Capítulo 40 - EPÍLOGO

251 22 5
                                    




A noite estava quente e o céu levemente estrelado. As luzes dos faróis salpicadas em toda a extensão da avenida. Concentrada em se desvencilhar do engarrafamento, Maiara corria os olhos pelos três retrovisores do carro. Com muito esforço, ela conseguiu passagem e acessou a via marginal da pista e respirou aliviada por ter se livrado daquele caos.

- Mãe?

- Oi?

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro!

- Como você soube que estava apaixonada pelo meu pai?

Maiara sorriu e sacudiu a cabeça. Puxou na memória uma série de lembranças, mas nenhuma foi suficiente pra definir exatamente o que a filha queria ouvir.

- Ah, Luiza... Foi uma sucessão de acontecimentos, quando eu vi, eu já estava apaixonada... Mas eu não sei te falar exatamente como foi... Faz tanto tempo... mas eu me lembro de tudo!

- E o que você sentia? Como era?

Maiara girou o pescoço e olhou pra ela, sorrindo.

- Hum... essas perguntas... Tem algum garoto te despertando esse tipo de curiosidade? Pode falar pra mamãe, filha.

Luiza abaixou a cabeça, ligeiramente constrangida. Maiara a observava.

- É... mais ou menos. Ele é... lá do colégio, mas não da minha sala. Mas a gente nem ficou. Eu estava pensando se, talvez... é... eu posso chamar ele pra ir amanhã, mãe?

- Claro, amor! Lógico que pode, é a sua festa de 15 anos e você pode chamar quem você quiser! – Maiara falou enquanto estacionava em frente a portaria de um condomínio.

Luiza desafivelou o cinto e sorriu. Trespassou os braços ao redor do pescoço de Maiara.

- Ai, mãe! Obrigada!

Maiara ficou comovida e retribuiu o abraço.

- Não precisa agradecer, minha filha. – ela deu um beijo carinhoso no rosto de Luiza. – Bom proveito! Juízo! – a menina abriu a porta do carro - Não se esqueça do horário que combinamos! Ah, outra coisa: O Théo está em um barzinho com uns amigos, ele está de carro. Liga pra ele, se for o horário que ele estiver indo pra casa, ele já te busca e economiza viagem.

- Ah não, mãe! Toda vez que eu venho pra casa de alguma amiga e meu irmão me busca, ele fica me fazendo interrogatório! Detesto! Mas fazer o que, eu ligo pra ele... – ela desceu do carro.

Maiara aguardou que Luiza entrasse e batesse o portão. Arrancou com o carro e dirigiu, retornando pra casa. Pensou em quão emocionante era assistir a filha crescer, galgar seus próprios degraus, descobrir novos sentimentos e novos desafios em sua vida. Ficou orgulhosa de saber que ela confiava na mãe para dividir seus desejos e incertezas. Via muito de si mesma e de seu temperamento na filha. Pensou um pouco no passado, nos filhos pequenos e em como tempo, de repente, voou assustadoramente. Mas a concentração no trânsito acabou impedindo que ela prosseguisse com seus devaneios. Por sorte, atalhou por um caminho que estava mais tranquilo e menos movimentado. Rapidamente, já estava em casa, entrando com o carro pelo portão da garagem. Viu que as luzes da casa estavam todas acesas. Franziu a testa. A empregada estava de folga e os dois filhos estavam fora, não havia explicação para tantos cômodos acesos. Desceu do carro e caminhou até a porta de entrada. Notou que estava destrancada. Empurrou e viu no tapete um papel. Era a letra dele. Sorriu.

Coisas que você nem imagina que eu acho sexy em você:


Maiara sacudiu a cabeça. Fechou a porta e passou a tranca. Atravessou a sala lentamente, vestindo um jeans claro e uma regata branca mais larga. No pé do primeiro degrau da escada, um novo bilhete:

A aposta -  Adaptação maiotoOnde histórias criam vida. Descubra agora