Capítulo 12

224 28 0
                                    




Eram nove horas da manhã. O sol invadia sutilmente o quarto através das cortinas que vedavam a janela. Maiara despertou e tapou o rosto com um travesseiro. Sentiu preguiça e uma enorme falta de vontade e inspiração para escrever naquela manhã. Levantou-se alguns minutos depois, caminhou até a mala que estava numa prateleira baixa, dentro do guarda roupa. Fuçou, procurando um livro de literatura que tinha certeza que havia levado para quando precisasse se distrair um pouco. Revirou as roupas e se deparou com seu biquíni, aleatório dentro da mala. Abriu de leve a cortina e percebeu que o dia estava maravilhoso, ideal para um banho de piscina. Não pensou duas vezes, vestiu sua roupa de banho e uma saia curtinha, calçou os chinelos e desceu com a toalha na mão e óculos escuros. Já no deck da piscina, deixou a saia cair até repousar em seus pés. Deu um passo para o lado, se desvencilhando da peça de roupa. Soltou o cabelo, deixando que ele cascateasse por suas costas. Se posicionou no meio da piscina e saltou de ponta, mergulhando completamente dentro da água.

                Gustavo lutava contra a insônia. Remexia de um lado para o outro na cama quando ouviu o barulho de alguém pulando na piscina. Levantou a cabeça rapidamente, para certificar-se de que não era uma impressão. Voltou a ouvir barulho de pés batendo na água e então teve certeza. Pulou da cama, correndo até a janela. Abriu uma fresta da cortina e viu Maiara no fundo da piscina, nadando até a borda contrária de onde provavelmente ela tinha pulado. Gustavo sentiu uma incontrolável vontade de continuar ali, observando-a sem que ela percebesse. Maiara subiu até a superfície, apoiando os braços na borda. Os cabelos ruivos e molhados reluziam no sol. Dentro da água, ela deslocou-se para a escada da piscina. Subiu lentamente de forma sexy, mas foi involuntário. Gustavo  ficou hipnotizado. O corpo dela era maravilhoso. Vestia um biquíni laranja, que realçava o tom de sua pele. Ela desfilou por toda a extensão da piscina, até chegar nas cadeiras de sol. Esticou a toalha, ajustou o encosto e estirou-se de frente sobre a cadeira. Da janela, analisava cada detalhe dela. Seu coração batia acelerado no peito e ele sentiu um nervosismo incomum. Levemente excitado, arrancou a sunga de dentro da mala e se organizou para um banho de piscina também. Foi até a varanda, pé por pé para que ela não notasse sua chegada. Desceu as escadas até a piscina vagarosamente. Repousou a toalha e os chinelos no chão sorrateiramente. Pegou impulso, correu até a piscina e saltou abraçando as pernas, fazendo com que espirrasse água para todos os cantos. Surpreendentemente, Maiara não ficou irritada. O calor estava insuportável e os respingos a fizeram refrescar-se. Gustavo nadou até a borda da piscina e parou de frente para ela, sorrindo.

                - Se é dia de folga pra você, presumo que é pra mim também.

Ela levantou a cabeça pra olhar para ele, tentando tapar o sol com a mão em cima dos olhos. 

                - Invejoso. – Ela franziu a testa e sorriu em seguida.

Gustavo perdeu o fôlego olhando para aquele sorriso dela. Ela estava mais linda naquele dia e naquelas circunstâncias. Ele estremeceu ao pensar nisso. Mergulhou novamente, tentando não transparecer a ela o deslumbramento. Nadou até a escada, subiu e caminhou em direção a Maiara. Por baixo dos óculos escuros, ela o fitava incrédula. Era o homem mais lindo que ela já havia visto pessoalmente, de sunga e molhado. Um frio na barriga a invadia cada vez que ele chegava mais perto. Maiara estava assustada com as próprias reações. "O que está acontecendo comigo? Socorro!" Ele sentou-se no chão ao lado da cadeira dela, abraçando as pernas. Girou o pescoço e olhou pra Maiara.

                - Você vai se sentar aí, no chão? – ela questionou.

                - Vou. Prefiro do que ficar esticado nessas cadeiras.

                - E vai ficar aí me olhando?

                - Vou também. Paga pra te olhar?

Ela revirou os olhos e sacudiu a cabeça negativamente, achando graça. Ele sorriu e se virou para frente, olhando para a piscina.

                - Quantos anos você tem? – ele perguntou, sem olhar para ela. Maiara levantou a cabeça, olhando para ele declaradamente surpresa com o questionamento. – Antes que você me taque uma pedra: foi só uma pergunta. – Ele sorriu.

                - Trinta.

                - Ah...

Ficaram calados alguns segundos.

                - Você não quer saber a minha idade? – ele perguntou, fazendo com que ela gargalhasse.

                - Não. – Ele também gargalhou com a resposta dela.

                - Tá, mas eu falo mesmo assim. Tenho vinte e nove.

Olharam um para o outro sorrindo, cruzando os olhares. Maiara rapidamente desviou o olhar, um pouco constrangida. pensando nos colegas de trabalho da redação no Rio. Se contassem, jamais acreditariam que duas pessoas que não podiam nem ser cruzar nos corredores do ambiente de trabalho estavam agora sentados lado a lado na borda de uma piscina, ora conversando despretensiosamente, ora mantinham silêncio e desfrutavam apenas da companhia um do outro. Ela teve a sensação de que ele estava pensando na mesma coisa que ela em alguns momentos, mas preferiu ignorar esse devaneio. Sentiu uma sensação agradável. Tentava driblar a estranha empolgação de estar perto dele com a sensação de culpa por estar abrindo uma brecha para que ele trapaceasse na acirrada disputa pelo cargo. Em alguns momentos, estava certa de que ele era uma boa pessoa e que ela não precisava mantê-lo em uma distância segura. Em outros, tinha medo de que aquela "relação harmônica" que ele tentava nutrir fosse pretexto para derrubá-la. Ele era muito misterioso. Mas a provocava uma perigosa palpitação e tremor nas pernas quando se aproximava ou dirigia a palavra a ela. Maiara tentava a todo custo controlar-se, mas era inevitável. Porque ela sentia aquilo? O que esse homem tinha que a desestabilizava dessa forma? Muitas perguntas, nenhuma resposta, mas uma repentina sensação de alegria de estar ao lado dele. Jamais dividiria aquilo com ninguém. Preferiu guardar pra si a lembrança daquela manhã diferente e encantadora.

A aposta -  Adaptação maiotoOnde histórias criam vida. Descubra agora