Capítulo 27

183 29 1
                                    

Já era fim de tarde, quase encerrando o expediente. Gustavo bebia a terceira xícara de café em menos de uma hora. Maiara não havia aparecido lá novamente naquela tarde. O burburinho da promoção dela já havia se espalhado entre todos. Lúcia saiu da sala dela e foi até o corpo da redação, onde quase todos os funcionários trabalhavam.

​- Pessoal, acho que todos já estão sabendo que a minha sucessora será a Maiara... E não adianta ninguém fazer cara de surpresa, sei muito bem que a notícia corre rápido por aqui e todo mundo já está sabendo... – todos riram, inclusive Gustavo. – Então, eu fiz uma reserva em um restaurante que ela gosta hoje à noite. É surpresa pra ela, vai ser uma espécie de happy hour, serão as boas vindas dela e a minha despedida, apesar de que eu só me despeço oficialmente daqui duas semanas, mas enfim, espero que todos estejam presente! – Ela passou ao lado da mesa de Gustavo, cutucando com as duas mãos no ombro dele.

Gustavo entendeu como um recado. Compreendeu perfeitamente do que se tratava. Mas ficou indeciso. Não estava decidido se ia. Não sabia se era a melhor coisa a se fazer. Ainda estava muito recente, a ferida muito aberta. Mas, por outro lado, esse era um dia em que ela estaria feliz. Talvez, aproximar-se naquelas circunstâncias seria mais fácil... Gustavo se lembrou que há uma semana atrás, eles estavam juntos. Na sexta feira anterior, tomaram banho juntos pela primeira vez e transaram no chuveiro. Ele quase podia sentir as mãos dela apertando suas costas molhadas e escorregadias e a voz dela gemendo em seu ouvido, enquanto ele a penetrava. Gustavo esfregou o rosto, em uma tentativa de interromper aquele pensamento que o trazia uma tristeza e uma saudade imensa. Estavam felizes, mal sabiam que na semana seguinte tantas coisas aconteceriam e eles estariam agora, separados. Gustavo olhou no relógio. Viu que já estava na hora de ir embora, rapidamente arrumou sua mesa e foi pra casa.

​Alguns minutos depois, Maiara manobrava o carro acelerada no estacionamento da empresa. Estava voltando só pra pegar seus cartões de crédito, que ela havia esquecido na gaveta de sua mesa. Desceu do carro, torcendo pra que a porta da redação ainda estivesse destrancada e ela não precisasse pedir a cópia da chave para o porteiro. Subiu o elevador e notou que ainda haviam luzes acesas na redação. Olhou rapidamente e não viu ninguém, mas nem estranhou, podiam ser os meninos da impressão, que eventualmente ficavam fora do expediente finalizando o trabalho. Vasculhou sua gaveta e sentiu alguém se aproximar ao seu lado. Alice.

​- Maiara...

Ela olhou pra Alice, um pouco surpresa. Mas imediatamente, a fúria subiu-lhe pela cabeça. Não suportava mais olhar pra cara daquela dissimulada. Nem respondeu, virou a cara e continuou fuçando em sua gaveta.

​ - A gente pode conversar?

Maiara olhou pra ela.

​- É sobre trabalho?

​- Não, é que... - Maiara interrompeu-a, imediatamente.

​- Então não, a gente não pode conversar.

​- Você não quer nem me ouvir?

​- Não, eu não quero porque eu já sei o que você vai me falar. Vai me pedir desculpas, vai dizer que não foi sua intenção me prejudicar, que você só estava tentando me proteger e mais meia dúzia de asneiras, que é sua especialidade. Acontece que eu sou menos burra do que você pensa. Eu sei muitíssimo bem que você está desesperada porque agora eu vou ser sua chefe e você está tentando se retratar. Eu recomendo que você desista de tentar fazer isso, comigo não funciona. Outra coisa que te recomendo: arrume um macho pra ocupar sua cabeça, pra você parar de se preocupar comigo, acho que é disso que você está precisando. – Alice ficou parada, com os olhos arregalados olhando pra Maiara. – Pronto, era só isso? – Maiara questiona, olhando pra ela.

A aposta -  Adaptação maiotoOnde histórias criam vida. Descubra agora