Susan secou as lágrimas, levantou-se do sofá e se dirigiu até a porta, pedindo forças para o que viria logo mais, quando seus filhos fossem informados do que havia acontecido com Emily. Ao segurar a maçaneta e abrir a porta, a morena pôde ver mais adiante da casa, seus filhos descerem da van escolar.
Os dois estudavam em escolas diferentes e como as aulas de Thomás terminavam mais cedo que as da irmã mais velha, a van o apanhava primeiro em sua escola assim como também a outras crianças, e depois ia até a escola de Bia apanhar a ela e Penélope, uma amiga da adolescente que era também sua colega de classe, além de vizinha dos Gilbert Dickinson, desde que ambas as meninas tinham seis anos de idade e a família de Penélope se mudou para a casa ao lado,
Thomás foi o primeiro a avistar Susan na porta de casa e logo correu em sua direção, deixando para trás a irmã que se despedia da amiga.
- Mãe!
O garoto se jogou nos braços de Susan que o carregou no colo e o abraçou apertado em uma nova tentativa de buscar forças dentro de si para logo mais contar aos filhos a situação em que Emily se encontrava.
Por mais complicado que fosse o caso, ela teria que contar a eles, não tinha como esconder uma coisa dessas. Ao pensar que teria que fazer isso involuntariamente as lágrimas vieram fácil. Contar a Thomás e Beatriz sobre a perda de memória de Emily seria a coisa mais difícil de se fazer. Ao desfazer o abraço da mãe para lhe contar sobre como foi na escola, Thomás viu que a mulher estava chorando.
- Mãe por que você tá chorando?
Com seus dedos miúdos, o garotinho secou as lágrimas que corriam pelo rosto da mulher.
Beatriz que naquele instante se aproximava dos dois, escutou a pergunta do irmão e no mesmo instante quis saber também o motivo da mãe está chorando.
Fazendo um esforço sobre humano para não cair na frente dos filhos em outra crise de choro compulsiva que só assustaria mais ainda seus rebentos, Susan pediu que os dois entrassem em casa, porque precisava conversar com eles. Se era para contar então que fosse logo, não tinha como adiar.
Ao entrarem, os três se dirigiram até o sofá onde se acomodaram. Bia sentou-se ao lado de Susan enquanto Thomás ficou acomodado no colo da mãe, de modo que o pequeno mantivesse contato visual com a morena.
-Sobre o quê a senhora quer conversar com a gente, mãe?
Beatriz perguntou com uma sensação de que boa coisa não era. Sua mãe estava séria e a julgar pelos olhos inchados e o nariz com a ponta avermelhado, Susan havia chorado bem mais antes de eles chegaram em casa.
- É sobre a mamãe.
Pela tensão na voz e na cara que Bia viu sua mãe fazer, a adolescente teve certeza que o assunto não era bom.
- Aconteceu alguma coisa com a mamãe? - preocupou-se imediatamente a filha mais velha.
Susan suspirou, desejando ao máximo que o ocorrido fosse um pesadelo e que o que estava prestes a contar aos filhos não fosse verdade, mas infelizmente a realidade nua e crua era aquela mesma: Emily não se lembrava deles, nem de ninguém mais!
Com uma falsa calma, ela começou a falar sendo observada com atenção por dois pares de olhos tão lindos quanto os de sua amada esposa.
-Meus amores, a mamãe de vocês está com um problema e vai precisar da nossa ajuda pra superá- lo.
- Esse problema é sério, mãe?
- Muito, Bia. A mamãe... - ela parou por uns instantes antes de continuar. Aquilo era tão difícil. Podia sentir um nó se formando na garganta e uma dor horrenda se alastrar pelo peito. Mas precisava dividir com os filhos aquele problema, ainda que um deles fosse pequeno demais para entender e dimensionar a gravidade da situação. Jamais imaginou passar por algo como aquilo ou sequer parecido. Ela perdeu a memória!
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MEMÓRIAS PERDIDAS - EMISUE
عاطفيةDuas mulheres apaixonadas e há quinze anos juntas; filhos amorosos e carinhosos; uma verdadeira família feliz. Mas uma inexplicável e súbita perda de memória vai abalar a felicidade dessas pessoas. Sem aparente razão, Emily acorda em uma manhã não s...