, já estou atrasado o suficiente. Assim que piso no corredor o esperado é que as luzes automáticas se acendam, mas elas não fazem isso. Outra coisa com defeito? Hoje é meu dia de sorte! Apalpo meu bolso em busca do celular para iluminar o caminho. O pego e quando olho para frente, no final do corredor vejo o que parece um homem em pé. A luz da lua que entra pelas janelas é fraca e a do meu celular é pior ainda, então eu só consigo ver que a pessoa está usando uma roupa escura que vai da cabeça aos pés, esses que parecem estar descalços. Quando olho para cima de novo algo se ilumina na altura do seu rosto, e são seus olhos. Eu não sei de qual cor são, mas naquele momento estão vermelhos iguais chamas. Pisco enquanto me pergunto o que está acontecendo. Será outra alucinação? Quando abro os olhos novamente as luzes estão acessas e aquele ser, que agora sei que é um homem está de costas para mim. Vejo que o que ele estava vestindo não são roupas comuns mas sim uma túnica totalmente escura e sua cabeça está coberta com o capuz. Um frio sobe pela minha espinha e estou arrepiado dos pés a cabeça, a sensação de medo percorre meu corpo. Grito um 'EI!' para aquilo que seja lá o que for está parado a alguns metros de mim. De início não obtenho resposta e então lentamente sua cabeça se levanta e se vira para mim.

O Rei do Inferno (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora