O Rei do Inferno (Romance Gay)

Capítulo 24

Estou na frente do que poderia ser o jardim do paraíso. Eu e o Lorenzo estamos de mãos dadas caminhando em uma grama tão macia e verde. Existe vários canteiros de rosas vermelhas e um riacho de águas tão cristalinas que é possível ver o nosso reflexo. Há pastos enormes que rodeiam todo o lugar. O Enzo então estende uma canga e se deita me puxando para seus braços.

-Aqui é tão lindo. É meu lugar favorito  do Mundo Inferior.

-É aqui que você trás todas suas conquistas amorosas?

Não, apenas quem merece: você! -Ele diz sorrindo. Fico apreciando o lugar, até que uma dúvida surge em minha mente:

-Quando você me salvou aquela noite, disse que tinha poderes, dons. O dos seus pais eu já sei que são o de cura, limpeza espiritual e geração de Campos de Força. E os seus e do Alex?

-Bom, nos dois basicamente não envelhecemos e nem somos feridos com facilidade. Temos também o dom da Pirocinese, a capacidade psíquica de criar e controlar o fogo com a mente. Bom, basicamente é isso.  Se lembra daquela noite que você viu o Alex no meu apartamento pegando um pano em chamas sem sofrer uma simples queimadura foi devido a esses dons.

-Lorenzo, como é sua relação com o Alex? Vocês sempre se deram bem?

-Minha relação com meu irmão sempre foi a melhor possível. Nós sempre fomos e ainda somos melhores amigos, confidentes, sabe? Ele estava do meu lado quando te vi a primeira vez.

-A primeira vez que você me viu foi no bar que eu trabalho, não?

-Não, a primeira vez que eu te vi você tinha apenas 15 anos e ainda morava em Santa Catarina. Acho que você estava indo pra escola e quando coloquei meus olhos em você foi paixão a primeira vista. Não sei te explicar, mais era como se nós estivéssemos ligados de alguma forma. Por um tempo te acompanhei de longe, te protegendo e te vigiando. Então teve um dia que eu senti uma enorme angústia no peito ao pensar em você. Daí descobri que você estava em São Paulo. Acho que foi quando você começou a ter suas visões. Imediatamente eu dei um jeito de me apresentar a você, morar no seu prédio e colocar o Alex para trabalhar com você e te proteger também.

-15 anos? Meu deus eu não era muito atraente naquela época não. -Ele ri e me dá um beijo na testa e continua a falar sobre o Alex.

-O Alex sempre foi o cara mais centrado daqui. Sempre foi o mais inteligente, o mais dedicado. Enquanto eu ficava por aí zanzando pela terra, bebendo, paquerando garotos e depois desaparecendo de vista, ele estudava e se dedicava a conhecer as regras e histórias do Mundo Inferior. Quando nossos pais anunciaram que no nosso aniversário de 426 anos eles escolheriam o futuro Rei, ele se fechou ainda mais no mundinho dele. Foi aí que eu fiz uma promessa a ele. Fizemos um pacto. Eu prometi que se eu fosse escolhido para o trono e não tivesse encontrado um amor para dividir o reinado comigo, eu não aceitaria o cargo. Como eu governaria um mundo com amor se eu não conseguia sentir amor por ninguém?

-E você encontrou esse amor?- pergunto.

-Sim, você! Desde que eu te vi e te toquei pela primeira vez soube que era você. Eu sei que é estranho, você mal me conhece, e talvez não me ame, mas sei que você é o certo.

-E se você for escolhido como Rei? - pergunto para mudar de assunto. Eu sentia algo muito especial e bom por ele. Mas amor era uma palavra muito forte para dizer sem ter certeza.

-Acho difícil. Ele é o mais adequado para o reino. Sempre foi. Eu conheço o funcionamento básico daqui, ele conhece tudo. Então a chance dos meus pais me escolherem é de uma em cem mil. Ele será escolhido enquanto eu estarei nos braços da pessoa que eu amo. Esperarei pacientemente o dia que você estará comigo aqui nesse plano, onde iremos construir uma linda família.- Ele diz. Eu acho incrível a confiança que todos desse lugar possuem. Seus pais acham que nunca passarão por uma guerra novamente, ele acha que não será escolhido para ser Rei. E eu gostaria de ter metade da auto confiança deles. Ele se lembra de algo:

-Nosso aniversário e o grande anúncio será daqui a dois dias. Será uma festa enorme, a maioria dos filhos do Mundo Inferior estará lá para celebrar nossa vida e o novo rei. Eu gostaria muito que fosse você.

-Claro que irei. Será um prazer estar ao seu lado e do lado da sua família! - digo sorrindo enquanto olho para as estrelas. O tempo tinha voado enquanto estávamos no Jardim. Aquele lugar realmente era um esplendor. Observo até que meu coração se aperta e meus olhos se enchem de lágrimas: Leonardo. O que eu tinha feito? Ele era meu namorado e eu o traí. Ele não merecia aquilo. Ele era bom e me amava, mas não era correspondido. Eu precisava terminar com ele de uma vez, assim não seria errado estar com o Lorenzo.

-Você pode me levar ao plano terrestre? ao meu apartamento? Eu preciso fazer algo urgente. -Ele concorda e pede para que eu feche os olhos e o abraçe com todas minhas forças. Faço e sinto uma rajada de vento quente em direção ao meu corpo. Quando abro os olhos novamente estou sozinho. Mando uma mensagem para o Leo:

"Estou indo para sua casa! Precisamos conversar."

Já passa de meia noite, entro no meu apartamento, pego meus fones e saio em direção à casa do Leo. A única coisa que sinto é angústia e a música que toca em meus ouvidos define bem isso:

"A minha cidade era uma terra inútil:
Cheia de gaiolas, cheia de cercas, rainhas de concursos de beleza e grandes impostores. Mas, para alguns, era o paraíso.

Meu garoto era uma montagem:
Uma câmera lenta, uma poção de amor, desviando de coisas diferentes em direção ao oceano.

Eu quebrei o coração dele porque ele era legal.

Ele era um raio de Sol, eu era a meia-noite chuvosa.
Ele queria o conforto, eu queria aquela dor.
Ele queria um esposo, eu estava correndo atrás do que eu queria.
Ele continua o mesmo, tudo em mim mudou como a meia-noite.

Então, eu espiei por uma janela, um portal profundo, uma viagem no tempo:
Vejo todo o amor que vivemos e toda a vida que eu desisti.

Acho que, às vezes, todos nós recebemos algo que nos assombra.
E eu nunca penso nele, exceto nas meias-noites como essa."

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Capítulo Revisado.

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