Capítulo 21

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Maiara destrancava seu apartamento com dificuldade. Suas duas mãos ocupadas com a bagagem tentavam firmar as chaves na fechadura. Girou a maçaneta com o cotovelo e abriu finalmente a porta. Era um apartamento pequeno, mas muito organizado, como ela. Logo ao lado da porta de entrada, estava a porta que acessava a cozinha. Mais à frente, a sala com um painel à esquerda e à direita, um sofá. No fundo, uma mesa de vidro, uma cortina e a porta que saía para a sacada. O quarto de Maiara ficava no corredor íntimo e possuía uma cama de casal, uma TV e um guarda roupa enorme com portas de correr de vidro, que não era suficiente para armazenar todas as suas roupas e sapatos. Ela apoiou a mala na parede ao lado do sofá e se jogou nele, de braços abertos. Fechou os olhos e apreciou o cheiro de sua casa, abraçou suas almofadas e quase cochilou. Tinha sido uma viagem tranquila, mas de qualquer modo, era sempre desgastante dirigir 50 km em uma rodovia movimentada. Ela se levantou, ligou para os pais avisando que havia chegado bem, tirou a roupa e desmanchou sua mala, vestida apenas com uma lingerie confortável. Decidiu comunicar-se com a chefe apenas no dia seguinte. Aproveitaria aquela tarde para curtir o retorno para sua casa. Assistiu filmes na TV, dormiu um pouco e agradeceu mentalmente por estar de volta.

A rotina de Gustavo naquele dia não foi muito diferente. Aproveitou pra repor seu sono em dia, dormiu quase a tarde toda. Deixou pra revisar seu artigo mais tarde, quando acordasse renovado. Passava das oito da noite quando Gustavo despertou, esparramado em sua cama. Abriu a mala em busca de uma cueca limpa. A primeira peça que se destacou aos olhos dele foi a camiseta que ela devolveu a ele, da madrugada anterior. Gustavo lembrou-se dela imediatamente. Cheirou cada pedaço da camiseta. Lembrou-se do momento em que pediu a ela que ligasse pra avisar que chegou bem em casa e óbvio que ela não havia ligado. Decidiu que ele mesmo tomaria a iniciativa. Não tinha o telefone dela registrado em seu celular, mas tinha uma agenda com o telefone de cada membro da redação, tinha certeza que o dela estaria lá. Fuçou as gavetas do escritório de sua casa, encontrou a agenda e o nome dela. Decidiu ligar no número do telefone fixo dela, era mais garantido que não havia mudado. Discou e aguardou enquanto o telefone chamava.

Maiara preparava um omelete quando ouviu o telefone tocar. Lavou as mãos rapidamente e correu até ele. Tinha acabado de tomar banho e vestia uma blusinha branca justa, uma calcinha estampada de joaninhas e uma meia colorida listrada, até o meio da canela. Os cabelos estavam presos em um coque. Se jogou de bumbum pra cima no sofá e atendeu, achando que eram seus pais.

- Alô?

Gustavo demorou a responder. Por algum motivo estranho, Maiara percebeu imediatamente que era ele do outro lado da linha e estremeceu.

- Alô? – ela repetiu.

- Achei que eu tivesse sido bem claro quando pedi pra me ligar quando chegasse em casa. – Maiara fechou os olhos e sorriu.

- Eu tive muito mais o que fazer do que ficar atendendo seus pedidos.

- Tipo...? – ele foi reticente.

- Tipo, várias coisas. Desarrumar minha mala, descansar... Lamento em informar, mas você está atrasado com a sua cobrança. Já fazem cinco horas que cheguei em casa.

Gustavo riu e ela ouviu a risada dele.

- É que eu entrei em casa e praticamente engatinhei até a cama. Estava morto e dormi o dia inteiro. Agora que acordei e fui desfazer minha mala, vi uma certa camiseta embolada e me lembrei de você... Seu cheiro ainda está impregnado. – ela mordeu na boca ao ouvi-lo falando da camiseta.

- Lave suas roupas, Gustavo. Preciso desligar.

- Não, espera! O que está fazendo?

A aposta -  Adaptação maiotoOnde histórias criam vida. Descubra agora