12 • MK & Mo

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MK

Quando um homem-porco me pedir para cuidar do seu restaurante enquanto está fora... eu vou cuidar de seu restaurante enquanto ele está fora... da próxima vez. Isso, se houver uma próxima vez!

Tentando conter as lágrimas, junto todas as coisas que as chamas não devoraram e, em pouco tempo, coloco tudo em uma carroça. Tenho que ir atrás do dono disso tudo e devolver essas coisas, tentar não ficar desesperado quando encontrá-lo pois, talvez, eu seja demitido ao contar que destruí seu restaurante.

- Como assim "talvez eu seja demitido"?! É óbvio que é o meu fim!

- Érr, com licença, garoto! Pode parar de surtar por um segundo e vir me atender?

- Sinto muito, senhor. Não tem mais restaurante - olhei para trás, na direção da origem da voz. Não vi quem falou comigo. Estou tão fora de mim que já estou ouvindo vozes.

- Olha para baixo. Isso, aqui em baixo.

- Oh, céus! Um gato que fala!

- Calma, relaxa, garoto! Eu não falo, na verdade, um cara fez esse treco para mim que traduz meus pensamentos. - O gato azul de moicano laranja me mostra uma coleira com algumas luzes piscando.

- Ahhh. Menos mal, eu acho.

- Quer ajuda com esse restaurante?

Olho para os escombros, boa parte eu tinha acabado de revirar para ver se ainda dava para salvar mais alguma coisa.

- Gostaria mas ele não existe mais, não vê, senhor gato falante?

- Eu não fal... ahh... deixa para lá. Me chame de Mo, pode ser?

- Tudo bem, Mo. Agora me diz... como faço para o dono não me matar por causa disso!

- Calma, rapaz. Primeiro, se acalme.

- C-certo. Já estou calmo - começo a tilintar, estralo os dedos, passo as mãos pelos cabelos, volto a estralar os dedos, mexo na gola da minha jaqueta...

- Não está não - o gato me encara com cara de tédio.

- Foi mal, vou tentar ficar.

- Ok. Agora, me diz como se chama.

- Pode me chamar de MK. Abreviação de "Monkie Kid" pois acredito que serei um rei macaco como conta as lendas!

- Hum. Então, MK, prometo te ajudar a restaurar isso tudo se me ajudar a chegar nesses macaquinhos.

Mo me mostra um pergaminho com a imagem de dois yokais. É inevitável sorrir de orelha a orelha. Acho que nem ouro nem diamante poderia me fazer tão feliz quanto essa imagem. Queria que o retrato do papel estivesse mais detalhado, isso iria me ajudar ainda mais! Logo questiono:

- Eles vão consertar tudo?!

- Nã- quero dizer... é claro!

Oh. Pela primeira vez na vida, sinto que sou um cara de sorte. Mal posso esperar para encontrá-los!

- Demais! Então o que estamos esperando?! Vamos atrás deles!

- Esse é o espírito, garoto! Tenho pistas de onde podem estar nesse momento. Ligue essa moto e vamos lá!

Deixo as coisas de Pigsy na minha casa e subo na moto, levando Mo no sidecar. Ainda bem que não vendi o sidecar como a pouco planejava.

- Fica de olho vivo na estrada, rapaz. Gato não tem sete vidas e muito menos você, miau!

- Estou de olho, confia - coloco o capacete e dou início a aventura. Uma hora de viagem depois e minha visão fica embasada.

- Porque está chorando? Já disse que vou te ajudar, MK - Mo diz e ronrona.

- Não é isso.

- Então o que é? Pode desabafar. Vou te entender ou pelo menos tentar.

- Só... não entendo porque não consigo fazer nada certo. Estou cansado disso. Sou um desastre, mesmo que tudo dê certo para salvar tudo que destruí, vou acabar destruíndo tudo de novo, parece que tudo que toco, vira pó.

- Ser desastrado não é o fim do mundo.

- Para mim, é como se fosse.

- Relaxa, garoto. Isso pode ser só uma fase, todo mundo muda com o tempo e-

- Obrigado, Mo - enxugo as lágrimas -, mas acho melhor focar na missão por ora.

- Você que sabe. Caso se sinta triste ou entediado, podemos conversar sobre qualquer coisa que quiser.

- Valeu mesmo.

- Sabe... meu dono fica triste às vezes e-

- Espera aí. Você tem dono? Foi o cara que fez essa coleira para você?

- Sim, tenho dono e não, não foi o meu dono que fez isso para mim, o cara que fez isso se chama Red Son.

- O filho do Demon Bull King?!

- Sim e, por favor, não grite assim, ai! Meus ouvidos são sensíveis.

- Foi mal! Sempre quis conhecer eles, a família de DBK é demais! A força do touro, as chamas sagradas do filho e a beldade corajosa Iron Fan protegeram Megapolis, anos atrás, de muitos inimigos!

- Pelo visto, você gosta muito deles mesmo, garoto.

- Nem sei se gosto deles, assim, para valer... - dou de ombros - o pouco que sei me faz ter um pouco de admiração. Gostaria de fazer algo grandioso também. Eles me inspiram.

- É um rapaz sonhador. Gostei - com uma das patinhas, Mo me dá três toques na perna, talvez seja a sua forma de me dar parabéns.

- Por aí. Hum. Me fala mais sobre o seu dono e depois me conta como conheceu Red Son.

- Bem. Nem sei por onde começar. O San-

Estava encarando Mo antes de avistar um yokai na estrada. Tento avisar o andarilho pois não consegui parar a moto nem desviar.

- Aaaaah! Macaquinho, sai da frente!

- AAAAAH!

Luz branca consome a minha visão. Será que morri? Uma dor se alastra pelo meu corpo confirmando o quão vivo estou. Me coloco de pé assim que possível e logo avisto Mo, ao longe, fazendo o mesmo. O macaquinho não levanta, mal se mexe.

- É o Wukong ou o Macaque?! - aponto trêmulo.

- Nem um nem o outro!

- E agora? Precisamos levar ele para o médico!

- Sem sombra de dúvidas!

Assim que me abaixo para tocar o corpo do macaquinho, ele salta para longe de mim:

- Fiquem longe de mim!

- Calma... só queremos ajudar - Mo se aproxima.

- Espero que sim... estou fugindo.

- Pode nos contar o que houve? - me sento perto da moto, verificando se tem algo faltando e, por sorte, ainda dá para dirigir nela sem problemas.

- Não sei se posso confiar em vocês.

- Ok. Assim que confiar em nós 100% pode nos contar - levanto batendo a poeira das roupas.

- Como se eu fosse com vocês sabe-se lá onde.

- Vai mesmo ficar aqui no meio do nada? - Mo lambe uma patinha.

O macaquinho suspira enquanto massageia o braço machucado:

- Tudo bem, eu vou com vocês. Mas só até o vilarejo mais próximo.

- Como você se chama? - coloco a moto de pé.

- Kongo.

Wukong & MacaqueOnde histórias criam vida. Descubra agora