1 • Dois yokais e uma lenda

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Dentes-de-leão flutuam no ar, divertindo um pequeno povoado de yokais macacos, os ventos oceânicos os embalam junto das sementes felpudas na ilha conhecida como Montanha das Flores e Frutas. Vários macaquinhos pulam nas suas lagoas e nascentes, espirrando água nos mais velhos, alguns outros travessos se sacodem nos galhos, derrubando frutas em qualquer um que esteja de baixo das árvores. Porém, apesar de toda essa energia, nenhum deles pode superar em travessuras os dois novatos da tribo.

No topo da montanha de mesmo nome da ilha, surgiu um ovo de pedra. Nenhum habitante sabia que aquela pedra gestava um macaco especial por vários anos. No surgir de uma noite, ela rachou e abriu, liberando ele para a terra. O macaquinho recém-nascido abriu seus olhos e feixes de luz saíram deles, essas luzes atingiram o céu, deixando qualquer habitante celestial em alerta. Deram de ombros quando, ao investigar, descobriram que era um macaco do tipo sobrenatural, ou seja, um yokai. Pensaram que ele pudesse ser especial mas nem tanto para se preocuparem, pensando assim, resolveram voltar aos seus afazeres, como cuidar dos palácios celestiais. E assim foi, enquanto isso, a luz do macaquinho foi diminuindo na medida em que ele foi se alimentando.

Na mesma noite, um único fruto roxo de uma árvore rara, amadureceu e caiu no solo. Por estar muito madura, ela abriu assim que alcançou o chão. Dela, saiu um macaquinho. Ele era tão escuro quanto a noite sem luar e ficou um pouco mais claro quando passou a se alimentar. Ambos yokais primatas especiais, com mais poderes do que os outros da ilha, foram gerados pelas energias do Sol, da Lua e da Terra por muito tempo e ninguém havia explorado seus berçários a ponto de destruir os ovos que os geraram.

Não demorou muito para os macaquinhos encontrarem uma tribo. Quando o yokai macaquinho ruivo se encontrou com o yokai macaquinho negro, foi o início da falta de paz de vários moradores da ilha.

- Só falta mais um pouco... - Macaque estica seu braço para tentar alcançar uma pera do tamanho da sua cabeça. Frutas grandes assim crescem em abundância na região.

- Deixa de ser guloso! - diz risonha, uma yokai macaquinha que passa por perto da árvore onde o macaco preto se equilibra para alcançar seu lanche.

- Eu ainda não comi nenhum! - Macaque fala com o nariz ainda com restos da fruta.

- Pensa que engana quem? - a macaquinha ri. - É melhor descer, heim! Está vindo um temporal, não vai querer ficar preso em um lugar como esse, na chuva.

Macaque não quis saber de avisos. A yokai vai embora.

- Só mais um pouco... - ele continua tentando, seus dedos finalmente alcançam o que queria. - Consegui!

Ele se farta o mais rápido possível da pera, depois de botar toda para dentro, tenta descer da árvore mas seu calcanhar engancha nos galhos.

- Ah não! Estou preso!

Puxa o pé. Tenta sair por minutos e a chuva anunciada não tarda a chegar. Vendaval arrasta folhas, água começa a se acumular abaixo de si no cair das primeiras gotas. Transtornado e ensopado, vê a árvore em que está ser arrancada do solo pela correnteza formada pelo grande fluxo de chuva.

- Yaaaaah!

Macaque continua tentando se desprender da jangada natural até um outro yokai surgir e lhe puxar para cima de um monte de terra ainda longe de ser encoberto pelas águas.

- Te salvei! - Wukong comemora, sorridente.

- Ai, valeu... - Macaque ainda abraça uma pera. Nem tinha percebido que, no meio de seu desespero, havia agarrado a fruta.

- Meu pagamento? - Wukong estende as mãos para pegar a pera.

- Um herói não deve cobrar pelos seus serviços! - Macaque se afasta abraçando ainda mais o prêmio de seus esforços. Wukong pensa se é uma boa ideia tomar a pera dele a força. Nesse meio tempo, Macaque muda de ideia e arranca um pedaço, dá para seu amigo.

Wukong & MacaqueOnde histórias criam vida. Descubra agora