Capítulo 2

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Reino de Isis


Acordei com gosto de sangue doce na boca. Era o sangue da Tay. Senti emanar dela, lealdade, amor, amizade, tristeza e dor, uma dor profunda, no qual me tirou o fôlego. Eu abri os olhos e os arregalei, olhando os olhos cobaltos dela na minha frente, chorosos.

''Tão linda e tão triste. '' sussurrou Bastiam.

''Milly, diga que eu a amo'' pediu Johnny com a voz trêmula.

Eu tirei a minha boca do braço dela e me sentei na cama, preocupada. Talila estava sentada na minha frente com um vestido branco e com várias pedrinhas brilhantes. Acho que eram diamantes, também tinha um no formato de uma flor da lua na região da barriga. O vestido era de uma alça só. Seus cabelos estavam soltos com uma coroa de brilhantes na cabeça. Ela estava de olhos fechados e chorava.

— Eu machuquei você? — perguntei preocupada.

Ela negou com a cabeça e me abraçou forte, e desatou a chorar. Fiquei ali alisando os seus cabelos e suas costas por um momento, depois me afastei dela e olhei os seus olhos tristes e marejados.

''Milly fala para ela que eu a amo.'' repetiu o Johnny.

''Eu não posso, tenho que falar com ela primeiro'' declarei.

''Falar o quê? Olha o estado dela...'' eu o senti se encolhendo.

— Tay desabafa — sussurrei. — Vai ser melhor.

Ela me fitava.

— Sabe, eu nunca amei ninguém na minha vida, não homens assim você sabe... eu achava que quando isso acontecesse comigo, estaria casada e seriamos felizes; alguém como eu da mesma origem. — Ela limpou as lágrimas e se levantou olhando ao redor do quarto.

Eu estava em um quarto branco com as paredes de pedras, mas pintado de branco. Quase igual ao que fiquei quando estive ali da outra vez. Tinha um armário de madeira branca, uma mesinha de cristal com vasos de flores sobre ela. As janelas eram de vidros de cima abaixo e dava para uma varanda. O parapeito era na forma de um arco esticado, e estava cheios de trepadeiras, mas com flores coloridas. A cama de casal era de madeira branca.

Tay estava de pé ao lado da sua mesinha e pegou algo nas mãos, e jogou com toda força no espelho, que ficava ao lado da cama. Ele era de cristal nas laterais dele e ocupava a parede central inteira, igual do outro quarto. O espelho rachou ao meio, mas não virou cacos, ainda permaneceu na parede, mas trincado e cheio de rachaduras.

O que Tay fez pegou todos os vampiros de surpresa, inclusive a mim, que fiquei de olhos arregalados. O comportamento dela era sempre tão calmo e agora ela fazia isso com o coitado do espelho?

''Ainda bem que não estava lá Johnny ou seria em você.'' Anabelle falou. ''Se fosse comigo, seria muito pior. ''

— Tay. — Eu me levantei e quase cai ao pisar na barra do vestido. O vestido era longo até os pés, e vermelho com alças finas e com decote caído entre os seios. — Por que fez isso?

Ela se virou para mim e sorriu, mas era um sorriso sem vida.

— Vi isso em um filme, o cara troca a mulher por outra e ela...

— A mulher quebra o espelho? — sondei olhando o espelho.

— Na verdade, ela pegou o objeto e jogou na cabeça dele e da garota. — Ela estendeu as mãos para um jarro de cristal cheio de água, no qual se encontrava na mesinha de cabeceira; e a água saiu flutuando em direção ao grande espelho sem ao menos cair pelas frestas, e onde a água passava o espelho ficava intacto e perfeito. — Mas acho que isso não adiantaria em nada para os dois já que são vampiros.

Eclipse das luasOnde histórias criam vida. Descubra agora