02| coleção de saudades

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Ricelly:

A vida é uma coleção de saudades. E o que eu posso dizer? Mexendo na minha hoje lembrei mais uma vez de algo, ou melhor, alguém que mesmo que eu quisesse não conseguiria apagar da minha memória. As vezes me pergunto o porquê fui tão idiota, imprudente, e um completo orgulhoso.

Se me perguntasse sobre tudo o que aconteceu ou o que vem acontecendo não saberia encontrar palavras ao certo para descrever absolutamente tudo. O que posso dizer? Sou pai de duas crianças lindas e realizei um dos meus maiores sonhos, agora, um homem casado com uma vida boa, uma estabilidade tanto financeira quanto na carreira a qual muito desejei, entretanto, não sou completamente feliz pois sinto que perdi o amor da minha vida. Na verdade, eu nem sei se teria como conseguir ser feliz longe dela. 

Pensar nisso é claro que me leva a pensar diretamente na Marília, ela sempre foi e sempre vai continuar sendo a única pessoa capaz de me desestabilizar por completo e eu me odeio por ter feito o que fiz com ela mas me odeio mais ainda por não conseguir lutar pela pessoa que amo tanto quanto disse que iria lutar.– abrir mão dela doeu, mas vê-la abrindo mão de mim pela segunda vez só pra que meus filhos não crescessem sem um pai presente e para que a Amanda, não ficasse desamparada esperando uma criança minha, doeu duas vezes mais.– pois tenho plena consciência de que a responsabilidade disso também era minha, e o que me mata é não saber corretamente o que ela iria falar naquele dia em que foi até o Hotel que eu estava…por mais que eu tenha uma leve ideia, ela não passa disso, de apenas uma leve suposição. Não passa de algo que o meu interior desejava fortemente pois tudo poderia ser diferente.

Penso que talvez se eu tivesse esperado mais um pouco e não tivesse tão desesperado pra conseguir tirar ela da minha cabeça, as coisas teriam sido concertadas e seria muito bom.– Viver reprimindo sentimentos não é algo legal e graças a minha falta de coragem e muitas vezes paciência, eu vivo fazendo isso desde que conheci a Marília.

Hoje, ironicamente no dia em que a minha saudade apertou mais, é o dia em que ela vem aqui.– não como antigamente mas sim como apenas uma velha amiga afim de fazer uma visita para conhecer o Miguel e a minha sobrinha Maria Clara.– e eu estava como sempre ficava quando a saudade insistia em bater em minha porta, com um copo de whisky do lado, uma carteira de cigarro e ouvindo as nossas músicas, ou as vezes, só as músicas dela simplesmente para ouvir a sua voz.– Fazia tanto tempo que não nos víamos que eu realmente não sei como reagir quando a loira chegar.– Talvez esse comportamento meu seja errado, todos aqui de casa sabem que existe um motivo pra mim ficar assim geralmente uma ou duas vezes por semana, então não me incomodam até o momento em que eu decidir sair do meu "mundo" e me "enturmar" com eles novamente, ambos só não sabem exatamente por qual motivo me recluso tento, exceto é claro, o meu irmão, a Mohana e desconfio de que a minha própria mulher. Talvez eu seja um filho da puta por sofrer por outra, mesmo estando com ela…

Acabo suspirando. Deus, era tão difícil ter que aguentar a ideia de que não deu certo, de ter que aguentar as consequências da minha decisão e da decisão dela. Por Deus, como eu queria que ela fosse a minha mulher e mãe dos meus filhos. Como eu queria estar casado com ela, como eu queria estar evoluindo ao lado dela fazendo o que amamos sem nos preocupar com absolutamente nada. Porque estaríamos completos e acima de tudo, casados. – esse sim seria o meu maior sonho, na verdade, ela era o meu sonho.

Não que eu tenha arrumado uma mulher ruim, pelo contrário, a Amanda se esforça pra ser uma boa mãe para os nossos filhos e uma boa esposa, mas não era ela a qual eu desejava ardentemente…não era ela que me fazia perder o raciocínio breve só por ouvir o seu nome e infelizmente, também não era ela a qual eu seria capaz de fazer de tudo pra vê-la bem. Infelizmente não era, sabe aquela frase que diz "nem tudo que brilha é ouro"? Pois bem, meu casamento aparentemente pode até "brilhar" aos olhos de outras pessoas, mas a riqueza mesmo de ter um lar completamente feliz, não existia. É claro que nos respeitamos, isso seria o mínimo para convivermos bem entretanto, ter apenas respeito não basta.

Droga…lembro-me automaticamente do que disse a Mendonça no dia que escolhi a deixar…e foi algo parecido com isso e essa lembrança me fez virar de vez mais um copo de whisky.

– eu sou um idiota…

– Henrique?.– ouço a voz coincidentemente da Amanda soar, me tirando dos pensamentos, a voz dela estava um pouco baixo com incerteza de que deveria mesmo estar fazendo isso ou não, afinal, ela sabia o quanto eu não gostava de ser "incomodado" quando pedia pra ficar um pouco sozinho. A olho e a vejo suspirar, o corpo meio encolhido ao estar com receio da minha reação.– eu sei que cê não gosta de ser incomodado, mas é que a Marília, a mãe dela e o Léo, chegaram. Achei que gostaria de saber…– finaliza a loira, tentando sorrir pra descontrair um pouco o clima e automaticamente eu tento me controlar pra não deixar minha respiração descompassada ao ouvir o nome dela, acabo suspirando e também forçando um sorriso por fim pra ela

– ok, eu já tô descendo. Diz que só preciso de mais dois minutos, tá? Só vou acabar de fumar o cigarro aqui pra não prejudicar as crianças.– falo e Amanda assentir, com um sorriso mais sincero dessa vez e aliviado. Acredito que seja pelo fato de eu não ter surtado como já fiz antes.

– certo, irei avisar. Não demore, a lelê também já está perguntando por você.– diz a Vasconcelos e sai por fim 

Acabo suspirando novamente e coloco o resto do cigarro em minha boca, acabando com ele em dois tragos. Solto a fumaça pelo nariz e sinto o alívio momentâneo me invadir. Lembro que a Marília odiava isso hoje em dia, antes ela até relevava e até fumava um o outro cigarro perdido comigo e com o nim, quando a mesma bebia e estava afim de ficar "doidona" é claro. – acabei sorrindo por dessa vez lembrar do seu rosto completamente vermelho e a careta feia que ela fez quando decidiu fumar e não sabia nem por onde começava, me permitindo abrir os olhos com a imagem do seu rosto e criar a coragem de ir finalmente até ela.

Ok, seja o que Deus quiser.

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Autora:: oiii gentee, olha só quem apareceu? A margarida aqui. Como cês tão?

Demorei muito né? Me desculpem, eu juro que não é de propósito. Odeio deixar vocês sem atualização por tanto tempo...

Vida de universitária e trabalhadora não é fácil hein! É só sofrimento e choro kkkk 😭

Mas enfim, eu sei que o capítulo tá pequeno mas espero que tenham gostado, eu prometo que amanhã posto mais um! E isso é sério. Obrigada por estarem ainda aqui, amo vocês. ❤️

DOIS COVARDES: Nossa Segunda Chance Onde histórias criam vida. Descubra agora