Capítulo 17

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Sinto um leve calor no meu rosto, um calor gostoso, como se alguém tivesse colocado uma toalha quente sobre ele. A sensação é tão boa que me aconchego na minha cama e faço um barulho parecido -na minha mente- com um ronronar de um gato, o que significa que seja lá o que está acontecendo eu estou gostando e não quero que pare. Puxo as cobertas para o meu pescoço e me enrolo ainda mais nelas... Até que... Espera um minuto... Calor? Coberta? Até onde eu me lembro eu estava em pé tomando meus remédios enquanto corria loucamente da casa do Enzo, assustado com o que vi o Alex fazer. E se eu estava lá, eu devia estar a caminho do trabalho. Ou seja, se eu estou deitado, eu estou atrasado, merda!
Abro os olhos rapidamente até que tenho uma surpresa. Ali, sentado na minha cama me olhando com ternura no olhar está o Enzo. Por alguns minutos fico parado, admirando sua beleza. Até que me dou conta do que está acontecendo.

-Lorenzo, você está louco? O que está fazendo na minha casa? Aliás, como você entrou aqui? - me levanto rapidamente da cama pulando para o outro lado para ficar longe dele.

-Boa noite, Felipe! Primeiro de tudo você deveria me agradecer. - ele diz com uma certa raiva ao ver que me afastei dele. Fico parado ao lado da cama, escorado na porta do guarda roupa, olhando para ele com um ar de deboche, esperando ele me dar uma resposta mais convincente. Agradecer? Ele só pode estar louco. Como ele percebe que estou mudo ele continua:

-Você saiu da minha casa parecendo uma gazela saltitante!

- O que você disse...

- E depois - ele continua, ignorando toda minha ira por ele me chamar de gazela. Ele acha que só porque ele é todo alto, musculoso, e sei lá mais o que, ele é menos gay que eu? Nananina não! Ele está muito errado.

- Eu saí correndo atrás de você, e o Alex veio junto. Quando chegamos na porta do seu apartamento ela estava escancarada. Então entramos no seu quarto e vimos você desmaiado no chão com um vidro de remédios ao seu lado. Você tentou se matar, Felipe?

- Não! Óbvio que não. - eu digo afastando esse pensamento que tantas vezes já apareceu na minha cabeça. Eu nem me lembro de ter desmaiado, só lembro de ter tirado os remédios para tomar. E se eu desmaiei eu não consegui tomar os remédios. Agora o motivo de eu ter desmaiado eu não sabia. Será que foi muito para minha cabeça o que aconteceu? Bom, chega de guardar segredos. Se eu quero entender isso, eu vou precisar falar.

-Enzo, eu preciso te contar uma coisa... 

Conto toda minha história para o Enzo, de como eu vim parar aqui, dos remédios, e tudo mais. Ocultando apenas o fato de antes de conhecê-lo eu já o via nas minhas visões, juntamente com as pessoas em chama. Eu não acho que ele deva saber, se não vai me chamar de louco e realmente dizer que preciso dos remédios. Ele me ouve atentamente, e pega na minha mão para me consolar. Término de contar e percebo que estou chorando. Largo as mãos dele para limpar os olhos, mas as suas são mais rápidas e ele está ali, com elas no meu rosto secando minhas lágrimas. Elas não param de cair. Foi um alívio tão grande contar isso pra alguém é um muito maior em ver que a pessoa que eu escolhi contar não me julgou. Desde quando eu comecei as medicações muitos familiares e amigos próximos me julgaram, dissendo que eu não precisava daquilo, que eu era muito novo ou que era apenas drama da minha parte. Todos julgavam, mas ninguém me compreendia. Agora ele não, ele está aqui secando minhas lágrimas.

-Enzo, tem mais uma coisa que eu preciso falar. Lá na cozinha da sua casa, o Alex fez algo muito estranho. Ele apagou chamas de um pano com as mãos, e ele nem ao menos se queimou, não tinha um machucado, não tinha nada. E tinha muito fogo! - ele solta meu rosto que se torna frio de novo sem o seu toque. E percebo que ele está confuso e com raiva ao mesmo tempo. Ele se levanta e fica rondando o quarto, repetindo meu nome em voz baixa, como se eu tivesse feito algo errado e ele estivesse pensando no que fazer comigo. Ele retorna e segura minhas mãos novamente.

-Felipe, eu preciso te contar uma coisa sobre o Alex, mas você não pode falar com ele que eu te contei e nem falar pra mais ninguém. Eu confio em você!- Eita, o que será que ele vai me contar? Que o Alex é um demônio e eu estava certo esse tempo todo?

-Então, Felipe... o Alex tem uma doença, é isso! Uma doença! e veio para essa cidade para o mesmo fim que você: se tratar. O nome dela é Síndrome do Riley Day. - ele diz e fico decepcionado. Só isso? Pensei que ele fosse confirmar minhas teorias. Sem contar que parece que tinha falado grego. Eu nunca ouvi sobre essa doença. O único Riley que eu conheço é o personagem da minha série preferida: Buffy a caça Vampiros. Digo isso pra ele, exceto a parte de Buffy, é claro.

-Essa doença é muito rara, Felipe. Ela afeta o sistema nervoso, agindo e prejudicando o funcionamento dos neurônios sensoriais. Eles são responsáveis por reagir a estímulos como dor, pressão, temperatura e etc. Como ela atinge esses neurônios ele não sente dor alguma, por isso não se queimou. As pessoas que tem essa doença estão sobre riscos freqüentes e não passam dos 30 anos de idade.

-Enzo, eu sinto muito... Eu não sabia, e eu prometo que não irei comentar nada com ninguém. E espero muito que o Alex consiga um bom tratamento assim como eu busco o meu. Mas tem uma coisa: ele pode até não sentir dor, mas as suas mãos saíram intactas, nem ficaram vermelhas nem machucadas. E pelo que me parece a pele externa do corpo não é atingida por essa doença... - ele mais uma vez faz a cara de confuso e surpreso, mas logo se recompõe e diz.

-Fê, você está confuso! Saiu correndo e não viu direito. A mão dele ficou um pouco machucada sim, não muito. Mas algumas partes queimaram um pouco, nada preocupante.

- Não, eu sei o qu... - a campainha toca e eu não faço a mínima idéia de quem seja, espero que seja o Alex, para eu mostrar as mãos dele pro Enzo.

- Bom, acho que o seu príncipe chegou pra te salvar. Eu liguei pro seu namorado - ele torce o nariz e faz uma cara feia ao falar a palavra namorado, é quase imperceptível, mas não pra mim. - e contei como você estava, além de pedir o Alex pra avisar ao seu chefe que você não ia trabalhar hoje. Ele disse que está tudo bem e desejou melhoras. Agora eu tenho que ir. Mas antes de ir, deixa eu te perguntar mais uma coisa: Você tem certeza absoluta que me contou tudo sobre você? Sobre os seus sintomas, os remédios e etc? - não sei o motivo dele me perguntar isso, mas eu não irei contar das minhas visões. Não há necessidade nenhuma e eu sei que ele, por mais parecido que seja, não é o homem das minhas visões.

-Tenho certeza, Enzo. - eu minto mais uma vez.

- Tudo bem então. Eu confio em você! - ele me dá um beijo na testa e se vai. E eu não consigo ignorar a voz dentro de mim que fala que eu gostaria se ele ficasse mais...

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Capítulo Revisado

Olá todo mundo que acompanha a história. Peço perdão pelo meu desaparecimento. Eu não sabia que rumo dar a história, mas agora acho que encontrei um. Espero que ainda sintam vontade de acompanhar a história.
Estão gostando? Espero que sim.
Essas coisas citadas a baixo são muito importantes para mim :

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O Rei do Inferno (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora